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Clima

Mais de 40% das plataformas de gelo antárticas perderam massa em 25 anos, diz estudo

Em estudo publicado na revista Science Advances, cientistas analisaram mais de 100.000 imagens de radar via satélite para avaliar o estado das 162 plataformas de gelo contabilizadas na Antártica

Geleira na AntárticaGeleira na Antártica - Foto: Unsplash

Mais de 40% das plataformas de gelo flutuante na Antártica perderam volume em 25 anos, aumentando o risco de elevação do nível do mar, afirmaram cientistas nesta quinta-feira (12).

As plataformas são extensões das camadas de gelo que cobrem grande parte da Antártica, e que flutuam nos mares que banham o vasto continente gelado, ecologicamente frágil.

Elas atuam como "tampões", que estabilizam as enormes geleiras, desacelerando seu fluxo de degelo para o oceano.

Quando as plataformas de gelo encolhem, estes tampões se fragilizam e a taxa da perda de gelo das geleiras aumenta.

Em um estudo publicado na revista Science Advances, nesta quinta-feira, os cientistas analisaram mais de 100.000 imagens de radar via satélite para avaliar o estado das 162 plataformas de gelo contabilizadas na Antártica.

Eles descobriram que o volume de 71 delas diminuiu entre 1997 e 2021.

"A aceleração do degelo das geleiras devido à deterioração das plataformas de gelo adicionou uns seis milímetros ao nível do mar global desde o início do período estudado", disse Benjamin Davison, pesquisador da Universidade de Leeds, na Grã-Bretanha, que liderou o estudo.

Embora a Antártica só contribua em 6% com o aumento total do nível do mar, "poderia aumentar substancialmente no futuro se as plataformas de gelo continuarem se deteriorando", disse à AFP.

Os quase 67 trilhões de toneladas de gelo que se fundiram no oceano durante este quarto de século foram compensados com a produção de 59 trilhões de toneladas adicionais, o que representa um balanço líquido de 7,5 trilhões de toneladas de água doce derretida.

"Esperávamos que a maioria das plataformas de gelo passassem por ciclos de encolhimento rápido, mas de curta duração, e em seguida se regenerassem lentamente", disse Davison.

"Ao contrário, vemos que quase metade delas está encolhendo sem sinais de recuperação".

Sem o aquecimento provocado pelas atividades humanas, parte do gelo teria se regenerado nas plataformas da Antártica ocidental, devido a uma variação natural nos padrões climáticos, acrescentou.

'Desgaste constante'
Diferentes ventos e correntes oceânicas afetam a Antártica, o que provoca mudanças desiguais.

Quase todas as plataformas de gelo da Antártica ocidental perderam volume, ao serem expostas a águas mais quentes que as erodiram por baixo.

Só na plataforma de gelo Getz ocidental, o degelo na base foi responsável por 95% da perda líquida de 1,9 trilhão de toneladas de gelo.

O desprendimento de pedaços de gelo que vão parar no oceano, um fenômeno conhecido como 'calving', fez o resto.

Anna Hogg, professora da Universidade de Leeds e coautora do estudo, disse que 48 plataformas de gelo perderam mais de 30% de sua massa inicial durante o período.

Na Antártica oriental, as plataformas de gelo se mantiveram, em sua maioria, iguais ou cresceram devido a uma faixa de água fria ao longo da costa que as protegeu das correntes mais quentes.

"Estamos vendo um desgaste constante, devido ao derretimento e ao desprendimento... Esta é mais uma evidência de que a Antártica está mudando porque o clima está esquentando", acrescentou Hogg.

O derretimento das plataformas de gelo poderia ter implicações importantes para a circulação oceânica global, que transporta nutrientes vitais, calor e carbono a partir do ecossistema polar.

A água doce adicional poderia ter diluído as águas densas e salinas do oceano Austral, tornando-as mais leves, atrasando seu processo de afundamento e enfraquecendo potencialmente a corrente oceânica global.

"O oceano absorve grande parte do calor atmosférico e o carbono, e o oceano Austral que circunda a Antártica é o maior contribuinte, razão pela qual é um regulador enormemente importante do clima global", disse Davison à AFP.

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