Mais de meio milhão de pessoas em Gaza enfrentam 'fome catastrófica', afirma a ONU
Israel impõe restrições ao fornecimento de alimentos, água e combustível para o território, como parte de sua guerra contra o Hamas
Mais de meio milhão de pessoas em Gaza enfrentam uma "fome catastrófica", disse a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira, uma vez que as restrições impostas por Israel ao fornecimento de alimentos, água e combustível para o território, como parte de sua guerra contra o Hamas, continuam a cobrar um alto preço.
A agência das Nações Unidas que coordena a ajuda aos refugiados palestinos, conhecida como UNRWA, acrescentou que as instalações de saúde de Gaza foram dizimadas e renovou seu apelo por um cessar-fogo humanitário para facilitar a entrega de ajuda.
Uma porta-voz da agência, Juliette Touma, visitou Gaza e aparece em um vídeo que a ONU divulgou nesta terça-feira, mostrando pessoas deitadas no chão em instalações médicas superlotadas e recebendo tratamento rudimentar para ferimentos. O vídeo também mostra famílias fazendo fila para conseguir comida e vivendo em moradias improvisadas.
— Essas não são condições adequadas para seres humanos — afirmou Touma, acrescentando que a situação era "absolutamente desesperadora".
A agência disse que sua capacidade de fornecer ajuda foi impedida pelos intensos combates e pelos apagões das redes de telefonia celular de Gaza durante dias seguidos, bem como pelas restrições à sua capacidade de se deslocar pelo território e chegar aos hospitais.
"À medida que o risco de fome aumenta", as Nações Unidas "pedem um aumento crítico no acesso humanitário", disse Touma em um post separado no X, antigo Twitter.
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As autoridades de saúde palestinas disseram nos últimos dias que o número de pessoas mortas em Gaza desde que Israel iniciou sua campanha contra o Hamas havia ultrapassado 25 mil. Segundo as Nações Unidas, 70% das pessoas que morreram, ou cerca de 17.500 pessoas, eram mulheres e crianças.
O governo israelense afirma que está fazendo todo o possível para evitar vítimas civis e culpa o Hamas, que liderou um ataque a Israel em 7 de outubro, no qual cerca de 1.200 pessoas foram mortas, por colocar civis em risco.
Israel, que impôs um cerco ao território logo após o início de sua campanha, argumenta que o Hamas esconde suas forças em áreas civis e possui infraestrutura militar e postos de comando em túneis sob hospitais e outros edifícios públicos. Mas sugeriu que os relatos de um desastre humanitário em Gaza são exagerados.
— O abuso cínico do Hamas da infraestrutura médica e de outras infraestruturas humanitárias tem a intenção de fazer parecer que há uma crise humanitária na Faixa de Gaza — disse na segunda-feira o coronel Elad Goren, chefe da agência israelense que supervisiona a política para os territórios palestinos.
De acordo com Goren, Israel estabeleceu seis hospitais de campanha em Gaza e facilitou a entrada de mais de 1.100 caminhões transportando mais de 13 mil toneladas de suprimentos médicos.
Os trabalhadores humanitários alegam que é necessária uma ajuda muito maior para amparar de forma significativa os 2,2 milhões de habitantes de Gaza em meio à terrível escassez de alimentos, água e suprimentos.