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MUNDO

Mais de mil são detidos na Turquia em protestos contra a prisão de prefeito de Istambul

Manifestações começaram após detenção do principal rival do presidente turco e já se espalharam para mais de 55 das 81 províncias do país

Polícia turca usa spray de pimenta para dispersar protesto em apoio a Ekrem Imamoglu, prefeito deposto de Istambul, em 23 de março de 2025 Polícia turca usa spray de pimenta para dispersar protesto em apoio a Ekrem Imamoglu, prefeito deposto de Istambul, em 23 de março de 2025  - Foto: Kemal Aslan / AFP

A polícia turca prendeu mais de 1.100 pessoas, incluindo jornalistas e advogados, desde o início da onda de protestos desencadeada pela prisão do popular prefeito de Istambul e principal rival do presidente Recep Tayyip Erdogan.

As manifestações começaram em Istambul após a detenção de Ekrem Imamoglu na quarta-feira e, desde então, se espalharam para mais de 55 das 81 províncias da Turquia, tornando-se os maiores protestos em mais de uma década.

O popular prefeito, de 53 anos, era considerado por muitos como o único político capaz de derrotar Recep Tayyip Erdogan nas urnas, após mais de duas décadas no poder.

 

Em apenas quatro dias, ele passou de prefeito de Istambul – cargo que lançou a ascensão política de Erdogan décadas antes – a ser preso, interrogado, encarcerado e destituído da prefeitura, devido a uma investigação por corrupção.

Imamoglu, que foi oficialmente destituído do cargo no domingo, passou sua primeira noite na prisão de Silivri, nos arredores de Istambul.

Apesar de sua prisão, ele foi eleito no domingo, por ampla maioria, candidato do CHP, principal partido da oposição, para as eleições presidenciais de 2028, recebendo 15 milhões de votos.

Segundo analistas, foram as iminentes primárias que desencadearam a prisão de Imamoglu, principal adversário político de Erdogan, que domina a política turca desde 2003, primeiro como primeiro-ministro e depois como presidente.

A polícia prendeu mais de 1.133 pessoas por “atividades ilegais” desde o início dos protestos, informou o ministro do Interior, Ali Yerlikaya.

Dez jornalistas turcos, incluindo um fotógrafo da AFP, foram presos na segunda-feira em suas respectivas residências em Istambul e Izmir (oeste), a terceira maior cidade do país, por “cobrir os protestos”, segundo a associação turca de defesa dos direitos humanos MLSA.

“O que está sendo feito contra membros da imprensa e jornalistas é uma questão de liberdade. Nenhum de nós pode permanecer em silêncio diante disso”, denunciou Dilek Kaya Imamoglu, esposa de Imamoglu, na rede social X.

'Vencerei esta guerra!'
Como nas noites anteriores, no domingo, dezenas de milhares de pessoas voltaram a lotar os arredores da prefeitura de Istambul, onde houve confrontos entre manifestantes e policiais, segundo jornalistas da AFP.

A Ordem dos Advogados de Esmirna, cidade costeira no oeste do país, informou a prisão de dois advogados locais, incluindo seu ex-diretor, que representavam os manifestantes.

Na manhã de segunda-feira, o governador de Istambul, Davut Gul, acusou os manifestantes de “danificar mesquitas e cemitérios”. “Nenhuma tentativa de perturbar a ordem pública será tolerada”, advertiu no X.

Ao ser transferido para a prisão de Silivri, Imamoglu classificou as medidas judiciais contra ele como uma “execução” política “sem julgamento”.

Em uma mensagem posterior enviada da prisão, enquanto dezenas de milhares de pessoas se reuniam pela quinta noite consecutiva, ele se mostrou desafiador.

“Estou vestindo uma camisa branca que eles não poderão manchar. Tenho um braço forte que eles não poderão torcer. Não recuarei nem um milímetro. Vencerei esta guerra!”, declarou ele em um comunicado transmitido por seus advogados.

Diante dos protestos em massa, as autoridades turcas tentaram bloquear mais de 700 contas na rede social X, informou a plataforma no domingo.

“Nos opomos às múltiplas ordens judiciais da Autoridade Turca de Tecnologias da Informação e Comunicação para bloquear mais de 700 contas de organizações de notícias, jornalistas, figuras políticas, estudantes e outros dentro da Turquia”, afirmou a rede social em um comunicado.

Em atualização.

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