Mais doses da futura vacina anticovid-19 e milhões de testes rápidos para países pobres
No momento, os países com mais recursos realizam a média de 292 testes para cada 100.000 habitantes. Os mais pobres, 14
Os países mais pobres do mundo receberão um total de 200 milhões de doses da futura vacina anticoronavírus, ao mesmo tempo que a OMS pretende buscar financiamento para distribuir entre as mesmas nações 120 milhões de testes de diagnóstico rápidos para frear a propagação da pandemia.
"Nenhum país, rico ou pobre, deve ficar no fim da fila no que diz respeito às vacinas contra a Covid-19", afirmou o doutor Seth Berkley, diretor general da Gavi, em um comunicado.
No momento, os países com mais recursos realizam a média de 292 testes para cada 100.000 habitantes, os países de baixa e média renda 61 e as nações mais pobres apenas 14, de acordo com dados divulgados por Peter Sands, diretor do Fundo Mundial de Luta contra a aids, malária e tuberculose.
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Nesta terça-feira (29), o consórcio internacional Gavi, dedicado a campanhas de vacinação contra doenças infecciosas em regiões menos desenvolvidas, anunciou que 100 milhões de doses adicionais das futuras vacinas contra a Covid-19 foram reservadas para os países mais pobres.
As vacinas, adicionadas a 100 milhões de doses anunciadas em agosto, serão vendidas a 3 dólares, segundo a aliança internacional.
Desenvolvidas pelas empresas farmacêuticas sueco-britânica AstraZeneca e a americana Novavax, as vacinas serão fabricadas pelo grupo indiano SII, maior fabricante de doses do mundo, que doará as mesmas para a coalizão contra o coronavírus criada pela OMS e denominada Covax (Covid-19 Vaccine Global Access, Acesso Global à Vacina contra a Covid-19).
O novo coronavírus já matou mais de um milhão de de pessoas no mundo e provocou pelo menos 33,5 milhões de contágios.
"Uma vacina deve estar disponível e ser acessível para todos", afirmou nesta terça-feira o secretario-geral da ONU, Antonio Guterres. "Uma liderança responsável importa. A ciência importa. A cooperação importa. E a desinformação mata", completou.
- Mais testes rápidos -
A OMS informou na segunda-feira que está buscando financiamento para conseguir comprar os testes rápidos, que custam atualmente 5 dólares (4 euros).
Os testes antigênicos são baratos e apresentam resultado em 15 minutos. Embora não sejam tão precisos quanto outros testes, eles podem ser muito úteis para rastrear infecções, identificar focos e isolar infectados.
Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump anunciou a distribuição de 150 milhões de testes rápidos.
Com mais de 205.000 vítimas fatais e mais de sete milhões de casos, os Estados Unidos lideram a lista de países mais afetados pela Covid-19.
Em Nova York, cidade duramente atingida pela pandemia no meio do ano, vê um novo crescimento no número de contágios.
"Pela primeira vez em bastante tempo, a taxa de contaminação diária é superior a 3%, e isso é um motivo de verdadeira preocupação", declarou o prefeito da cidade, Bill de Blasio.
Na Europa, com mais de 5,3 milhões de casos registrados, incluindo mais de 230.000 mortes, o vírus circula a um ritmo acelerado, o que provoca novas medidas restritivas.
Na Alemanha, os estados regionais que registrem 35 novos casos para cada 100.000 habitantes em sete dias deverão limitar a 50 o número de participantes em festas celebradas em espaços públicos alugados. Para as reuniões privadas, será "aconselhado urgentemente" não superar 25 pessoas, detalhou a chanceler Angela Merkel.
Já na Índia, um estudo nacional com base em testes sorológicos revelou que mais de 60 milhões de pessoas poderiam ter sido contaminadas pelo coronavírus. Oficialmente, o país registra 6,1 milhões de casos.
O exemplo do Uruguai
Por continentes, a América é a região mais enlutada pela pandemia. Na América Latina e Caribe, as mortes superam 342.000 e os casos alcançam 9,2 milhões. O Brasil é o segundo país do mundo mais castigado, com 142.000 óbitos e 4,7 milhões de contágios.
"Embora as Américas sejam de longe a região mais afetada, o Uruguai tem o menor número de casos e mortes na América Latina, em termos gerais e proporcionais. Isto não é um acidente. O Uruguai tem um dos sistemas de saúde mais fortes e resistentes da América Latina, com investimentos sustentados, baseados em um consenso político sobre a importância de investir na saúde pública", escreveu o diretor da OMS no texto publicado no Independent.
Em outros países da região, a pandemia provoca muitos danos. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Peru perderá quase 1,5 milhão de empregos em 2020 em consequência do novo coronavírus.
Na Argentina, a economia registrou contração de 12,6% nos primeiros sete meses de 2020 na comparação com o mesmo período do ano anterior.
O país está polarizado entre os que criticam a gestão do presidente Alberto Fernández e aqueles indignados com o que consideram "irresponsabilidade" da oposição ao estimular protestos em plena pandemia. A Argentina registra mais de 700.000 casos de Covid-19 e supera 19.000 mortes.
As disputas políticas também afetam a Espanha. Depois de dias de tensão, os governos central espanhol e o regional de Madri chegaram a um "princípio de acordo" nesta terça-feira para endurecer as medidas restritivas.
Serão tomadas medidas para limitar a mobilidade, os contatos sociais e os horários de trabalho, anunciou o ministro da Saúde, Savlador Illa.
Madri registra 775 casos para cada 100.000 habitantes, o dobro que o restante da Espanha, que é o país com o pior índice na União Europeia.
Atualmente, um milhão de habitantes da região de Madri, de um total de 6,6 milhões, têm restrições de deslocamentos: só podem sair de seus bairros para trabalhar e procurar atendimento médico.