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Venezuela

"Mais fortes que nunca" - adversária de Maduro se agarra à candidatura na Venezuela

Machado nega todas as acusações e não menciona em seu comício uma única vez a sanção que a impede de ocupar cargos públicos por 15 anos

María Corina MachadoMaría Corina Machado - Foto: Gabriela Oraa/AFP

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"Liberdade, liberdade, liberdade!", grita, eufórica, a multidão, quando María Corina Machado sobe em um caminhão para um discurso de campanha: a principal candidata da oposição venezuelana está em campanha para enfrentar nas urnas o presidente Nicolás Maduro em 28 de julho, embora siga vetada pelas autoridades.

O governo a acusa de corrupção e de pedir uma invasão estrangeira, e inabilitou sua candidatura. Não há chances de que possa se inscrever nas eleições presidenciais.

"Estamos em momentos cruciais, o regime pretende nos fazer sentir desorientados e derrotados, quando estamos mais fortes que nunca", diz ela aos apoiadores reunidos nesta quarta-feira (13) em Mariara, cidade industrial 140 km a oeste de Caracas.

Machado nega todas as acusações e não menciona em seu comício uma única vez a sanção que a impede de ocupar cargos públicos por 15 anos, que considera inválida e inconstitucional.

Sua inabilitação foi ratificada pelo Supremo. Fontes do chavismo e da oposição descartam sua reversão. O prazo para a inscrição das candidaturas vai de 21 a 25 de março.

Ninguém sabe o que Machado fará quando essa data chegar. Especialistas apontam a possibilidade de que ela ou sua coalizão indiquem um substituto, ou que convoque o boicote à eleição, embora seu comando de campanha insista em que "ninguém convocou a abstenção".

Ela não menciona o tema em seu discurso.

"Aqui há um compromisso, vamos até o fim e o fim é o fim", diz a candidata, repetindo o mantra de sua campanha. "O fim não é só o desalojamento de uma tirania brutal, cruel, corrupta, má, mas a construção de uma Venezuela de respeito, de liberdade".

Em outubro passado, Machado venceu com folga as primárias para eleger o candidato da coalizão opositora Plataforma Unitária, com 92% dos votos.

Ela definiu sua vitória como um "mandato" do povo para derrotar Maduro, que aspira a um terceiro mandato de seis anos. O presidente chegou ao poder em 2013, após a morte de Hugo Chávez (1999-2013), e foi reeleito em 2018 em um pleito questionado, sob suspeitas de fraude.

Se Machado pudesse participar, segundo as pesquisas, ela derrotaria Maduro e poria fim a 25 anos de chavismo por ampla margem.

Na última década, o PIB de Venezuela encolheu 80%. Mais de sete milhões de venezuelanos deixaram o país devido à crise econômica e política, para fugir da fome e da pobreza.

"Não temos medo"
Machado, uma política liberal de 56 anos, chega a esta cidade do estado de Carabobo em uma pequena caravana formada por dois veículos. Nesta ocasião, não houve retenção da Guarda Nacional, uma exceção nas viagens que faz pelo país desde que anunciou sua pré-candidatura à Presidência no ano passado.

Em Mariara, hoje governada pelo chavismo, funcionou até alguns anos atrás um dos parques industriais mais importantes do país. E a chegada de Machado não passou despercebida.

De casas e lojas muito humildes, as pessoas saem para cumprimentá-la, algumas agitando bandeiras. Um homem chega a descer de um ônibus em movimento, que vinha em sentido contrário para se dirigir a ela; crianças uniformizadas de uma escola se reúnem para vê-la passar. Os carros buzinam em demonstração de apoio em sua passagem.

Uma motociata de 50 veículos, com duas pessoas em cada moto, a acompanha até o ponto da primeira de três visitas.

"Não temos medo!", grita um homem no meio da multidão, sob um calor sufocante.

"Se perdermos as eleições será por trapaça", diz à AFP Gleisimar Tovar, técnico em segurança industrial de 36 anos. "Mariara era território chavista e acordou. Não temos luz, água, estamos em um constante desânimo e queremos uma mudança".

"As vendas estão no chão, as pessoas dependem dos bônus", diz o comerciante Ricky Benítez, de 41 anos. "É preciso votar, dar o voto à nossa María Corina".

"Se María Corina não disputar, é preciso apoiar o candidato que ela apontar, um candidato forte e firme", afirma.

Alguns nomes começam a ser ouvidos e o apoio de Machado será fundamental. Mas no comando de campanha, a resposta é uníssona: María Corina é a candidata.

"Confio em vocês, ponho a minha vida em suas mãos", diz ela à multidão. "Vamos em frente, não vão nos deter... Este movimento é imparável".

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