Malária: cientistas de 21 países encontram 1º caso no mundo
Os resultados da pesquisa foram publicados na revista científica Nature
A malária, uma das doenças infecciosas mais mortais em todo mundo, ocorre a partir da picada de uma fêmea do mosquito Anopheles, mais conhecido como mosquito-prego, contaminada pelo protozoário Plasmodium vivax (no caso do Brasil).
Ainda que ela esteja em circulação há muito tempo, suas origens ainda permaneciam sem respostas. Mas, de acordo com um novo estudo da revista científica Nature, pesquisadores encontraram os primeiros casos da doença na humanidade.
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Apenas atualmente, com avanços no campo da genética, foi possível refazer a trajetória da malária. Isto se dá principalmente por sua característica de não deixar vestígios visíveis nos restos de esqueletos humanos.
Uma dessas novas tecnologias, aplicada no estudo, utiliza os dentes do cadáver, pois eles podem preservar vestígios de agentes patogénicos presentes no sangue no momento da morte.
Registro do primeiro caso de malária
Pesquisadores de 21 países analisaram dados de 36 indivíduos infectados pela malária provindos de cinco continentes. Desta forma, a equipe identificou o primeiro caso conhecido de malária por P. falciparum em Chokhopani, no Nepal, localizado na Cordilheira dos Himalaias em 800 a.C.
Segundo os pesquisadores, o homem viajou de uma região de baixa altitude (com maior chances de contaminação pelo mosquito) até o local.
Três outros casos da doença forneceram pistas sobre a presença da malária na Europa da pré-história: um indivíduo do período Neolítico, ou da Pedra Polida, no território que é a atual Alemanha, considerado o mais o mais antigo registrado, um da Idade do Cobre, na Espanha, e outro do Eneolítico (período transitório entre o Neolítico e a Idade do Cobre), na Rússia.
Outro tema abarcado pelo estudo foi a semelhança entre a cepa Laguna de los Cóndores, presente na Cordilheira dos Andes peruana, P. vivax, e o antigo P. vivax europeu. Isto sugere que os colonizadores europeus trouxeram o protozoário para a América do Sul.
“Amplificadas pelos efeitos da guerra, da escravização e do deslocamento populacional, as doenças infecciosas, incluindo a malária, devastaram os povos indígenas das Américas durante o período colonial, com taxas de mortalidade de até 90% em alguns lugares”, diz a coautora Evelyn Guevara, pesquisadora da Universidade de Helsinque, na Finlândia, em comunicado.