Protestos

Vereador rebate críticas e diz que ato em igreja causou mais indignação que morte de Moïse

Vereador do PT Renato Freitas afirma que manifestação foi pacífica e que escolheu templo católico por sua ligação com povo negro

O vereador Renato Freitas (PT-PR) rebateu, nesta segunda-feira, críticas por liderar um ato antiracista no sábado na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de São Benedito, no centro histórico de CuritibaO vereador Renato Freitas (PT-PR) rebateu, nesta segunda-feira, críticas por liderar um ato antiracista no sábado na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de São Benedito, no centro histórico de Curitiba - Foto: Reprodução / Instagram

O vereador Renato Freitas (PT-PR) rebateu, nesta segunda-feira, críticas por liderar um ato antiracista no sábado na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de São Benedito, no centro histórico de Curitiba. Freitas ironizou a comoção nacional causada pelo protesto em homenagem ao congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, no Rio, espancado até a morte aos 24 anos; e em memória de Durval Teófilo Filho, de 38, morto pelo vizinho, um sargento da Marinha, por ter sido confundido com um assaltante enquanto chegava do trabalho, também na capital fluminense.

Durante o dia, Freitas foi alvo de críticas nas redes sociais, pincipalmente de bolsonaristas. O presidente Jair Bolsonaro pediu para os ministérios da Justiça e da Mulher, Família e Direitos Humanos para investigarem o ato e chamou os manifestantes de "marginais". O ex-ministro Sergio Moro (Podemos) escreveu que locais de culto "não podem ser utilizados para ofensas".

Freitas disse que não invadiu o templo católico, que é um marco da cultura negra na capital paranaense por ter sido erguido por escravos no século 18. Ele afirma que apenas entrou no templo, de forma pacífica, quando a missa já estava perto do fim.

Vídeos nas redes sociais mostram manifestantes com faixas e cartazes que pediam "justiça" e proferiam gritos de "racistas" e "fascistas". Após a cerimônia religiosa, os manifestantes entraram no templo e entoaram cânticos e voltaram a bradar palavras de ordem.

"Nos surpreende perceber que exaltar o amor e a valorização da vida em uma igreja cause mais indignação que o assassinato brutal de dois seres humanos negros no Brasil", disse o vereador por meio de nota do seu gabinete.

Procurado pelo Globo, Freitas disse que mantém sua posição e que após a repercussão do ato tem recebido ameaças de agressão e até de morte nas redes sociais.

— Recebi ameaças contra a minha vida de pessoas do Brasil todo — afirmou o parlamentar, que continuou:

— Essa igreja representa a resistência e a persistência da população em  negra me professar a sua fé. não podemos nos curvar a ortodoxia da igreja, que tem um acerto de contas com a história. E temos que apontar suas contradições.

O caso repercutiu na Câmara de Curitiba, onde o líder do governo Pier Petruzziello (PTB) decidiu abrir um processo de cassação contra o parlamentar. Nos bastidores, Freitas é conhecido por um comportamento impulsivo e por muitas vezes usar o conflito como método, o que lhe rendeu algumas polêmicas na casa.

A Comissão Executiva Estadual do PT do Paraná deixou claro que não endossou a atitude do parlamentar. Em nota, a comissão informou que não participou da decisão momentânea de adentrar o templo religioso, assim como não fazia parte da coordenação do ato.

A arquidiocese de Curitiba também se manifestou e classificou as manifestações como "agressividades" e "ofensas".

"Desde a sua primeira inauguração, em 1737, a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos sempre foi um lugar de veneração e de celebração da fé. Foram os escravos a edificá-la. Hoje, muitos afrodescendentes, a visitam. E o fazem em grupos ou individualmente. Sempre primaram pelo profundo respeito, até mesmo quando não católicos. Infelizmente, o que houve no último sábado foram agressividades e ofensas. É fácil ver quem as estimulou. A posição da Arquidiocese de Curitiba é de repúdio ante a profanação injuriosa. Também a Lei e a livre cidadania foram agredidas. Por outro lado, não se quer “politizar”, “partidarizar” ou exacerbar as reações", diz a nota da igreja.

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