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guerra no oriente médio

Manifestantes pró-Israel e Palestina entram em 'confronto físico' em universidade nos EUA

Onda de protestos tem ganhado força em instituições prestigiadas; resposta policial, no entanto, também tem sido significativa, e ao meno

Manifestante pró-Israel (E) é separado por outro enquanto discute com ativista pró-Palestina em campus da Universidade da CalifórniaManifestante pró-Israel (E) é separado por outro enquanto discute com ativista pró-Palestina em campus da Universidade da Califórnia - Foto: Etienne Laurent/AFP

Quase sete meses após o início da guerra Israel x Hamas em Gaza, uma onda de protestos pró-palestinos ganhou força pelos campus de universidades dos Estados Unidos. Os estudantes defendem, além do fim das hostilidades no enclave, que suas instituições rompam laços com o Estado judeu e com empresas que lucram com o conflito.

A Casa Branca chegou a legitimar o direito a “manifestações pacíficas”, mas, no domingo, ativistas de lados distintos entraram em “confrontos físicos” na Universidade da Califórnia (UCLA), em Los Angeles, após uma barreira instalada para mantê-los separados ter sido rompida.

A resposta policial também tem sido significativa: ao menos 900 manifestantes foram presos, segundo o Washington Post. Na UCLA, um acampamento contra a guerra cresceu nos últimos dias, e o Conselho Americano-Israelita (IAC) organizou um contra-protesto.

Como justificativa, afirmou estar “profundamente preocupado” com o antissemitismo relatado em outros lugares do país. De acordo com a BBC, não está claro qual grupo rompeu a barreira que os separava. A polícia do campus os separou enquanto alguns ativistas se empurravam e trocavam socos. Em nota, a instituição afirmou estar “desolada com a violência” e disse que medidas de segurança foram introduzidas.

As tensões cresceram nas universidades americanas após o ataque sem precedentes do grupo terrorista Hamas contra o território israelense em 7 de outubro. Na ocasião, quase 1,2 mil pessoas foram mortas, e cerca de 250 foram feitas reféns. Como resposta, Tel Aviv iniciou uma escalada militar que já matou mais de 34 mil pessoas em Gaza. Os protestos se intensificaram enquanto ocorre a ameaça de uma iminente invasão israelense em Rafah, localizado na fronteira com o Egito e considerado o último refúgio de cerca de 1,5 milhão de palestinos. O movimento também parece ter sido fortalecido após a prisão de mais de 100 manifestantes na Universidade de Columbia, em Nova York.

Também no domingo, o porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse à rede ABC News que o presidente dos EUA, Joe Biden, sabe que há sentimentos “fortes” sobre a guerra em Gaza. Kirby afirmou que o democrata “respeita isso”, e que o governo acredita que “as pessoas devem ter a capacidade de expressar suas opiniões e compartilhar suas perspectivas publicamente”, embora ressalte que isso deva ocorrer “de forma pacífica”. Ele ainda pontuou que a administração condena “a linguagem antissemita que temos ouvido ultimamente”, além de “todo o discurso de ódio e ameaças de violência que existem”.

Embora os protestos pacíficos tenham prevalecido, o número de manifestantes pró-palestinos detidos pela polícia, em alguns casos com o uso de gás lacrimogêneo, tem aumentado. Apenas no último fim de semana, 275 pessoas foram presas em quatro campi nos Estados Unidos. Foram 100 manifestantes detidos na Universidade Northeastern; 80 na Universidade de Washington; 72 na Universidade Estadual do Arizona, e 23 na de Indiana. No domingo, os ativistas na Universidade de Yale criaram um novo acampamento, depois que uma operação policial ter contido um protesto estudantil no local dias antes.

As reitorias tentam encontrar uma resposta adequada para as mobilizações, mas estão presas entre o respeito à liberdade de expressão e a necessidade de conter as manifestações incendiárias — e por vezes antissemitas. Em várias instituições, alunos judeus relataram incidentes que variam de cânticos e cartazes com apoio ao Hamas a confrontos físicos e ameaças. No sábado, a Universidade Northeastern, em Boston, relatou “insultos antissemitas virulentos” e acusou “organizadores profissionais sem afiliação” de se infiltrar em um protesto estudantil.

As primeiras manifestações começaram há um mês. Estudantes da Universidade Vanderbilt acamparam no campus em 26 de março. Um dia depois, alunos do Smith College fizeram o mesmo no prédio da reitoria do campus, segundo a Liga Antidifamação, ONG que acompanha casos de antissemitismo pelo mundo. A adesão aos protestos aumentou, porém, em 17 de abril, quando estudantes da Universidade Columbia, em Nova York, também ergueram um acampamento. Prestigiada instituição de elite, ela é famosa pelo histórico de ativismo de seus estudantes ao longo das décadas. O local foi palco de protestos pelos direitos civis, contra a Guerra do Vietnã e contra o apartheid na África do Sul.

Os protestos se estenderam até mesmo ao prestigiado Instituto de Estudos Políticos (Sciences Po Paris) e, na última sexta-feira, um grupo de estudantes bloqueou o local para exigir uma “condenação clara das ações de Israel” em Gaza. A direção do local, contudo, anunciou ter realizado um acordo com os estudantes mobilizados. Jean Bassères, administrador provisório da instituição, disse que os alunos “se comprometeram a parar de perturbar as aulas, os exames e todas as demais atividades”, ao passo que a direção concordou em organizar um debate interno e suspender os procedimentos disciplinares contra alguns discentes. A mensagem foi recebida com satisfação pelos manifestantes.

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