"Manipulador e profissional", diz modelo de Dubai, vítima de golpista durante férias em hotel no Rio
Eduarda Fagundes, de 23 anos, afirma estar aliviada após a prisão em flagrante de Matheus Rodrigues Azin, 28, pelo crime de estelionato e corrupção ativa
Há menos de um mês a modelo Eduarda Fagundes, de 23 anos, passava férias no Brasil quando foi apresentada por um amigo ao suposto investidor Matheus Rodrigues Azin, de 28.
Hospedada em um hotel cinco estrelas em Copacabana, na Zona Sul do Rio, a jovem acabou se relacionando afetivamente com o rapaz e, em menos de dez dias, conta ter tido um prejuízo financeiro de pelo menos R$ 10 mil em transferências bancárias por PIX e saques.
Ele foi preso, nesta terça-feira, pelo crime de estelionato ao aplicar golpes semelhantes em outras vítimas.
— Logo depois que nos conhecemos, ele disse que o limite diário da conta dele tinha extrapolado e me pediu R$ 2.500 para comprar ingressos para uma festa. Depois, contou estar com um bloqueio judicial e perguntou se eu não podia emprestar mais R$ 4 mil. Tudo foi feito com a promessa que me pagaria. Quando começava a cobrar, ele inventava uma desculpa — contra a modelo, que mora em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
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Eduarda conta que, assim como fez com a empresária Brenda Gondacki, de 23 anos, Matheus se declarou apaixonado e chegou a comemorar que os dois se casariam. Após ele receber ligações insistentes de outra mulher que, desesperada, lhe cobrava R$ 350 para deixar o Rio, a modelo diz ter percebido que também poderia estar sendo vítima de um crime:
— Ele falava que me amava e que ficaríamos juntos. Além de ser bonito e aparentar ter muito dinheiro, ele é extremamente persuasivo, parece escolher a vítima e mexer no psicológico delas. Tenho a impressão de que ele já sabe de quem vai conseguir arrancar alguma coisa e se aproxima. É manipulador e profissional. Hoje me sito ridícula e patética por ter acreditado, mas estou aliviada por saber que ele está preso e vai responder pelo que fez. Não quero que mais nenhuma mulher passe por essa vergonha que passei.
De acordo com as investigações da 9ª DP (Catete), Matheus enganou e deu um prejuízo de pelo menos R$ 22 mil ao subtrair cartões de crédito e pedir transferências bancárias por PIX de outras duas das vítimas. Com os valores, ele bebeu e jantou em bares e em restaurante de luxo no Leblon, na mesma região.
— Estou arrasada por ter confiado em uma pessoa que acredita na própria mentira. Nos conhecemos pelas redes sociais e tínhamos amigos em comum, saímos para festas e jantares, então pensei que ele realmente fosse uma boa pinta. Depois de alguns dias, ele começou a dizer estar apaixonado e a fazer programações, como planejar viagens e disse que iríamos até assistir a Copa do Mundo no Catar. Ele gosta de curtir a vida boa às custas dos outros e me fez uma lavagem cerebral — contou Brenda Gondacki.
Segundo o delegado Felipe Santoro, titular da 9ª DP e responsável pelo inquérito, no depoimento de outra vítima ela também contou ter começado a se relacionar com Matheus após ser apresentada por um amigo em comum. No dia seguinte, ele pediu que a moça fizesse um PIX de R$ 3.600, alegando que sua conta estava bloqueada. Em seguida, ao comprar um drink no bar do hotel, ele teria visto a senha digitada por ela na máquina. Na mesma noite, efetuou pagamentos com o cartão em pelo menos três estabelecimentos no total de R$ 9.700.
Também na distrital, a mulher contou que, após tomar café da manhã no hotel no dia 1º de dezembro, foi avisada que Matheus teria ido embora do hotel e precisou pagar R$ 1 mil pelo consumo dele no local. Três dias depois, a vítima disse ter descoberto, pelas redes sociais, que outras mulheres haviam caído em golpe semelhante aplicado pelo rapaz e que ele agiria iludindo cada uma delas, as fazendo acreditar que efetuaria o pagamento dos que era devido.
Nas redes sociais, Matheus exibe uma rotina de viagens a destinos nacionais e internacionais de ostentação, como Trancoso, na Bahia; Balneário Camboriú, em Santa Catarina; Tulum, no México, e Maldivas. Na Polícia Civil de São Paulo, ele é investigado em pelo menos cinco inquéritos também por estelionato. Ao ser preso no Rio, ele chegou a oferecer R$ 10 mil e um relógio a cada um dos agentes da 9ª DP, sendo indiciado por estelionato e corrupção ativa.