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Marburg: depois da Guiné Equatorial, Tanzânia confirma primeiro surto de vírus da família do ebola

Cinco mortos foram registrados, e 161 contatos estão sendo monitorados; letalidade do patógeno chega a quase 9 de 10 casos, segundo a OMS

Tanzânia registra primeiro surto do vírus Marburg, cuja letalidade chega a 88% dos casos. Tanzânia registra primeiro surto do vírus Marburg, cuja letalidade chega a 88% dos casos.  - Foto: OMS África

O Ministério da Saúde da Tanzânia confirmou ontem seu primeiro surto do vírus Marburg, da mesma família do ebola, depois que oito casos testaram positivo para o patógeno na região de Kagera, no Noroeste do país. Destes, cinco morreram, uma taxa de letalidade de aproximadamente 63%. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a mortalidade do agente infeccioso pode chegar a 88% dos contaminados.

Há pouco mais de um mês, a Guiné Equatorial também registrou de forma inédita o vírus no país, enquanto no ano passado Gana identificou o patógeno pela primeira vez. A preocupação das autoridades de saúde com o avanço do Marburg entre os países africanos é devido à gravidade da infecção e por não haver vacinas e medicamentos aprovados para prevenir ou tratar a doença.

Na Tanzânia, os três casos confirmados sobreviventes estão recebendo atendimento médico em centros hospitalares. De acordo com o braço da OMS para o continente africano, os sintomas envolveram febre, vômito, sangramento por diferentes orifícios e insuficiência renal. Um total de 161 contatos próximos aos infectados foram identificados e estão sendo monitorados.

“Os esforços das autoridades de saúde da Tanzânia para estabelecer a causa da doença são uma indicação clara da determinação de responder efetivamente ao surto. Estamos trabalhando com o governo para ampliar rapidamente as medidas de controle para deter a propagação do vírus e acabar com o surto o mais rápido possível”, afirma Matshidiso Moeti, diretor regional da OMS para a África, em comunicado.

A organização enviou um time emergencial de especialistas para a região de Kagera para auxiliar na resposta ao surto e nas investigações epidemiológicas. Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças da África (Africa CDC), que também enviou uma equipe à Tanzânia, um dos pontos de alerta é pelo fato da área onde os casos foram confirmados ser de fronteira com três outros países: Uganda, Ruanda e Burundi. “A elevada mobilidade populacional na região representa um risco de propagação transfronteiriça”, diz nota da instituição.

“Africa CDC continua empenhado em apoiar a Tanzânia e seus vizinhos para deter este surto o mais rápido possível. Pedimos ao público que continue compartilhando informações em tempo hábil com as autoridades para permitir uma resposta mais eficaz. Essas doenças infecciosas emergentes e reemergentes são um sinal de que a segurança sanitária do continente precisa ser fortalecida para lidar com as ameaças de doenças”, defende Ahmed Ogwell Ouma, diretor da organização.

A OMS destaca ainda que, embora seja a primeira vez que a Tanzânia registre o vírus de Marburg, o país enfrentou epidemias recentes nos últimos três anos, como da Covid-19, da cólera e da dengue, e foi classificado como de “alto risco para surtos de doenças infecciosas” em avaliação da organização em setembro do ano passado.

“As lições aprendidas e os progressos alcançados durante outros surtos recentes devem colocar o país em uma boa posição ao enfrentar este último desafio. Continuaremos a trabalhar em estreita colaboração com as autoridades nacionais de saúde para salvar vidas”, diz Moeti.

O que é o Marburg?
O Marburg é um vírus raro da família Filoviridae, mesma do ebola, que causa uma febre hemorrágica. De acordo com a OMS, ela começa abruptamente, com altas temperaturas, dor de cabeça e mal-estar intensos. A maioria dos pacientes desenvolvem quadros graves em até sete dias. Não há vacinas ou tratamentos antivirais aprovados, embora uma série de fármacos estejam em testes.

A transmissão acontece por meio de morcegos frugívoros, que se alimentam de frutas, e se espalha entre os humanos pelo contato direto com os fluidos corporais de pessoas contaminadas e por superfícies e materiais infectados.

Antes da Guiné Equatorial e de Gana, a Guiné foi o primeiro país na região da África Ocidental a detectar a doença em 2021. Outros eventos esporádicos já foram registrados nos últimos anos em países como Quênia, África do Sul e Uganda, mas com poucos casos e de forma controlada.

Os maiores avanços foram na República Democrática do Congo, de 1998 a 2000, e em Angola, de 2004 a 2005, quando foram contabilizados respectivamente 128 e 228 mortos.

Embora os casos sejam detectados no continente africano, o vírus foi descoberto nas cidades de Marburg e Frankfurt, na Alemanha, em 1967. Na época, funcionários de laboratórios adoeceram após entrarem em contato com tecidos de macacos infectados que vieram da Uganda.

Trata-se, portanto, de um zoonose, ou seja, uma doença disseminada normalmente entre animais que passou a contaminar humanos – como foi o caso com o HIV, a Covid-19 e a monkeypox.

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