Março amarelo: campanha nacional alerta sobre os mitos e verdades da endometriose
Segundo o Ministério da Saúde, a estimativa é de que uma a cada 10 mulheres sofra com os sintomas da doença e desconheça a sua existência
A endometriose é uma doença inflamatória crônica que atualmente afeta cerca de sete milhões de mulheres somente no Brasil, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Ocasionada por uma alteração no funcionamento do aparelho reprodutor feminino, a endometriose ocorre quando as células do tecido que reveste o útero (endométrio), ao invés de serem expulsas durante a menstruação, se movimentam no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, onde voltam a se multiplicar e a sangrar.
E, apesar de a difusão de informações acerca da doença ter crescido bastante nos últimos anos, a falta dela ainda é a principal motivadora da disseminação de informações incorretas sobre a endometriose.
Por isso, desde 2022, o Brasil marca a luta contra a doença no dia 13 de março, e todo o mês é dedicado à campanha nacional intitulada Março Amarelo, voltada para a conscientização acerca da doença. Uma oportunidade para esclarecer os mitos e a verdade a respeito da endometriose.
Uma doença que compromete a qualidade de vida e, na grande maioria dos casos, provoca dores e fadiga. Silenciosa e dolorosa, a endometriose pode causar sérias dificuldades na vida de uma mulher se não for diagnosticada e tratada corretamente.
Segundo o Ministério da Saúde, a estimativa é de que uma a cada 10 mulheres sofra com os sintomas da doença e desconheça a sua existência. Em 2021, mais de 26,4 mil atendimentos foram feitos somente no Sistema Único de Saúde (SUS), e oito mil internações provocadas pela doença foram registradas na rede pública de saúde.
Sintomas
A doença se manifesta de formas diferentes em cada paciente, tanto com relação aos sintomas quanto à extensão e gravidade. Além das dores pélvicas, que podem até incapacitar as mulheres de exercerem suas atividades habituais, deve-se prestar atenção na intensidade do ciclo menstrual, fadiga, diarreia e ou constipação (intestino preso) e dificuldade de engravidar. Cerca de 40% das mulheres com essa condição podem ter algum grau de infertilidade.
A doença pode se manifestar de três formas: superficial, quando acomete os órgãos ou peritônio; membrana que recobre os órgãos da região abdominal e pélvica. Profunda, quando atinge mais de cinco milímetros de tecido; e ovariana, que se caracteriza pela formação de cistos nos ovários, preenchidos por sangue (conhecidos como endometriomas).
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Mitos
São muitos os mitos que cercam a doença, tanto com relação aos sintomas quanto ao tratamento. Vão desde a suposta cura através da histerectomia (procedimento cirúrgico para retirada total ou parcial do útero), até a informação de que, após engravidar, a mulher deixa de sofrer com os sintomas da endometriose.
Diagnóstico
O Ministério da Saúde chama a atenção para o problema e reforça a informação da existência dos serviços direcionados para a mulher na Atenção Primária à Saúde.
O exame ginecológico é o primeiro passo para a identificação da doença, em especial o exame de toque, fundamental no diagnóstico em casos endometriose profunda. Exames como a ultrassonografia transvaginal, ressonância magnética da pelve e exames laboratoriais também podem complementar a confirmação do caso clínico.
“Por todas essas questões, é muito importante que as mulheres sejam acompanhadas por médicos capacitados e façam seus exames regularmente com qualidade diagnóstica envolvida”, destaca a médica radiologista Andrea Farias de Melo Leite, do Centro de Diagnóstico Lucilo Ávila.
Tratamento
Os tratamentos para a endometriose também podem variar caso a caso, a partir da idade da paciente. As Unidades Básicas de Saúde (UBS) ofertam o atendimento e exames de diagnóstico, para evitar o agravamento da doença e, caso haja a necessidade de cirurgia, a paciente é encaminhada para um hospital.
“A endometriose é uma doença crônica, que regride espontaneamente com a menopausa, mas não se deve esperar até lá. Há diagnósticos e tratamentos modernos, aplicados de acordo com os sintomas, que ajudam a controlar a doença e a melhorar a qualidade de vida das pacientes”, explica a radiologista Andréa Leite, professora de radiologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Há tratamentos que ajudam a controlar a doença, aplicados de acordo com os sintomas, e melhoram a qualidade de vida das pacientes. Esse é o caso dos que suspendem as menstruações. Mudança no estilo de vida, com a realização de atividades físicas e uma dieta que reduza o risco de inflamações, também auxiliam no tratamento.