Marco da verticalização, Hotel Central é tombado pelo Estado de PE
Hotel Central foi protegido pelo Governo do Estado devido ao pioneirismo de seu projeto e estrutura. Foi o primeiro arranha-céu da Cidade
O Hotel Central, com seus oito andares, foi tombado por decreto assinado pelo governador Paulo Câmara e publicado no último sábado (8). O prédio localizado na Boa Vista, Centro do Recife, é o primeiro marco da verticalização da Cidade. Há 90 anos, quando foi construído, era considerado um arranha-céu. Hoje o edifício mais alto, o Jardins da Aurora, também na Boa Vista, é quase quatro vezes maior que ele.
A tecnologia que permitiu que o Central fosse erguido é, especificamente, a de estruturas metálicas articuladas, o conceito de fundação com grandes blocos de pedra e, sobretudo, o elevador. “Foi uma tecnologia que teve origem nos Estados Unidos. A verticalização começou em Chicago, mais de cinquenta anos antes, quando a cidade se reconstruía após um incêndio. Como na época a indústria e o comércio se expandiam, pensou-se em dobrar a quantidade de pessoas no mesmo espaço”, explica Tomás Lapa, vice-presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (CAU).
Lapa conta que o elevador já era pesquisado desde os anos 1840 pela empresa Otis. “A verticalização não vem isolada. Vem com uma ideia, um conceito de arquitetura. Se vemos Paris, que também foi reconstruída na mesma época de Chicago, não vemos esses grandes prédios, mesmo tendo grande adensamento. É uma escolha.”
O impacto que um arranha-céu causa nos locais próximos a eles preocupa o arquiteto e urbanista Eduardo Pires. “Um problema óbvio da verticalização é o trânsito. Onde antes moravam quatro famílias, estamos multiplicando por 10 ou 20. Aquela rua, aquele bairro, está sendo elevado em potencial de carga. Isso requer mais serviços, mais espaços públicos e mais fluidez de transporte público.”
Tomás Lapa percebe o problema no que chama de “ânsia em rentabilizar” um terreno. “Prédios do Banco do Brasil e o que hoje pertence ao Porto Digital, no bairro do Recife, são erros históricos. Uma incongruência num local predominantemente de gabaritos de até 5 pavimentos”, opina. “O problema é querer tanto lucrar na venda e no IPTU e colocar o resto da cidade em segundo plano."