Logo Folha de Pernambuco

Golpistas

Marido da cantora Perlla visitou mina de esmeralda de pirâmide financeira em GO; vídeo

Patrick Abrahão, casado com a artista, esteve em área de mineração com Cláudio Barbosa, também preso nesta semana

Empresário Patrick AbrahãoEmpresário Patrick Abrahão - Foto: Reprodução

O músico e empresário Patrick Abrahão, casado com a cantora Perlla, visitou uma mina de esmeraldas situada em Goiás no começo deste ano. Ele foi preso na quarta-feira (19) por suspeita de participar de um esquema de pirâmide financeira criado pela corretora Trust Investing que já afetou 1,3 milhão de investidores em mais de 80 países e causou prejuízos de R$ 4,1 bilhões.

Durante a operação, os agentes apreenderam 268 kg de pedras verdes "que se assemelham a esmeraldas" e serão submetidas a perícia e avaliação. Os investigadores apuram se a mineração era usada pelos suspeitos para lavagem de dinheiro.

Abrahão compartilhou o vídeo em seu próprio canal de YouTube, no dia 18 de fevereiro deste ano. O GLOBO retirou partes que mostram pessoas que não são investigadas pela PF. Na visita, ele aparece acompanhado de Cláudio Barbosa, também preso pela PF, e um dos cofundadores da Trust Investing.

O vídeo começa com Barbosa em uma van, em Goiânia, anunciando que a equipe de Abrahão vai visitar a mina de esmeraldas da Trust Investing.

"Vamos mostrar para vocês a veracidade do nosso trabalho e como é a produção da mina, como é feito o trabalho lá dentro" afirma Barbosa.

Em seguida, a produção mostra imagens aéreas do local onde fica a mina, mas o destaque é para o momento em que Abrahão desce de rapel em um túnel para chegar à área de extração do minério.

"Pessoal, agora estamos a mais de 200 metros abaixo da superfície. É uma emoção surreal, uma experiência nova. É muito bacana a gente poder fazer tudo o que o nosso negócio está fazendo, o que nossa empresa está construindo, não só na teoria, mas sim na prática" disse Abrahão.

"Espero que através desse vídeo você consiga ver como nosso projeto é sério, como nosso projeto é sustentável e o quanto nós temos para crescer ainda" finalizou Abrahão.

Ele foi preso em casa, em um condomínio de luxo no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio.

Esmeraldas na fronteira com o Paraguai
Além do músico e de Barbosa, os empresários Diego Chaves, seu pai - Diorge Chaves - e Fabiano Lorite de Lima também foram presos pela PF na operação "La Casa de Papel".

O inquérito policial começou em 20 de agosto de 2021 quando Lorite e Barbosa foram presos em flagrante na fronteira do Brasil com o Paraguai, em Dourados (MS), com esmeraldas avaliadas em US$ 100 mil.

Lorite e Barbosa estavam acompanhados de uma terceira pessoa e foram abordados em uma Mercedes-Benz GLA 200 ff no Posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Rio Brilhante, a cerca de 180 km da divisa entre os dois países.

Agentes da PRF encontraram "grande quantidade de pedras preciosas" durante uma inspeção de rotina, acompanhadas de nota fiscal considerada "inidônea", de acordo com o processo que tramita na 3ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

"Após consulta ao sistema, os policiais constataram que a nota fiscal apresentada pelos investigados era inidônea. Relataram ainda que não constava da nota fiscal base de cálculo para ICMS e o valor devido pelo tributo, mas apenas o valor total de R$ 508.959,00. Além disso, os indiciados não apresentaram a concessão de lavra ou guia de utilização emitida pela AMN [Agência Nacional de Mineração]", escreveu o juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira.

Empresa de fachada
Em depoimento, Lorite e Barbosa alegaram ser proprietários de uma empresa chamada "Victory", que teria comprado as pedras preciosas. No entanto, "não souberam especificar o endereço da empresa ou o nome do responsável administrativo, tampouco elementos simples sobre a negociação das esmeraldas, como forma de pagamento e data".

O magistrado acrescentou que o "contexto aponta para a existência de uma 'empresa de fachada', ou até mesmo uma 'empresa fantasma', para a qual os indicados prestariam serviço de transporte da mercadoria apreendida".

Teixeira ressaltou, ainda, que as declarações de Lorite e Barbosa sinalizavam "para a possível prática do crime de lavagem de capitais". Com base nesses indícios a PF passou a investigar as atividades dos suspeitos e chegou ao esquema de pirâmide financeira que foi alvo da "La Casa de Papel".

A operação recebeu este nome porque Lorite tem nacionalidade espanhola. No processo, ele chegou a pedir alteração nas medidas cautelares a que foi submetido, como apreensão do passaporte e as proibições de se ausentar do país e de frequentar região de fronteira.

Lorite argumentou, no pedido, que tem uma empresa em Toledo, cidade próxima a Madri, na Espanha, e precisava participar de reuniões presenciais. A demanda foi negada pelo magistrado.

"Não há qualquer evidência de que tal empresa sequer exista no mundo fenomênico, para além da mera contratualização apresentada", afirmou o juiz, na decisão.

Promessa de ganhos de 20% por mês
A investigação sobre os envolvidos com as esmeraldas revelou um esquema de pirâmide financeira. A organização criminosa usava as redes sociais, promovia reuniões e tinha apoio de uma igreja pertencente a um dos investigados para levantar recursos e captar clientes. O grupo operava em vários países, inclusive em Cuba.

As vítimas eram atraídas por promessas de ganhos diários em percentuais acima do praticado no mercado, que poderiam chegar a até 20% ao mês e mais de 300% ao ano. Os lucros seriam obtidos por meio dos supostos “traders” a serviço da empresa.

Os clientes também eram chamados a atrair novos investidores, em mecanismo que chamavam de “binário”. Na medida em que uma nova pessoa colocava seu dinheiro nas empresas, o responsável por atrair essa vítima obtinha ganhos adicionais. A prática caracteriza o esquema de pirâmide.

Os investigados alegavam que eram sócios de duas instituições financeiras e operavam no Brasil e na Estônia, de forma legal. Mas as empresas não existiam de fato. O grupo também não tinha autorização para a captação e gestão de recursos levantados nesses dois países.

Veja também

Confrontos entre autoridades e supostos criminosos deixam 16 mortos no México
VIOLÊNCIA

Confrontos entre autoridades e supostos criminosos deixam 16 mortos no México

A cada dia 196 crianças e adolescentes são hospitalizados após sofrerem violência, diz SBP
LEVANTAMENTO

A cada dia 196 crianças e adolescentes são hospitalizados após sofrerem violência, diz SBP

Newsletter