BRASIL

Marina critica mudanças na estrutura dos ministérios: "Isso vai fechar todas as portas"

Convidada a falar na comissão do Meio Ambiente da Câmara, a ministra do Meio Ambiente fez críticas as alterações propostas pelo Congresso e defendeu presidente do Ibama

Marina SilvaMarina Silva - Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Diante do iminente esvaziamento do seu ministério, Marina Silva disse que a nova estrutura proposta pelo Congresso, vai “fechar portas” para o governo Lula. Ela fez críticas sobre retirada da responsabilidade da demarcação de terras indígenas do Ministério dos Povos Indígenas para o da Justiça.

Convidada a falar na comissão do Meio Ambiente da Câmara, ela também fez acenos ao presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), Rodrigo Agostinho, atualmente alvo de fortes críticas do Congresso e de autoridades do Norte do país, após o instituto vetar a exploração de petróleo no Foz do Amazonas.

Marina afirmou que a credibilidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não será o suficiente para garantir a boa imagem ambiental do país no exterior.

—Vão questionar, ‘mas a sua lei não permite, as estruturas foram mudadas. A estrutura do seu governo não é essa que você ganhou as eleições, é a estrutura do governo que perdeu’ e isso vai fechar todas as nossas portas—disse Marina.

Relator da medida provisória sobre a reestrutura dos ministérios, o deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL) fez uma série de mudanças na estrutura das pastas, mudando órgãos e funções de lugar. O Ministério do Meio Ambiente foi um dos que foi esvaziado. O Cadastro Ambiental Rural (CAR), por exemplo, foi transferido para o Ministério da Gestão, enquanto a Agência Nacional das Águas (ANA) passa a ser vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional.

 

—Será um erro estratégico tirar do Meio Ambiente, do Serviço Florestal, e levar o Cadastro Ambiental Rural para o Ministério da Agricultura, em prejuízo a tudo o que estamos conseguindo nesses quarto meses de governo—disse Marina.

O texto deve ser votado ainda nessa quarta-feira (24) na comissão mista.

Ibama
Marina foi à comissão acompanhada do presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho. O Ibama é atualmente alvo de forte críticas vindas, principalmente, do Congresso, após o instituto vetar a exploração de petróleo do Foz do Amazonas.

—Só vim entender por que Agostinho não se reelegeu depois. Foi uma perda muito grande para essa Casa [Câmara] ele não ter se reeleito. Mas compreendi que ele seria fundamental como presidente do Ibama, no governo Lula, nesse momento tão desafiador para história do País—disse Marina logo no início da sua fala ao se referir ao presidente do Ibama, que a acompanha na comissão.

Agostinho foi candidato à reeleição como deputado federal em 2022, mas não se reelegeu. Ele foi nomeado presidente do Ibama, por Marina, em janeiro deste ano.

A negativa do instituto provocou uma forte reação que levou ao pedido de desfiliação do senador Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso, do partido de Marina, a Rede.

Na manhã dessa quarta-feira (24), a Petrobras divulgou comunicado ao mercado em que informa que vai protocolar, ainda nesta semana, pedido ao Ibama para reconsiderar a negativa de licença ambiental para perfurar um poço na Bacia da Foz do Amazonas, em águas profundas do Amapá.

Na terça-feira, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que a decisão de negar a licença estava tomada e seria cumprida. Mas afirmou que a companhia poderia dar início a um novo processo de licenciamento ambiental.

A Bacia da Foz do Amazonas fica na chamada Marquem Equatorial, região que se estende do Amapá ao Rio Grande do Norte e é considerada a nova fronteira petrolífera no Brasil. A área abriga grande biodiversidade marinha, colocando em lados opostos a ministra Marina e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

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