Mascarados, agentes de imigração dos EUA detêm estudante turca; veja vídeo
Prisão ocorre em meio à repressão do governo de Donald Trump contra manifestações estudantis pró-Palestina em universidades norte-americanas
Agentes do Departamento de Segurança Interna (DHS) dos Estados Unidos detiveram a estudante turca Rumeysa Ozturk, de 30 anos, na noite de terça-feira, sob a acusação de envolvimento em “atividades de apoio ao Hamas”. A prisão ocorre em meio à repressão do governo de Donald Trump contra manifestações estudantis pró-Palestina em universidades norte-americanas.
Segundo a CNN, a estudante cursava doutorado na Universidade de Tufts, foi detida por seis agentes à paisana nas proximidades de seu apartamento, perto do campus de Somerville, em Massachusetts. De acordo com o relato da advogada Masha Khanbabai à CNN, os agentes não apresentaram seus distintivos até que Ozturk estivesse fisicamente contida.
— As investigações do DHS descobriram que Ozturk estava envolvido em atividades de apoio ao Hamas. Um visto é um privilégio, não um direito. Glorificar e apoiar terroristas que matam americanos é motivo para que a emissão de vistos seja encerrada. Isso é segurança de senso comum — disse o porta-voz do DHS à agência Associated Press.
The horrific moment that Tufts grad student and anti-war activist Rumeysa Ozturk was detained (kidnapped) by Trump’s ICE thugs.
— Working Mass (@DSAWorkingMass) March 26, 2025
Somerville, MA #FreePalestine #FreeRemeysa pic.twitter.com/eetyAN1LSF
O vídeo da abordagem, capturado por câmeras de vigilância do bairro, mostra os agentes cobrindo os rostos com panos, máscaras e óculos escuros. Uma voz, fora das imagens, reage: “É, vocês não parecem. Por que estão escondendo seus rostos?” Após cerca de um minuto de abordagem, Ozturk foi levada a um SUV.
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Juíza pediu explicações
Segundo a CNN, a juíza federal Indira Talwani deu prazo até sexta-feira para que o governo explique os motivos legais da detenção. Até a noite desta quarta, o sistema online do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) listava Ozturk como detida no Centro de Processamento do ICE do Sul da Louisiana, em Basile.
Na quarta-feira, centenas de pessoas se reuniram em protesto em um parque local, exigindo a libertação de Ozturk e denunciando a política imigratória do governo. “Libertem Rumeysa Ozturk agora”, gritavam os manifestantes, com bandeiras palestinas e cartazes contra o ICE.
O governo norte-americano afirma que o visto F-1 da estudante foi cancelado. No entanto, ainda de acordo com a CNN, a estudante não foi formalmente acusada até o momento. A Universidade de Tufts declarou não ter tido conhecimento prévio da prisão, tampouco fornecido qualquer informação às autoridades.
O que diz a universidade
“A universidade não compartilhou nenhuma informação com autoridades federais antes do evento, e o local onde isso ocorreu não é afiliado à Tufts University”, disse o presidente da instituição, Sunil Kumar, em comunicado. “Pelo que nos foi dito posteriormente, o status do visto do aluno foi encerrado, e buscamos confirmar se essa informação é verdadeira”, acrescentou.
Kumar classificou o vídeo da prisão como “perturbador” e acrescentou: “Reconhecemos o quão assustadora e angustiante esta situação é para (Ozturk), seus entes queridos e a comunidade em geral aqui em Tufts, especialmente nossos alunos, funcionários e professores internacionais que podem estar se sentindo vulneráveis ou perturbados por esses eventos”.
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Governo turco acompanha o caso
O governo turco afirmou estar acompanhando o caso. “Iniciativas foram tomadas com o Departamento de Estado dos EUA, a Unidade de Imigração e Fiscalização Aduaneira e outras unidades autorizadas. Todos os esforços estão sendo feitos para fornecer os serviços consulares e o suporte legal necessários para proteger os direitos de nossos cidadãos”, publicou a embaixada turca na rede X.
O caso de Ozturk ocorre em um momento de escalada da repressão às manifestações estudantis em apoio à Palestina nos EUA. Donald Trump tem como alvo universidades que permitem tais protestos, cortando recursos federais e ordenando a deportação de estudantes estrangeiros envolvidos.
Na Universidade de Columbia, por exemplo, o palestino e residente permanente Mahmoud Khalil também foi detido este mês, enquanto uma juíza barrou a prisão da sul-coreana Yunseo Chung. Um grupo de professores processou o governo Trump em Massachusetts, e entidades como a Associação Americana de Professores Universitários e a Federação Americana de Professores pediram a reversão do corte de US$ 400 milhões no orçamento da Columbia.