Medalhista olímpica, ex-Duma: quem é a mulher apontada como affair de Putin
Alina Kabaeva voltou aos holofotes públicos para promover academias de ginástica em meio a especulações sobre romance com chefe do Kremlin e sanções pela guerra
Uma das ginastas rítmicas mais premiadas na História da Rússia, Alina Kabaeva pôs fim a um período de reclusão e voltou aos holofotes, nos últimos meses, para promover sua academia Sky Grace. A "reaparição" da ex-atleta em eventos públicos chamou a atenção da mídia internacional, que a descrevera, no passado, como "companheira" do presidente Vladimir Putin (e suposta mãe de dois filhos do chefe do Kremlin).
A relação entre Alina e Putin nunca foi confirmada pelos envolvidos, mas a proximidade entre ambos foi base para a imposição de sanções pelos Estados Unidos, pelo Reino Unido e pela União Europeia, em 2022, na esteira da deflagração da guerra na Ucrânia.
A ex-atleta é tida como uma das figuras proeminentes da elite russa — e também uma das mais reservadas. Ela ganhou notoriedade no país pela carreira no esporte antes de enveredar pela política russa e ascender rapidamente no mundo empresarial.
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Antes de se aposentar no esporte, ela ganhou duas medalhas olímpicas, incluindo o ouro no Individual Geral de Ginástica Rítmica nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004. A russa também conquistou 14 medalhas do Campeonato Mundial e 21 do Campeonato Europeu.
Com o fim de sua carreira como atleta, Alina passou a fazer política, servindo vários anos como parlamentar do partido governista Rússia Unida na Duma, a Câmara dos Deputados russa. Enquanto estava no Parlamento, ela também foi capa da Vogue Rússia em 2011, num de seus raros contatos com a imprensa.
Em 2014, ela renunciou à Duma e assumiu o cargo de presidente do conselho de administração do National Media Group (NMG), um grande conglomerado de mídia local que se descreve como "a maior holding de mídia privada russa". Segundo o The Insider, um meio de comunicação russo independente, ela teria recebido um salário anual de cerca de US$ 10 milhões.
Foi durante um evento de aniversário do NMG, em fevereiro de 2023, numa rara aparição pública, que Alina classificou a propaganda de guerra como "tão importante" quanto o armamento.
— O trabalho de informação hoje nas condições em que vivemos e lutamos por nosso país é como uma arma de guerra. Ele é tão importante quanto o fuzil de assalto Kalashnikov. E os correspondentes de guerra sabem disso. Vamos trabalhar — disse Alina.
Em 2022, com a guerra da Ucrânia já em curso, ela anunciou que abrir a Sky Grace, uma associação internacional de academias de ginástica rítmica. Segundo a BBC, Putin indicou a abertura de uma filial no resort russo de Sochi e, pouco depois, a escola ganhou da companhia estatal de gás natural Gazprom uma construção "de presente", ao custo de cerca de 2 bilhões de rublos (R$ 120 milhões).
Como chefe da Sky Grace, Alina ganhou o privilégio de aprovar calendários de disputas, regras de torneios e até premiações. Em 2024, nos Jogos do Brics, em Kazan, a equipe da Sky Grace competiu como entidade autônoma, separada da equipe russa.
Filhos de Alina com Putin?
A suposta relação deles foi revelada pela mídia russa Moscow Correspondent em 2008. Na época, especulava-se que os dois já mantinham um relacionamento, considerando que eles se conheciam, no mínimo, desde 2001, quando Putin concedeu à então atleta a Ordem da Amizade, uma das maiores honrarias do país.
O presidente russo, no entanto, já refutou ter um relacionamento com a ex-ginasta, permanecendo discreto em assuntos relacionados a sua vida pessoal. Ele foi casado com Lyudmila Putina por 30 anos, até eles terminarem a união, em 2013. Alina, por sua vez, também negou qualquer vínculo afetivo com o presidente russo.
Segundo a Newsweek, o Kremlim teria, inclusive, impedido que notícias ligando Putin e Alina fossem publicadas na imprensa local. Em 2008, o jornal Moskovsky Korrespondent foi fechado por uma semana após ter noticiado que Putin estaria se separando de Lyudmila por causa do relacionamento com a ex-ginasta. No entanto, um dos responsáveis pela empresa disse, na ocasião, que a decisão de fechar o veículo não havia sido política. Um ex-vice-editor do jornal, no entanto, negou essa versão.
Alina deu à luz seu primeiro filho numa clínica de luxo em Lugano, na região de Ticino, na Suíça, em 2015. A segunda criança teria nascido em Moscou, em 2019. O mesmo médico, um ginecologista suíço de origem russa, cuja identidade foi preservada pelo jornal Tages-Anzeiger, teria atuado em ambos nascimentos. Uma obstetra próxima a ele explicou que seu colega é um antigo conhecido de Putin, desde a juventude, em São Petersburgo (quando ainda era Leningrado).
Alina teria viajado para a Suíça para ter seu primeiro filho como uma medida para não chamar atenção da mídia, mas foi em vão, e a imprensa internacional noticiou o suposto nascimento da criança. À época, o porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, negou a informação e a chamou de "farsa jornalística".
Em 2015, Putin não teria acompanhado Alina na viagem, segundo os relatos ao jornal suíço. Já em 2019, a estratégia adotada seria outra. Alina Kabaeva teria dado à luz em Moscou, em vez de regressar à Clínica Sant'Anna, em Lugano, por uma "decisão de Putin", conforme contou a obstetra. À época, houve uma postagem sobre o nascimento do bebê num site russo, mas foi rapidamente excluída, segundo o Tages-Anzeiger.