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Medicamento para forma grave de psoríase é incorporado ao SUS

Inclusão foi publicada no Diário Oficial da União de 21 de setembro. A partir dessa data, o Ministério da Saúde tem 180 dias para disponibilizar o remédio

Skyrizi (risanquizumabe) está sendo incorporado no SUSSkyrizi (risanquizumabe) está sendo incorporado no SUS - Foto: Divulgação/Companhia Biofarmacêutica AbbVie

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O medicamento Skyrizi (nome comercial do risanquizumabe), indicado para o tratamento de adultos com psoríase em placas do tipo moderado a grave, foi incorporado pelo SUS (Sistema Único de Saúde) após recomendação pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde).

A inclusão foi publicada no Diário Oficial da União de 21 de setembro de 2020. A partir dessa data, o Ministério da Saúde tem 180 dias para disponibilizar o remédio.

A dispensação do Skyrizi pelo SUS é indicada a pacientes que já tentaram, sem melhora, outros tratamentos convencionais contra a doença crônica e autoimune, de caráter inflamatório, cuja principal manifestação são placas avermelhadas espessas na pele, cobertas por escamas esbranquiçadas ou prateadas.

Na rede privada, anualmente, o custo do tratamento pode passar de R$ 70 mil por pessoa. No país, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, a psoríase afeta mais de 5 milhões de pessoas.

O fármaco foi aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) desde 27 de maio de 2019, com base em estudos clínicos que indicaram que mais de 80% dos pacientes atingiram resposta sustentada das lesões na pele e cerca de 60% alcançaram melhora completa das lesões ao longo de 52 semanas.

O risanquizumabe bloqueia a proteína que causa a inflamação e melhora as lesões e o aspecto da pele.

O Skyrizi é uma injeção subcutânea, e o próprio paciente pode aplicá-la. Segundo o dermatologista Paulo Oldani, chefe de Dermatologia do Hospital Federal dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro, são indicadas duas aplicações no primeiro dia, outras duas após 4 semanas e depois mais duas injeções a cada 12 semanas.

"A eficácia é alta, e a segurança boa. Conseguimos ter um controle da doença que há uns dez anos nem sonhávamos. No início dos anos 2000 esperava-se uma melhora de 50% das lesões. A evolução do tratamento foi aumentando e hoje em dia a meta é tentar que o paciente tenha poucas lesões ou nenhuma. Essa medicação consegue que mais de 80% dos pacientes fique praticamente sem lesões", explica Oldani.

De acordo com o Ministério da Saúde, atualmente o tratamento da psoríase no SUS tem como objetivo ajudar os pacientes a alcançarem períodos prolongados de remissão da doença.

Além de tratamentos fototerápicos, são ofertados medicamentos como ciclosporina (cápsulas ou solução oral), metotrexato (comprimido ou injetável), acitretina (cápsulas), calcipotriol (pomada), clobetasol (creme) e dexametasona (creme).

Além das lesões -que podem ocasionar coceira, desconforto, queimação, descamação, inchaços e rigidez nas articulações- a doença pode causar artrite e deformar as mãos.

De acordo com a dermatologista Juliana Toma, a doença acomete principalmente os joelhos, cotovelos, tronco, as unhas e o couro cabeludo. "Traumas, infecções, consumo de álcool e cigarro, anti-inflamatórios e estresse podem agravar as lesões", afirma.

A psoríase é comum entre os adultos, com dois picos mais frequentes: de 20 a 30 anos, e entre 50 e 60 anos. Segundo a Associação Nacional dos Portadores de Psoríase, em 15% dos casos a doença aparece durante a infância.

Muito além de questões estéticas da pele, a psoríase afeta a qualidade de vida nas atividades diárias, o contato social e a autoestima.

"O paciente sofre preconceito pelo fato de as pessoas pensarem que é uma doença contagiosa, mas não é. Geralmente, o doente opta pelo isolamento ou deixa de frequentar praias e locais onde fica menos vestido", diz Oldani.

A reportagem questionou o Ministério da Saúde sobre os custos do medicamento ao SUS e a forma de dispensação, mas o órgão não respondeu até a conclusão deste texto.

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