Médicos cubanos denunciam 'colapso' hospitalar e pedem respeito a seu trabalho
Um segundo grupo de médicos cubanos de Holguín denunciou nesta quarta-feira (18) o "colapso" do sistema de saúde da província e exigiu respeito ao seu trabalho, assim como insumos para cuidar dos pacientes, enquanto as infecções pela covid-19 disparam nesta localidade do leste da ilha.
“Denunciamos veementemente o colapso sanitário na província de Holguín e exigimos que sejamos tratados com respeito e que nos sejam fornecidos os meios de proteção adequados para podermos trabalhar”, afirmou o Dr. Reinier Ávila, especialista em Medicina Interna em um vídeo que foi produzido em 16 de agosto.
O governo, após um primeiro vídeo, respondeu com mensagens de apoio aos médicos, embora alguns dos reclamantes tenham dito que eles estavam sofrendo represálias em seus locais de trabalho.
Leia também
• Rússia envia dois aviões de ajuda humanitária a Cuba
• Cuba nega 'repressão contra o povo' e critica sanções americanas
• Crise em Cuba derruba Lula em popularidade digital, e internação impulsiona Bolsonaro
Nesta quarta-feira, o jornal oficial Granma dedicou a eles a principal reportagem de capa. “Graças aos nossos heróis, médicos, enfermeiras, técnicos, pessoal de apoio, estudantes”, disse o jornal em uma publicação com várias fotos desses profissionais.
No entanto, a inconformidade dos médicos voltou a ser expressa com novas mensagens em vídeo veiculado nas redes sociais na quarta-feira, fato raro em Cuba, onde o serviço médico é o orgulho e a espinha dorsal do sistema social do país.
O vídeo se junta a um publicado na mesma província por outro grupo de médicos em resposta às críticas do Primeiro-Ministro, Manuel Marrero, constatando que houve um grande número de reclamações de "maus tratos, negligência" por parte do pessoal de saúde.
Nesse primeiro vídeo, vários profissionais de saúde apontaram que os médicos têm trabalhado muito e que o colapso da saúde não é culpa deles.
Nesta quarta-feira, outros 14 pediram "mais apoio ao pessoal de saúde" e "menos reclamações", disse Jorge L. Baéz, especialista em Angiologia e Cirurgia Vascular.
Pouco depois da publicação do primeiro vídeo, o governo informou que Cuba enfrentava "limitações" no fornecimento de oxigênio a pacientes com covid-19 devido a uma falha na planta que o produz.
Díaz-Canel realizou uma reunião de alto nível no domingo para resolver a falta de oxigênio nos hospitais, especialmente em Holguín.
O país de 11,2 milhões de habitantes, que havia alcançado um baixo índice de infecções, registrou forte aumento desde julho, com 84 mortes e 8.666 infecções notificadas nas últimas 24 horas, somando 4.240 mortes e 545.275 casos desde o início da pandemia.