Covid-19

Memorial da Covid-19 vai ser construído no campus da Fiocruz, em Manguinhos

Na maior crise sanitária enfrentada pelo país, com inúmeras trajetórias interrompidas e famílias enlutadas

Castelo Mourisco, sede da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em ManguinhosCastelo Mourisco, sede da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Manguinhos - Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A pandemia que deixou mais de 700 mil mortos no Brasil, sendo mais de 76 mil no Rio de Janeiro, foi um dos episódios mais tristes da história recente da humanidade.

Na maior crise sanitária enfrentada pelo país, com inúmeras trajetórias interrompidas e famílias enlutadas, a ciência provou sua importância e a capacidade de produzir em tempo recorde as vacinas que trouxeram esperança para a população.

Para que ninguém esqueça esses tempos sombrios e que as futuras gerações tomem conhecimento desse momento histórico e o que ele significou para a sociedade, a cidade vai ganhar um Memorial da Covid-19, que será instalado no campus da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Manguinhos, na Zona Norte.

A ideia é que o monumento sirva não só para lembrar as vidas perdidas, mas também para ajudar a promover uma reflexão sobre o contexto em que se deu a pandemia e as mudanças que ela provocou na vida das pessoas, além de destacar a importância da ciência.

O projeto do memorial está sendo escolhido por um concurso público de abrangência nacional realizado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RJ). Foram homologadas 92 inscrições, sendo que 88 enviaram os projetos dentro do prazo, já encerrado.

As próximas etapas serão o anúncio do resultado, no dia 21, com homologação e premiação dos três primeiros colocados, que receberão valores entre R$ 8 mil e R$ 20 mil, no dia 23.

Caberá ao vencedor desenvolver o projeto, cujo custo total será de R$ 1,5 milhão, pago pela fundação. A expectativa é que a pedra fundamental seja lançada em 5 de agosto. Ainda não há uma data definida para a entrega da obra.

Sete especialistas
O monumento será erguido numa área com 2,5 mil metros quadrados, dentro do campus de Manguinhos, à esquerda de quem entra pelo portão principal da Avenida Brasil, num espaço arborizado, com um lago e um chafariz. Logo à frente, está o Centro de Recepção do Museu da Vida.

— A ideia é que tudo isso fique integrado, dentro de um projeto que estamos fazendo de acolhimento dos visitantes — explica Marcos José Pinheiro, diretor da Casa de Oswaldo Cruz, um dos institutos que compõem a Fiocruz, cujo conjunto arquitetônico é candidato a Patrimônio Mundial pela Unesco.

Segundo Pinheiro, o memorial que será erguido no local se associa a um movimento que ocorre no mundo todo de monumentos relativos às chamadas “memórias difíceis, sensíveis ou traumáticas”. Ele explica que são espaços alusivos não só à rememoração dos acontecimentos, mas também que possibilitem um reflexão acerca do contexto em que tudo se deu.

"A percepção muda de acordo com a pessoa e se transforma no tempo. Com certeza, as gerações futuras, que visitarão o memorial, vão ter percepções distintas daqueles que vivenciaram o fato. Isso é importante para a gente não deixar passar em branco e ter esse espaço para a reflexão, celebração e encontro das pessoas que viveram intensamente tudo isso ",mafirma.

Segundo Pinheiro, o edital buscou dar total liberdade de criatividade aos proponentes. Porém, trouxe recomendações para que não houvesse personalização com nomes de vítimas da Covid-19, referências de cunho religioso ou exaltação à instituição que encomendou a obra.

As principais restrições foram de ordem física, porque o projeto será erguido num espaço com áreas tombadas tanto pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac).

A análise dos projetos caberá a um júri composto por cinco arquitetos e urbanistas, uma historiadora e uma médica. Os sete integrantes vão se reunir presencialmente esta semana, no IAB-RJ, para concluir a avaliação dos trabalhos apresentados.

— É um memorial importante por representar um não apagamento do que aconteceu na nossa história recente — diz a presidente do IAB-RJ , Marcela Abla, lembrando que o instituto tem expertise na realização de concursos públicos para escolha de projetos de monumentos e memoriais.

Um dos mais famosos é o Monumento Nacional aos Mortos na Segunda Guerra Mundial, mais conhecido como Monumento aos Pracinhas, no Aterro do Flamengo, obra dos arquitetos Marcos Konder Netto e Hélio Ribas Marinho, nos anos 1950.

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