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Violência

Menino de 11 anos baleado na cabeça é a 5ª criança morta no Rio em 2020

A morte está sendo apurada pela Delegacia de Homicídios da capital, que não deu detalhes do que ocorreu

Kauã de 11 anos, morto na favela da MaréKauã de 11 anos, morto na favela da Maré - Foto: Reprodução

Um menino de 11 anos foi baleado na cabeça e morreu na madrugada desta quinta-feira (25) no complexo de favelas da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro. Ele é ao menos a quinta criança morta por disparo de arma de fogo no estado fluminense neste ano, segundo a ONG Rio de Paz.

Kauã Vitor da Silva foi atendido na UPA (unidade de pronto atendimento) da região e depois foi levado ao Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro da cidade, onde deu entrada às 3h42, mas não resisistiu aos ferimentos, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.

Os policiais que foram verificar a ocorrência no hospital "foram informados de que o menino teria sido atingido em frente à sua residência no Complexo da Maré, e que o disparo teria sido realizado acidentalmente por outro menor de idade, que manuseava a arma", afirmou a Polícia Militar.

A morte está sendo apurada pela Delegacia de Homicídios da capital, que não deu detalhes do que ocorreu. A Polícia Civil disse apenas que equipes foram ao hospital para buscar informações, que outras diligências estão sendo realizadas e que a ocorrência está em andamento.

Mais cedo, a corporação havia divulgado uma nota dizendo que o caso "inicialmente aponta para a participação de narcotraficantes que atuam no Complexo da Maré, os quais são os maiores violadores dos direitos humanos da população local, cooptando menores para trabalharem armados no tráfico, e impondo o terror e a opressão aos moradores".

O comunicado segue afirmando que "todos os participantes desse crime serão identificados e terão suas prisões requeridas à Justiça, inclusive as lideranças locais. A Secretaria de Polícia Civil do Estado reafirma seu compromisso com a garantia da liberdade e direitos dos cidadãos de bem que vivem oprimidos por organizações criminosas atuantes em comunidades".

O delegado responsável pela divisão, Daniel Rosa, declarou ao jornal O Globo que vai indiciar pelo crime Thiago da Silva Folly, o TH, chefe do tráfico de drogas da Vila do Pinheiro, área dentro da Maré onde ocorreu o crime. "O criminoso chefe daquela comunidade responde por todos os crimes ocorridos na região", disse. A reportagem tentou contato com o delegado, mas não conseguiu.

TH, 31, é acusado de ter praticado diversos homicídios e tentativas de homicídio, ocultação de cadáver, corrupção de menores, tráfico de drogas, associação criminosa e roubo. Ele já teve 14 mandados de prisão expedidos, segundo o Disque Denúncia, que oferece R$ 1.000 por informações sobre sua localização.

De acordo com O Globo, os investigadores apuram se o adolescente que teria disparado a arma acidentalmente foi morto por traficantes após o incidente. O delegado Antônio Ricardo, diretor do Departamento Geral de Homicídios, afirmou que deve ser realizada uma reprodução simulada do caso.

Para isso, a polícia terá que justificar a ação por escrito ao Ministério Público, já que o ministro do STF Edson Fachin decidiu no último dia 5 que as polícias do Rio de Janeiro só podem realizar operações em favelas durante a pandemia do novo coronavírus "em hipóteses absolutamente excepcionais".

Outras crianças mortas 
Kauã Vitor da Silva é ao menos a quinta criança de até 14 anos vítima da violência no estado do Rio em 2020, segundo a ONG Rio de Paz. O número já se aproxima da quantidade do ano passado inteiro, quando foram contadas seis crianças mortas. Neste ano, a primeira foi Anna Carolina de Souza Neves, 8, atingida por uma bala perdida na cabeça no sofá de casa em Belford Roxo, na região metropolitana, em 9 de janeiro. Vinte dias depois, foi a vez de João Vitor Moreira dos Santos, 14, também baleado na cabeça quando voltava de uma festa com a família no bairro Vila Kosmos, zona norte do Rio.

Em 6 de fevereiro, Luiz Antônio de Souza Ferreira da Silva, 14, foi atingido na perna assim que saiu de uma consulta no psicólogo com a mãe adotiva em São João de Meriti, também na região metropolitana, e morreu no dia seguinte.
O caso mais recente havia sido o do menino João Pedro Mattos, 14, que causou grande comoção. Ele foi baleado nas costas dentro da casa de seus tios durante uma operação. Os três policiais que fizeram a incursão dizem que houve troca de tiros com bandidos que fugiram pelo muro, mas os primos de João afirmam que não havia bandidos e que os agentes chegaram atirando.

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