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Gaza

Menino de 3 anos morre após ser atingido por pacote de ajuda humanitária em Gaza

Organizações de direitos humanos têm denunciado lançamentos aéreos de ajuda no enclave, que vive um desastre humanitário sem precedentes

rganizações de direitos humanos têm denunciado os lançamentos aéreos de ajuda no enclaverganizações de direitos humanos têm denunciado os lançamentos aéreos de ajuda no enclave - Foto: Ahmad Gharabli / AFP

Um menino palestino de 3 anos foi morto em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, após ser atingido por um pacote de ajuda humanitária lançado do ar no último sábado (19), enquanto a família tomava café da manhã, segundo a CNN.

Organizações de direitos humanos têm denunciado os lançamentos aéreos de ajuda no enclave, que vive um desastre humanitário sem precedentes.

O avô de Sami, Ayyad, contou que vários membros da família tentaram se proteger em suas tendas improvisadas, mas o pacote caiu e matou o neto instantaneamente, ferindo também a tia e o primo dele.

"Eu estava sentado aqui com o menino, e no momento em que o deixei... o pacote caiu sobre ele ", disse Ayyad.

"Houve apenas um segundo entre eu e ele. Eu o peguei e comecei a correr. Não temos hospitais. Eu corri como louco, mas o menino morreu instantaneamente. Eu não consegui salvá-lo. O sangue começou a sair do nariz e da boca dele."

Os Emirados Árabes lançaram 81 pacotes de comida em Khan Younis no sábado, de acordo com a agência israelense que controla o fluxo de ajuda para Gaza. Mais de 10 mil foram lançados nos últimos meses, disse a agência.

"Não queremos ajuda. Queremos dignidade ", disse Ayyad.

"Chega de humilhação e insulto que estamos recebendo dos árabes, não apenas dos israelenses. Aqueles que não têm misericórdia de nós, olhem para nossas crianças, nossas mulheres, nossos idosos.

Organizações de direitos humanos têm criticado lançamentos aéreos de ajuda humanitária como uma abordagem ineficaz para resolver a crise sem precedentes no enclave palestino, pedindo que Israel alivie o controle para a realização de travessias terrestres.

Antes da guerra, 500 caminhões de ajuda humanitária entravam diariamente em Gaza, aponta a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA, na sigla em inglês).

"Somos seres humanos, não animais para se jogar comida do céu ", acrescentou o tio do garoto, Mohammed.

Sem comida
A ONU estimou na semana passada que a população da Faixa de Gaza está enfrentando as piores restrições que limitam a ajuda humanitária desde o início da guerra há um ano, alertando especialmente sobre o impacto devastador dessa situação nas crianças.

"A quantidade de ajuda humanitária que foi enviada em agosto à Faixa de Gaza foi a mais baixa em um mês desde quando estourou a guerra ", denunciou James Elder, o porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

"Em vários dias durante a semana passada não se autorizou entrar nenhum caminhão. Provavelmente, estamos assistindo às piores restrições jamais vistas em matéria de ajuda humanitária."

No início do ano, quando a ONU temia uma crise de fome na Faixa de Gaza, houve "uma verdadeira pressão para abrir novas rotas e novos pontos de acesso", destacou Elder.

Mas hoje, "a situação é totalmente contrária", explicou, acrescentando que desde maio, "os pontos de entrada foram sistematicamente bloqueados". Segundo ele, o norte da Faixa "não recebeu nada de comida, nenhuma ajuda alimentar durante todo o mês de outubro".

Cerca de 345 mil habitantes de Gaza enfrentarão níveis "catastróficos" de insegurança alimentar neste inverno diante da redução da ajuda humanitária, alertou a ONU. O número é muito maior do que os 133 mil que atualmente são considerados em situação de "insegurança alimentar catastrófica", de acordo com o relatório de "Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar".

Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, dos quase 42 mil mortos na guerra, cerca de 16,5 mil são crianças. No mês passado, o órgão divulgou um relatório de 649 páginas com os nomes de todos os que morreram desde outubro de 2023: nas primeiras 14 páginas, todas as vítimas tinham menos de um ano de idade.

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