Merck anuncia compra da empresa de biotecnologia Prometheus por US$ 10,8 bilhões
Aquisição é um dos maiores negócios farmacêuticos na história recente e reforça segmento de pesquisa e portfólio de medicamentos autoimunes da empresa alemã
A farmacêutica alemã Merck anunciou um acordo para compra da empresa de biotecnologia Prometheus Biosciences por cerca de US$ 10,8 bilhões, para reforçar seu segmento de pesquisa e fortalecer seu portfólio de medicamentos para doenças autoimunes.
Sob os termos do contrato de aquisição, a Merck, por meio de uma subsidiária, adquirirá todas as ações em circulação da Prometheus, especializada em tratamentos para doenças autoimunes, por US$ 200 a ação. Isso representa prêmio de 75% em relação ao preço de fechamento das ações da Prometheus na sexta-feira.
Leia também
• Sociedade deve se engajar no combate à desinformação, diz pesquisadora
• Oceanos 2023: mais de 2,6 mil obras de 12 nacionalidades concorrem à premiação
• Ações do Google caem 3,9% por temor de que Bing vire buscador padrão de celulares Samsung
A aquisição, um dos maiores negócios farmacêuticos na história recente, está sujeita à aprovação dos acionistas da Prometheus Biosciences. O acordo de compra, no entanto, vem no momento em que a Keytruda, droga contra o câncer da Merck de grande sucesso, enfrenta um processo de expiração de patente iminente.
A Merck está em busca de negócios que possam protegê-la da perda de receita caso a Keytruda perca a proteção de patente. E a Prometheus tem um portfólio que aumenta sua presença no setor de imunologia, incluindo um tratamento experimental promissor para colite ulcerativa e doença de Crohn.
“O acordo com a Prometheus vai acelerar nossa presença no campo da imunologia de maneira forte, onde continua a haver necessidades significativas não atendidas para os pacientes. E nos permitirá crescimento sustentável até a década de 2030, devido à longa vida útil da patente”, disse o presidente-executivo da Merck, Robert Davis, em um comunicado.
A expiração de patentes está impulsionando a atividade de fusões e aquisições no setor farmacêutico. Ao todo, os grandes laboratórios dos Estados Unidos têm a perder mais de US$ 200 bilhões em vendas anuais até 2030.
A situação da Merck é a mais notável, segundo relatório de março dos analistas farmacêuticos Michael Shah e John Murphy, publicado pela Bloomberg Intelligence.
“A Merck é a mais exposta à expiração de patentes entre grandes empresas farmacêuticas com US$ 55 bilhões em vendas perdendo proteção ao longo de 2023-2030”, escreveram os analistas. “A Keytruda responde por 60% e pode enfrentar a concorrência de biossimilares a partir de 2028.”
Mais aquisições
Em novembro, a Merck concordou comprar a Imago BioSciences, uma empresa de biotecnologia que desenvolve tratamentos para leucemia, por US$ 1,35 bilhão. Outro acordo antecipado pela Merck foi da gigante Seagen, que acabou não se concretizando porque as empresas não conseguiram acertar um preço. No mês passado, a Pfizer adquiriu a Seagen por US$ 43 bilhões.
A Prometheus, sediada em San Diego, Califórnia, não possui produtos atualmente. Suas ações subiram em dezembro após resultados positivos nos testes com sua droga PRA023 para doença de Crohn e a colite ulcerosa, duas formas de doenças inflamatórias intestinais. O PRA023 também está em testes para tratar doença pulmonar intersticial associada à esclerose.
A Merck espera concluir a compra no terceiro trimestre, disse a empresa com sede em Rahway, Nova Jersey. O Morgan Stanley atuou como consultor financeiro da Merck enquanto a Centerview Partners e a Goldman Sachs aconselharam a Prometheus.