Merkel 'preocupada' com acesso às vacinas contra Covid-19 apesar das promessas do G20
A cúpula das 20 maiores economias do mundo é realizada neste ano por videoconferência sob a presidência da Arábia Saudita
Os líderes do G20 prometeram neste domingo (22) "não poupar esforços" para garantir um acesso igualitário às vacinas contra a covid-19, segundo a declaração final da cúpula, em tom consensual mas com poucas medidas concretas.
"Não pouparemos esforços para garantir seu fornecimento acessível e igualitário para todos", diz o texto, referindo-se a vacinas, testes e tratamentos contra o novo coronavírus.
A cúpula das 20 maiores economias do mundo é realizada neste ano por videoconferência sob a presidência da Arábia Saudita, país muito criticado pelas organizações de defesa dos direitos humanos.
À medida em que a pandemia avança no planeta, com mais de 57 milhões de casos e 1,3 milhão de mortos, os presidentes e chefes de governo optaram pelo consenso no combate ao vírus.
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"Apoiamos plenamente todos os esforços de colaboração", diz a declaração final, em referência aos dispositivos de combate ao vírus coordenados pela Organização Mundial da Saúde.
Também se comprometem a "abordar as necessidades financeiras globais restantes".
Os Estados Unidos anunciaram no domingo que esperam começar sua campanha de vacinação em meados de dezembro.
O Center for Global Development calcula que os países ricos já reservaram 1,1 bilhão de doses da futura vacina Pfizer/Biontech, uma das mais avançadas, sobre um total de 1,3 bilhão de doses anunciadas para serem produzidas no ano que vem.
No entanto, em sua declaração, o G20 não menciona a quantidade de 28 bilhões de dólares, incluindo 4,2 bilhões de emergência, exigidos pelas organizações internacionais para combater a pandemia.
A chanceler alemã Angela Merkel, há 15 anos no poder, afirmou neste domingo estar "preocupada porque nada foi feito ainda" de concreto para garantir vacinas para os países mais pobres.
- "Compromisso" com a dívida -
O G20 também abordou a complexa questão da dívida dos países pobres, que disparou como resultado da crise econômica provocada pela pandemia.
Os líderes do G20 dizem estar "comprometidos para implementar" a chamada Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI), "incluindo sua prorrogação até junho de 2021", diz o texto.
Vinte e nove dos países mais favorecidos do mundo estão utilizando este mecanismo para permitir aos países pobres endividados com eles suspender o pagamento dos juros de suas dívidas até junho de 2021.
Mas enquanto as Nações Unidas esperavam que este prazo fosse prorrogado até o final de 2021, o G20 deixa nas mãos de seus ministros das Finanças a "análise" desta questão para o ano que vem.
Neste sentido, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, cujo país negocia com o Fundo Monetário Internacional (FMI) a questão da dívida, afirmou no sábado em seu discurso no G20 que o país fez "um enorme esforço fiscal" e pediu "a ação do mundo e dos organismos internacionais de crédito".
As grandes potências, que já gastaram cerca de 11 trilhões de dólares para salvar a economia mundial, também dizem que estão "determinadas a continuar usando todos os instrumentos disponíveis" para apoiar uma recuperação "desigual" e "muito incerta".
A declaração final usa um tom mais consensual do que nas últimas cúpulas do G20, marcadas pelo conflito pelo clima e pelo comércio, muitas vezes pela relutância de Donald Trump.
Em relação ao meio ambiente, as principais potências reconhecem que o combate à mudança climática "está entre os desafios mais urgentes de nosso tempo".
Nesse sentido, o presidente Jair Bolsonaro reclamou das críticas ao Brasil por sua política ambiental e apresentou um balanço em números para "repelir ataques injustificados proferidos por nações menos competitivas e menos sustentáveis".
Donald Trump, que saiu apressado da reunião no sábado para jogar golfe, aproveitou o discurso de domingo diante de suas contrapartes para criticar mais uma vez o Acordo de Paris, que segundo ele "não foi concebido para salvar o meio ambiente, foi projetado para matar a economia americana".
E no que diz respeito ao comércio, após anos de confrontos entre o governo americano de Trump e a China, mas também com seus sócios europeus, o texto afirma desta vez que "apoiar o sistema multilateral de comércio é agora mais importante do que nunca".