Saúde

Mesmo após mutirão, vacinação infantil contra Covid enfrenta dificuldades

Na primeira semana de abril, apenas 14,6% das crianças de 3 a 4 anos receberam as duas doses contra o coronavírus

Apenas 29,2% das crianças de 3 a 4 anos se vacinaram com a 1ª dose em todo o paísApenas 29,2% das crianças de 3 a 4 anos se vacinaram com a 1ª dose em todo o país - Foto: Ikamanhã/Secretaria de Saúde do Recife

Mesmo após a compra de quase 8 milhões de doses para bebês acima de 6 meses em janeiro, e o lançamento da campanha nacional de vacinação no final de fevereiro, o Ministério da Saúde ainda enfrenta dificuldades para imunizar crianças contra o vírus da Covid-19.

Segundo levantamento da pasta fornecido ao Globo, referente à primeira semana de abril, apenas 29,2% das crianças de 3 a 4 anos se vacinaram com a 1ª dose em todo o país, e 14,6%, com a 2ª dose. Entre 5 e 11 anos a cobertura é maior, mas ainda abaixo do necessário: 73,71% tomaram a 1ª dose, e 53,92% com a 2ª dose.

Incluído na campanha vacinal contra Covid apenas no segundo semestre do ano passado, o público infantil é visto como prioridade pelo governo Lula. A meta é ter ao menos 90% das crianças vacinadas até o final deste ano. Em janeiro, segundo a pasta, a cobertura vacinal contra o vírus entre crianças de 6 meses a 11 anos não passava de 50% em nenhum estado.

Em maio, a aplicação de doses se expande para as escolas, em nova ofensiva para ampliar a cobertura. Crianças e adolescentes poderão se vacinar nos ambientes contra Covid-19, tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba) e poliomielite.

– Estamos trabalhando com um cronograma para fortalecer a vacinação em todo país e buscando aumentar a cobertura vacinal em crianças e adolescentes. Com estados e municípios, pensamos em uma ação de multivacinação para menores de 15 anos com ações diversificadas da rotina, adaptadas às realidades de cada localidade – disse Eder Gatti, diretor do Departamento de Imunização do ministério.

Para a Saúde, a baixa adesão e a hesitação dos pais são frutos da ausência de campanhas para o público e o negacionismo conduzido pela gestão Jair Bolsonaro. Após prejuízo bilionário causado pelo vencimento de imunizantes estocados nos refrigeradores do ministério, a baixa procura acende o alerta para o desperdício de novos lotes de imunizantes.

– O negacionismo é a razão para as vacinas terem vencido. Tivemos até campanhas contra vacina e que desestimulavam a vacinação. Ainda existe um problema bastante sério na vacinação do público infantil devido a um intenso movimento de desinformação – afirmou a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, em entrevista ao Globo em março.

A pasta também planeja, com os municípios, ainda neste mês, a aplicação de vacinas em espaços públicos, como shoppings e rodoviárias para todas as faixas etárias.

Em dezembro, o Ministério da Saúde fechou com a Pfizer a compra de 50 milhões de doses pediátricas da vacina contra a Covid-19, indicadas para crianças acima de 6 meses. A primeira remessa do acordo chegou ao país em janeiro, com 7,7 milhões de doses. No mesmo mês, o ministério distribuiu aos estados 740 mil doses da Coronavac infantil para a retomada da vacinação de 3 a 11 anos.

“Atualmente, todos os estados estão abastecidos com os imunizantes contra a Covid-19. A atual gestão do Ministério da Saúde está totalmente empenhada em resgatar na população brasileira a confiança nas vacinas para que o Brasil volte a ser referência mundial no tema”, diz a pasta em nota.

Em tentativa de melhorar os índices de imunização de crianças, o governo chegou a convidar a apresentadora Xuxa Meneghel como embaixadora da campanha nacional no começo de fevereiro. Ela participou de peças publicitárias para estimular a conscientizar a população sobre o tema.

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