greve

Mesmo com suspensão da greve dos rodoviários, passageiros e motoristas continuam insatisfeitos

Reportagem da Folha de Pernambuco percorreu principais terminais da Região Metropolitana do Recife

Passageiros no T.I Joana BezerraPassageiros no T.I Joana Bezerra - Foto: Davi de Queiroz/Folha de Pernambuco

Nem mesmo a suspensão da greve dos rodoviários da Região Metropolitana do Recife fez com que os passageiros e profissionais poupassem críticas ao sistema e às negociações feitas entre o sindicato da categoria e o Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região.

Nesta quarta-feira (14), a reportagem da Folha de Pernambuco percorreu pelos principais terminais integrados da RMR para verificar, junto aos usuários e trabalhadores, a movimentação e opinião sobre as pautas sugeridas pelo TRT-6.

 

No TI Joana Bezerra, centro da capital, as filas continuam grandes. O local é atendido por 11 linhas de ônibus. A de maior demanda é a TI Joana Bezerra/Boa Viagem. Mesmo com o intervalo de 5 minutos entre os veículos, a correria para conseguir uma vaga é grande.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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A empregada doméstica Maria José de Freitas, de 61 anos, chegou ao local por volta das 7h20 para ir ao trabalho, no bairro de Setúbal, Zona Sul do Recife. Ela vem de Afogados, na Zona Oeste e utiliza o TI Joana Bezerra/Boa Viagem para chegar ao destino. Esperando uma amiga, ela também aguardava por um ônibus que fosse transportar menos pessoas.

“Eu estou achando a movimentação boa. Estou indo e voltando. Eu não fui trabalhar nesses dias de greve, mas acompanhei esses momentos de paralisação. Quanto aos rodoviários, acho que todo mundo tem que procurar as melhoras e isso tem que ser concedido, tanto para eles quanto para a gente”, comentou.

O motorista Robson Martins, de 37 anos, da empresa Borborema, expressou à reportagem a rotina estressante dos profissionais que com ele trabalham. Ele não achou suficiente as negociações entre o sindicato e o TRT-6.

“O sindicato ainda não emitiu uma nota sobre isso para nós. Agora, nos resta trabalhar. O reajuste do ticket alimentação [de R$ 366 para R$ 400], por exemplo, não era o que a gente esperava. Foi pedido um reajuste para R$ 720. Sobre o plano de saúde, temos que esperar para janeiro. Seguimos insatisfeitos. É uma rotina estressante, tendo que dirigir e cobrar, ao mesmo tempo, ter atenção nas portas e subir cadeirantes”, detalhou o profissional.

“A movimentação está tranquila, comparando aos dias de greve. Foi um período de horror para pegar ônibus. Todos os trabalhadores têm direitos e eles estão correndo atrás de algo que é deles. Não estou aqui para julgar, mas também dificulta para a gente”, opinou a passageira Maria Francisca, de 38 anos, que veio de Camaragibe com destino a Boa Viagem.

Propostas acertadas na reunião
A audiência de conciliação aconteceu na sede do TRT-6, no bairro do Recife, centro da capital, e durou mais de cinco horas.

O Tribunal intermediou as negociações entre os representantes da categoria e a Urbana-PE, que representa as empresas de ônibus.

Durante as negociações, ficou acertado o aumento de 4,2% no salário, que representa um reajuste acima da inflação de 0,5%. O piso saiu de R$ 3.061 para R$ 3.189,80. 

O ticket alimentação teve um ajuste de R$ 366 para R$ 400 e o bônus por dupla função, no caso do motorista que cobra passagem, será de R$ 180, que vai ser pago como abono salarial.

A estimativa do Sindicato dos Rodoviários é de que 5 mil trabalhadores possam receber essa bonificação. Por se tratar de um sistema complexo para implementação, não foi definida qualquer negociação concreta sobre o fornecimento de plano de saúde para os funcionários. 

As partes chegaram a um consenso de que o Ministério Público do Trabalho vai iniciar a mesa de debate a partir de janeiro do próximo ano. 

Também ficou decidido que a jornada de trabalho será iniciada com o funcionário se conectando no sistema desde o momento em que ele começar o checklist do veículo. A jornada será encerrada quando o motorista se desconectar após a prestação de contas.

O sistema para o controle dos horários dos motoristas vai continuar sendo por GPS. As empresas se resposanbilizaram em disponibilizar o relatório dos últimos 30 dias trabalhados pelos motoristas para checagem.

O que diz o sindicato da categoria?
A reportagem entrou em contato com o presidente do Sindicato dos Rodoviários do Recife e Região Metropolitana, mas não obteve retorno.

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