Metroviários de Pernambuco decretam paralisação de 24 horas
Categoria reivindica piso salarial, não privatização do sistema e melhorias por parte do Governo Federal
Os metroviários de Pernambuco decidiram paralisar as atividades a partir das 22h desta quarta-feira (12), em sinalização ao Governo Federal, exigindo melhorias na qualidade do transporte, pagamento do piso salarial e a não privatização do sistema. Esta é a primeira interrupção dos trabalhadores do metrô desde o início do governo Lula e em virtude de uma sucessão de problemas que afetam o modal em Pernambuco.
A decisão foi tomada durante uma assembleia na Estação Recife, no bairro de São José, área central da capital pernambucana. A votação pela paralisação foi unânime. A interrupção temporária dos trabalhos vai até as 22h da quinta-feira (13).
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O presidente do Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro-PE), Luís Soares, afirmou que a paralisação se dá por conta de uma sequência de três rodadas de negociações dos metroviários com a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), fazendo as exigências citadas no começo da reportagem. As conversas já haviam sido encerradas, mas, após assinar o acordo coletivo, a CBTU decidiu reabrir essas negociações. Os trabalhadores não aceitaram a retomada sem a apresentação de um fundamento por parte do órgão.
“A empresa [CBTU] assinou a ata que garantia o piso salarial da categoria, que está defasado em R$ 2.725,00, e a causa de movimentação dos trabalhadores. Isso é importante para garantir a manutenção da categoria. Eles assinaram o documento e depois retrocederam a nossa proposta, que foi conversada pelos trabalhadores e pela empresa”, explicou.
Há possibilidade de greve
Durante o evento, o vice-presidente do Sindmetro-PE, Valmir Assis, afirmou que os governos Federal e Estadual querem promover um sucateamento do metrô. Segundo ele, o recado tem que ser dado para a própria categoria, que precisa lutar, em prol dos direitos, mesmo que essa paralisação precise ser convertida em greve.
“Tem algumas palavras que são batidas e, às vezes, a gente se perde nelas. Isso é um acordo coletivo. Nessa luta, ninguém se salva sozinho. Se a gente decidir paralisar, todo mundo tem que aderir. Decisão individual não salva os nossos empregos, não salva o transporte público, não salva nada. É preciso que a gente saia daqui para paralisar 24 horas, e não é uma parada, apenas, é para a gente abrir uma jornada de lutas”, disse.
Após essa paralisação, o analista de planejamento Emanoel Henrique prevê uma quinta-feira caótica em Pernambuco.
“Hoje, o metrô, apesar de ser uma ferramenta que não funciona tão bem, me traz e me leva de uma forma mais rápida que a do ônibus. Querendo ou não, é até mais seguro. É surreal a forma que a gente sofre, apenas querendo fazer o nosso dia a dia, indo e voltando do trabalho. Eu levo 40 minutos daqui [da Estação Recife] até Cajueiro, de ônibus, passo duas horas para chegar”, destaca.
Caio Lucena é ASO de bloqueio do metrô do Recife. Ele afirma que os profissionais já estavam comemorando uma possível vitória dessas negociações com a CBTU, mas lamenta o retrocesso por parte da companhia.
“É como se tivesse voltado atrás uma coisa que já estava encaminhada, por isso que é interessante a gente dar esse alerta para mostrar que a categoria está unida e que não está se fechando para negociação nenhuma. Estamos à disposição. Que a empresa passe, ao menos, uma minuta dizendo o porquê que devemos abrir uma nova negociação, porque até agora a gente está sem saber”, comenta.
Segurança é ponto crítico, diz usuário
Usuário do metrô do Recife, Jônatas Bacelar destaca a precariedade do sistema metroviário que usa e traz a segurança como o ponto mais crítico.
“A qualidade é péssima, porque existe drogas, vendas de produtos ilegais. Como é que vai ficar? Cadê a segurança? Cadê os policiais? Tem policial quando vocês [a reportagem] estão aqui, divulgando com a câmera. Só tem policiamento para inibir os vendedores de pipoca. É cada vez mais reduzido esse quadro. Eu acho que a empresa em si [CBTU] tem que valorizar os profissionais que estão trabalhando lá [no metrô]”, pontua.
Resposta da CBTU
A Folha de Pernambuco entrou em contato com a CBTU, que disse, em nota, respeitar a decisão dos metroviários e que, nesta quinta-feira (13), o sindicato da categoria deve ser convocado para discutir as cláusulas do acordo coletivo.
Confira a nota na íntegra:
“A direção da CBTU Recife/STU-REC lamenta a decretação de greve de 24h iniciada às 22h de hoje, 12, contudo respeita a decisão da categoria. Até o momento não está definido o esquema especial em horário de pico. Amanhã, 13, o Sindicato dos Metroviários será novamente convocado para retomar às discussões sobre as cláusulas do acordo coletivo de trabalho 2023/2024.”