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Internacional

México deteve cinco pessoas por sequestro e morte de americanos em Matamoros

Supostos integrantes do Cartel do Golfo teriam abandonado homens e os acusado de cometer o sequestro sem autorização de seus chefes na organização criminosa

México deteve cinco pessoas por sequestro e morte de americanos em MatamorosMéxico deteve cinco pessoas por sequestro e morte de americanos em Matamoros - Foto: AFP

Autoridades do México detiveram cinco pessoas suspeitas de participação no sequestro de quatro cidadãos americanos, e da morte de dois deles, em Matamoros, Tamaulipas (nordeste), um caso que gerou tensão entre México e Estados Unidos.

Trata-se dos mesmos cinco homens que supostos integrantes do Cartel do Golfo teriam abandonado na quinta-feira em uma rua de Matamoros, e os acusaram de ter cometido o sequestro sem a autorização de seus chefes nessa organização criminosa, informou uma fonte do Ministério Público à AFP.

Anteriormente, o promotor de Tamaulipas, Irving Barrios, disse no Twitter que "cumpriu um mandado de prisão contra cinco pessoas ligadas aos fatos de 3 de março em Matamoros pelos crimes de sequestro qualificado e homicídio doloso simples".

O promotor acrescentou que uma pessoa que tomava conta dos cativos, que já havia sido presa, também foi vinculada ao processo penal.

Na quinta, meios locais difundiram um panfleto no qual o Cartel do Golfo se desculpava pelo ocorrido e assegurava que os agressores tinham agido sem a autorização de seus superiores e por isso foram entregues.

Uma imagem desse texto junto com outra de cinco homens com as mãos amarradas, encapuzados e deitados no asfalto também circularam nas redes sociais sem que as autoridades confirmassem sua autenticidade.

Os quatro americanos foram sequestrados na sexta-feira da semana passada (3) por supostos membros do Cartel do Golfo. Segundo autoridades locais, os americanos estavam em Matamoros porque um deles planejava se submeter a uma cirurgia estética.

EUA quer justiça
Na terça-feira, as autoridades mexicanas encontraram dois dos americanos sem vida, um ferido e uma mulher ilesa.

Os sobreviventes foram entregues para as autoridades americanas no mesmo dia e, na quinta-feira, os corpos dos dois mortos foram repatriados.

Na sexta-feira, o embaixador dos Estados Unidos no México, Ken Salazar, disse, em coletiva de imprensa, que Washington não descansaria "até que os culpados enfrentem a Justiça".

"A equipe dos Estados Unidos trabalha neste caso dia e noite, estamos acompanhando, mas estamos fazendo isso com o apoio do governo mexicano", disse.

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, disse hoje que está sendo analisada a possibilidade de a Procuradoria-Geral do país assumir o caso.

"Como é um assunto importante, como está em jogo o prestígio de nosso país e do governo, temos que ir a fundo, conhecer a verdade, e temos que nos ajudar", disse o presidente em sua coletiva de imprensa habitual.

López Obrador também mencionou informações que indicam que os americanos tinham antecedentes penais nos Estados Unidos.

Os dois governos também anunciaram em comunicado o reforço do compromisso de combater o tráfico de fentanil - uma poderosa droga sintética que matou dezenas de milhares de americanos -, assim como o comércio ilegal de armas para o México.

O anúncio aconteceu após a reunião de quinta-feira entre López Obrador e a conselheira de Segurança Interna do presidente dos Estados Unidos, Elizabeth Sherwood-Randall, além de outros funcionários de alto escalão dos dois países.

Cooperação e reclamações
A produção e tráfico desta substância - 50 vezes mais potente que a heroína - é controlada por cartéis mexicanos com precursores químicos procedentes da China.

López Obrador afirmou que em seu mandato, iniciado em dezembro de 2018, o país apreendeu seis toneladas de fentanil.

Mas o trágico sequestro dos americanos e a morte de dois deles deu impulso a reivindicações dos legisladores republicanos, que pediram o envio de tropas dos Estados Unidos para enfrentar os cartéis do narcotráfico no México.

López Obrador classificou essa iniciativa de "prepotente" e de ser uma falta de respeito à soberania do país.

Hoje, o presidente mexicano chamou de "mequetrefes" os legisladores republicanos que apresentaram a proposta.

"Este não é o caminho, o da ameaça, o da sujeição, o da invasão. O que pensam esses mequetrefes, intervencionistas, prepotentes? O México deve ser respeitado", disse.

O chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, apoiou a demanda de López Obrador em um texto publicado nesta sexta no jornal americano The Wall Street Journal.

"Somos um parceiro-chave dos Estados Unidos e devemos ser tratados com respeito", escreveu Ebrard em resposta a um artigo de opinião no qual o ex-procurador-geral dos EUA, William Barr, apoia a iniciativa de intervenção militar no México.

Nesse contexto, legisladores republicanos também pediram que Washington designe como "terroristas" os grupos criminosos mexicanos que traficam fentanil, um opiáceo sintético 50 vezes mais potente que a heroína.

Essa droga é foco de preocupação nos EUA devido às dezenas de milhares de mortes causadas por overdose no país, cuja produção e tráfico são controlados pelos cartéis mexicanos com precursores químicos provenientes da China.

López Obrador disse que, desde o início de seu governo em dezembro de 2018, foram apreendidas seis toneladas de fentanil.

Acrescentou que Ebrard se reunirá em Washington com os cônsules do México nos Estados Unidos para difundir esse trabalho e responder aos legisladores republicanos "de maneira direta".

A DEA, a agência antidrogas dos Estados Unidos, exortou o México a "fazer mais" contra os cartéis que controlam o tráfico de fentanil, que costuma ser misturado com drogas legais sem que o consumidor saiba.

Na quinta, Ebrard disse que México e Estados Unidos vão lançar uma campanha para prevenir o consumo dessa droga, após uma audiência com López Obrador e a assessora presidencial de Segurança Interna dos EUA, Elizabeth Sherwood-Randall.

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