México pede na ONU combate à origem do tráfico de armas
Segundo o chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, o tráfico de armas é responsável por alimentar 75% dos homcídios na América Latina
O México pediu nesta segunda-feira (22), no Conselho de Segurança da ONU, cooperação internacional para combater o tráfico e desvio de armas tanto no "destino como na origem", um fenômeno que afeta particularmente a América Latina.
O debate no mais alto fórum da ONU para a manutenção da paz e segurança sobre "o impacto do desvio e do tráfico de armas para a paz e segurança", coincide com o fim do prazo judicial para que os fabricantes de armas dos Estados Unidos apresentem sua resposta a uma ação judicial mexicana por suposto comércio "negligente e ilícito" que incentiva o tráfico de drogas e a violência em seu território.
“O combate ao tráfico e ao desvio, tanto no local de destino quanto na origem, é uma responsabilidade compartilhada”, declarou o chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, cujo país ocupa atualmente a presidência temporária do Conselho de Segurança.
Há empresas que “seguem priorizando seu benefício econômico” apesar de seus produtos serem “traficados e utilizados em atividades ilegais contra a população civil e as autoridades de nosso país”, acrescentou.
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Ebrard pediu a colaboração dos setores públicos e privados para acabar com o tráfico de armas de pequeno porte, que causam cerca de "500" mortes diárias e mais de 2.000 feridos no mundo. Isso afeta, particularmente, a América Latina, onde a violência e as mortes por armas de fogo são "ainda maiores do que as observadas em várias zonas conhecidas pelo conflito armado".
Em cerca de 75% dos homicídios da região, está envolvida uma arma desse tipo.
No México, "acreditamos que os governos e o setor privado devem trabalhar juntos" para impedir o comércio de armas e seus efeitos nocivos sobre as populações, disse o chanceler.
De acordo com o último relatório sobre o setor apresentado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, em setembro passado, as armas pequenas e leves continuam desempenhando um papel decisivo, nos “conflitos armados, violência generalizada, atos criminosos e atentados terroristas”.
Entre 2015 e 2020, essas armas foram responsáveis por 27% das 176.095 vítimas civis em 12 dos conflitos armados mais mortíferos do mundo. Só em 2020, cinco em cada 100.000 pessoas mortas eram civis assassinados em conflitos armados e, destes, uma em sete eram mulheres ou crianças.
Para Guterres, o "aumento incessante" dos gastos militares mundiais alimentou ciclos de insegurança e desconfiança. Em 2020, aumentou para quase US $ 2 trilhões, apesar do mundo estar praticamente confinado devido à pandemia da Covid-19.