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Saúde

Mieloma múltiplo: entenda a doença e como ela age no organismo

Entre as manifestações, esse câncer pode causar alterações sanguíneas, renais e dores ósseas

Exame de sangueExame de sangue - Foto: Pexels

O falecimento da jornalista e colunista de política Cristiana Lôbo, nesta quinta-feira (11), despertou o interesse acerca do mieloma múltiplo. A doença acontece quando as células plasmáticas se tornam cancerígenas e crescem fora de controle. 

Essas células produzem uma proteína anormal (anticorpo) conhecida por vários nomes, incluindo imunoglobulina monoclonal, proteína monoclonal (proteína M), espícula M ou paraproteína. O mieloma múltiplo é caracterizado por:

Diminuição das taxas sanguíneas
No mieloma múltiplo, o aumento excessivo de células plasmáticas na medula óssea pode desalojar as células normais formadoras de sangue, levando a uma diminuição da contagem de células sanguíneas.

A falta de glóbulos vermelhos pode causar anemia. O mieloma múltiplo também pode causar uma diminuição no nível das plaquetas (trombocitopenia), o que pode provocar hemorragias e hematomas.

Outra condição que pode se desenvolver é a leucopenia (escassez de glóbulos brancos), que pode causar problemas no combate às infecções.  

Problemas ósseos e cálcio
As células do mieloma também interferem nas células que ajudam a manter os ossos fortes.

Os ossos vão se reconstruindo constantemente. Normalmente, os dois tipos principais de células ósseas trabalham juntos para que isto aconteça. As células que geram um novo osso são denominadas osteoblastos.

As células que destroem o osso velho são chamadas osteoclastos. As células do mieloma produzem uma substância que envia um sinal aos osteoclastos para aumentar a velocidade de destruição óssea.


Se os osteoblastos não recebem um sinal para formar um osso novo, o osso velho é destruído sem ter um osso recém-formado para substituí-lo, debilitando os ossos e provocando fraturas mais facilmente. Isso causa um aumento nos níveis de cálcio no sangue.  

Infecções
As células plasmáticas anormais não protegem o organismo de infecções. Como já mencionado, as células plasmáticas normais produzem anticorpos que atacam os germes.

As células normais do plasma são substituídas pelas do mieloma múltiplo, impossibilitando assim a produção de anticorpos para combater as infecções.

Os anticorpos produzidos pelas células de mieloma não atuam no combate às infecções, porque são apenas cópias das células plasmáticas.  

Problemas renais
O anticorpo produzido pelas células do mieloma pode danificar os rins, levando a problemas no órgão e insuficiência renal.  

Gamopatia monoclonal
A presença de muitas cópias do mesmo anticorpo é denominada gamopatia monoclonal. Essa condição pode ser detectada no exame de sangue.

Ter gamopatia monoclonal não significa ter mieloma múltiplo, porque ela ocorre em outras doenças, como na macroglobulinemia de Waldenstrom e alguns linfomas.

Além disso, algumas pessoas têm gamopatia monoclonal, mas, ao contrário do mieloma múltiplo, não apresentam quaisquer problemas.

Essa condição é denominada gamopatia monoclonal de significado indeterminado (MGUS). Pacientes com MGUS podem desenvolver mieloma múltiplo e outras doenças.  

Gamopatia monoclonal de significado indeterminado
Na MGUS, as células plasmáticas anormais produzem muitas cópias do mesmo anticorpo. No entanto, essas células plasmáticas não formam um tumor ou massa real e não provocam qualquer um dos outros problemas observados no mieloma múltiplo.

Algumas pessoas com MGUS irão, eventualmente, desenvolver mieloma múltiplo, linfoma ou amiloidose. O risco é maior em pessoas com níveis de proteína elevados. Os pacientes com MGUS não necessitam de tratamento, mas devem ser acompanhados clinicamente.  

Plasmacitomas solitários
Esse é outro tipo de crescimento anormal de células plasmáticas. Ao contrário de muitos tumores em diferentes localizações, como no mieloma múltiplo existe apenas um tumor, por isso, o nome plasmocitoma solitário.

Na maioria das vezes, o plasmocitoma solitário se desenvolve no osso, onde é denominado plasmacitoma solitário ósseo. Quando o plasmacitoma se inicia em outros tecidos, como pulmões ou outros órgãos, é denominado plasmocitoma extramedular.  

Mieloma múltiplo latente
É um mieloma assintomático que não causa nenhum problema. Pessoas com mieloma latente apresentam sintomas como grande quantidade de células plasmáticas na medula óssea, alto nível de imunoglobulina monoclonal no sangue ou alto nível de cadeias leves (denominada proteína de Bence Jones) na urina.

Mas essas pessoas têm contagens de sangue normais, níveis normais de cálcio, função renal normal, sem danos aos ossos ou órgãos e sem sinais de amiloidose.

Os pacientes com mieloma múltiplo latente não precisam de tratamento imediato, porque a doença pode levar de meses a anos para se tornar mieloma ativo (sintomático).  

Amiloidose de cadeia leve
Os anticorpos são compostos de cadeias de proteínas, duas cadeias leves e duas cadeias curtas mais pesadas. Na amiloidose de cadeia leve ou primária, as células plasmáticas anormais produzem mais cadeias leves.

Podem depositar-se nos tecidos, onde se acumulam. Esse acúmulo de cadeias leves pode formar uma proteína anormal em tecidos conhecidos como amiloide.

O acúmulo de amiloide em determinados órgãos pode provocar o mau funcionamento deles. Por exemplo, quando a amiloide se acumula no coração pode provocar arritmias, insuficiência cardíaca congestiva, com sintomas como falta de ar e inchaço nas pernas.

Embora alguns pacientes com mieloma múltiplo não apresentem sintomas, os mais frequentes são:

Problemas ósseos: os pacientes costumam relatar dores nos ossos, sendo as queixas mais frequentes em relação às costas, quadris e crânio.

Também pode haver fraqueza óssea no corpo todo (osteoporose), ou onde houver um plasmocitoma, e, por vezes, fraturas em decorrência de um pequeno estresse ou lesão.  

Aumento de cálcio no sangue: quando as células do mieloma dissolvem o osso, cálcio é liberado, podendo aumentar o nível de cálcio no sangue (hipercalcemia).

Isso pode causar desidratação e inclusive insuficiência renal. O aumento do cálcio também pode provocar constipação, perda de apetite, fraqueza, sonolência e confusão. Se o nível de cálcio é muito alto, pode levar ao coma.  

Sistema nervoso: se o mieloma enfraquecer os ossos da coluna vertebral, eles podem fraturar e pressionar os nervos espinhais. Essa condição, denominada compressão da medula espinhal, pode causar dor súbita intensa, dormência ou fraqueza muscular.

É considerada uma emergência médica e um médico deve ser imediatamente contatado. Se a compressão da medula espinhal não for tratada imediatamente, existe a possibilidade de paralisia permanente.  

Danos nos nervos: às vezes, as proteínas anormais produzidas pelas células do mieloma são tóxicas para os nervos. Esse dano pode levar a fraqueza e dormência e, às vezes, a neuropatia periférica.  

Hiperviscosidade: em alguns pacientes, grandes quantidades de proteína do mieloma podem fazer com que o sangue se torne espesso.

Esse aumento da densidade, denominado hiperviscosidade, pode retardar o fluxo sanguíneo para o cérebro e provocar confusão, tontura e sintomas de um acidente vascular cerebral, como fraqueza em um lado do corpo e fala arrastada.

Os pacientes com esses sintomas devem entrar em contato, imediatamente, com seu médico. Para remover o excesso de proteína do sangue e reverter esse processo precisará ser realizado um procedimento denominado plasmaferese.  

Problemas renais: a proteína do mieloma pode danificar os rins. Inicialmente, isso não causa nenhum sintoma, mas pode ser diagnosticado com um exame de sangue ou urina.

À medida em que os rins começam a falhar, eles perdem a capacidade de eliminar o excesso de sal, líquidos e detritos do organismo, podendo levar a sintomas como fraqueza, falta de ar, coceira e inchaço nas pernas.  

Infecções frequentes: os pacientes com mieloma são mais propensos a contrair infecções. Isso acontece porque o corpo é incapaz de produzir anticorpos para ajudarem no combate às mesmas. A pneumonia é uma infecção comum e grave em pacientes com mieloma.

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