Migrantes retornam à Venezuela após mudança de regra para entrada nos EUA
Washington impôs um novo protocolo para interromper a onda migratória
Entre abraços, choro de alegria e frustração, vários migrantes venezuelanos retornaram na quarta-feira (26) ao país depois de uma tentativa frustrada de entrar nos Estados Unidos.
Dois aviões procedentes do Panamá com quase 70 migrantes pousaram no aeroporto Simón Bolívar de Maiquetía (La Guaira, norte), que serve a região de Caracas.
Outro, com quase 300 pessoas, pousou pouco antes da meia-noite procedente do México. Um dia antes, mais de 100 venezuelanos retornaram ao país.
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Alejandrina González correu para abraçar o filho Yorvis Carrasquel no terminal.
"Emigrei para buscar uma vida melhor, um futuro melhor, mas não deu certo", disse o jovem de 25 anos.
"Agora tenho que trabalhar e seguir em frente. Você cai e se levanta", afirmou um resignado Carrasquel que, como vários migrantes, atravessou a perigosa selva de Darién, que separa Colômbia e Panamá, com o objetivo de chegar aos Estados Unidos para pedir asilo.
Em 13 de outubro, depois que mais de 150 mil venezuelanos chegaram aos Estados Unidos em um ano pela fronteira terrestre, Washington impôs um novo protocolo para interromper a onda migratória, que também virou uma controvérsia política antes das eleições americanas de meio de mandato.
A nova regra prevê a entrada de 24 mil venezuelanos em um programa que torna obrigatória a chegada por via aérea e com o endosso de um patrocinador. E pelo acordo, Washington pode expulsar para o México qualquer pessoa que entrar ilegalmente pela fronteira terrestre.
Como Venezuela e Estados Unidos não têm relações diplomáticas desde 2019, a deportação de pessoas sem documentos não é possível para o país de origem.
A nova política do governo Joe Biden pegou de surpresa Emmanuel Montero, que decidiu retornar em um voo do Panamá depois que viu seus planos frustrados.
"Já havíamos passado por quatro países, estávamos em Honduras", explica o jovem de 21 anos. "Ficamos cinco dias na floresta, porque não seguimos pela rota mais curta, que é mais cara".
"Tudo estava bem, mas a passagem por Darién foi difícil porque chovia".
Agora ele tem uma visão clara sobre seu futuro. O jovem sabe que a situação econômica é complexa e esgotou os últimos 300 dólares que restavam para pagar pela passagem de volta.
Jorge Luis Piñeda, de 39 anos, era taxista e vendeu o carro para tentar o "sonho americano.
Ele chegou à fronteira entre México e Estados Unidos em 19 de outubro - após a decisão de veto migratório - com a esperança de entregar-se às autoridades e permanecer no país.
Ele contou à AFP na Cidade do México que foi devolvido ao país, antes de embarcar em um voo de volta à Venezuela pelo qual pagou 210 dólares.
Piñeda se considera "enganado" pelos Estados Unidos e preferiu retornar a seu país, porque tem a família e "de um jeito ou de outro, você trabalha e segue adiante de novo". Ele não considera tentar a viagem novamente.
"Vamos começar praticamente do zero", disse Ernesto Laitano, 24 anos, natural de Maracaibo, no estado de Zulia (oeste, fronteira com a Colômbia).
Ele conta que vendeu os carros e a casa para pagar pela viagem, que começou em 25 de setembro e acabou um mês depois.