Migrantes são encontrados mortos em caminhão na Bulgária
Segundo a rádio pública BNR, tratam-se de afegãos, todos homens jovens
Dezoito migrantes foram encontrados mortos nesta sexta-feira (17), em um caminhão a cerca de 20 quilômetros de Sofia, capital da Bulgária, um país dos Bálcãs que enfrentou, nos últimos meses, um fluxo sem precedentes de pessoas desde a crise migratória de 2015.
"Segundo os primeiros indícios, o veículo transportava ilegalmente cerca de 40 migrantes escondidos debaixo madeiras", anunciou o Ministério do Interior.
A causa das mortes ainda é desconhecida, mas a pista de um acidente rodoviário foi descartada.
Segundo a rádio pública BNR, tratam-se de afegãos, todos homens jovens.
Os moradores do local alertaram a polícia sobre a presença de um caminhão abandonado perto do povoado de Lokorsko, nos arredores da capital.
Leia também
• Duas mulheres são condenadas à prisão perpétua por homicídio de menino na Argentina
• Contaminação na Amazônia, a mancha do "boom" petroleiro no Equador
De acordo com o ministério, a polícia está em busca dos traficantes fugitivos.
Entre os sobreviventes, 14 foram levados para o hospital, e oito deles se encontram em estado grave, segundo o ministro da Saúde, Assen Medjidiev. Outras dez pessoas, que se esconderam na mata, foram encontradas.
Porta de entrada para a União Europeia (UE), a Bulgária registrou, no ano passado, um aumento da migração clandestina em seu território, apesar da instalação de cercas de arame farpado ao longo de mais de 230 km na fronteira com a Turquia.
Três policiais morreram em 2022, depois que seu carro colidiu com veículos que transportavam migrantes.
Precedente trágico
Em dezembro,a Bulgária teve sua entrada no espaço Schengen de livre-circulação negada, após uma década de espera pelo veto da Áustria e da Holanda. Desde então, intensificou os controles fronteiriços.
As autoridades recorreram, por vezes, a métodos brutais, segundo testemunhos recentes ouvidos pela AFP, relatórios de ONGs e da Frontex, a agência europeia de vigilância das fronteiras.
A polícia diz ter impedido 164.000 tentativas de chegada em 2022, contra 55.000 no ano anterior.
Este país dos Bálcãs pediu 2 bilhões de euros (em torno de R$ 11 bilhões) à UE para modernizar e reforçar as cercas de arame farpado existentes. A pressão de parte dos países do bloco parece tender para essa solução.
A migração volta a ser um dos temas centrais da UE, com o aumento das chegadas clandestinas e dos pedidos de asilo em 2022, uma situação que levou ao limite a capacidade de acolhimento de vários países.
Em outubro de 2021, 12 países pediram à UE para financiar este tipo de muros, na tentativa de conter a chegada de migrantes por Belarus.
A tragédia desta sexta-feira reaviva a lembrança da terrível descoberta, em 2019, de 39 vietnamitas mortos em um caminhão frigorífico perto de Londres.
A Áustria viveu um drama parecido, também em 2019. A polícia encontrou um caminhão refrigerado abandonado em uma estrada perto da fronteira húngara. Em seu interior, havia 71 corpos de homens, mulheres e crianças, em estado de decomposição.
Em 2000, os corpos de 58 migrantes chineses em situação clandestina foram descobertos em um caminhão holandês no porto de Dover, no sudeste da Inglaterra. Duas pessoas sobreviveram.
Em países como Itália, Holanda, Irlanda e Croácia, também houve casos semelhantes, com menos vítimas.