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Milei é alvo de debate na Argentina, mas controla sua ira

Em debate sem grande aprofundamento de propostas, líder nas pesquisas manteve tom mais contido que o habitual

Candidato argentino da extrema direita Javier Milei Candidato argentino da extrema direita Javier Milei  - Foto: AFP Photo/ Telam - Maximiliano Luna

O primeiro debate eleitoral presidencial na Argentina terminou sem um vencedor claro. O candidato da direita radical e líder nas pesquisas, Javier Milei, não brilhou, mas sob ataque dos adversários, conseguiu conter sua ira e passar uma imagem mais contida do que a habitual para avançar com suas pretensões de se colocar como uma alternativa séria à Casa Rosada. Sem grandes polêmicas — exceto quando negou a real dimensão dos crimes da ditadura militar argentina — Milei protagonizou alguns poucos momentos, principalmente durante tentativas de seus adversários criarem uma polarização com o principal concorrente direto.

O debate foi realizado no domingo (1°), em Santiago del Estero, no norte do país, e contou com cinco candidatos à Presidência da Argentina: Milei, Sergio Massa (candidato do Peronismo), Patrícia Bullrich (aliada de Maurício Macri), a progressista Myriam Bregman e o governador provincial de Córdoba e dissidente peronista Juan Schiaretti. Os dois últimos correm por fora, longe das principais candidaturas.

Mas foi justamente uma participação de Bregman que trouxe um dos primeiros momentos marcantes de um debate marcado pela pouca elaboração de propostas. Durante o primeiro bloco, dedicado a temas econômicos, o plano de dolarização da economia de Milei foi especialmente atacado — com Patrícia Bullrich apontando que apenas três países seguiriam o modelo: Zimbábue, Equador e El Salvador. Foi então que Bregman resolveu ironizar os laços empresariais de Milei, que promete uma reviravolta econômica no país.

"Ele não é um leão, é um gatinho fofinho do poder econômico" disse a progressista, sem conseguir arrancar uma reação acalorada do libertário, que prometeu transformar a Argentina em uma Alemanha "em 20 anos", e em Estados Unidos, "em 35 anos".

Outro diálogo entre Milei e Bregman marcou o debate, quando surgiu a declaração mais controversa do direitista. Em meio a uma sessão em que o público pôde escolher alguns temas, o líder do Libertad Avanza foi questionado sobre direitos humanos e negou a dimensão dos crimes da ditadura militar no país.

"Valorizamos a visão da Memória, da Verdade e da Justiça. Vamos começar com a verdade. Não foram 30 mil desaparecidos, foram 8.753" afirmou, citando o número do relatório feito pela Comissão Nacional de Desaparecimentos de Pessoas (Conadep), de 1984.

Para Milei, não houve uma ditadura na Argentina, mas “uma guerra” na qual “as forças estatais cometeram excessos”. Bregman respondeu duramente:

"Milei suja a palavra liberdade" afirmou. "Foram 30 mil e foi um genocídio".

Milei ameaçou perder a educação algumas vezes na reta final do debate, mas se conteve a tempo. Uma delas foi quando o candidato peronista Sergio Massa trouxe à mesa os ataques do presidenciável ao Papa Francisco e cobrou um pedido público de perdão, durante uma parte do programa dedicado a definir quem seria o maior argentino de todos os tempos. Massa respondeu Francisco, que nas últimas semanas foi alvo de Milei, que o chamou de "imbecil”, “esquerdista asqueroso”, "imundo" e “representante do maligno”.

"A Argentina tem milhões de fiéis católicos e ofendestes ao chefe da Igreja" disse Massa. "Quero que aproveites estes 45 segundos para que peças desculpas ao Papa, que é o argentino mais importante da História".

Milei afirmou que Massa deveria se preocupar em baixar a inflação em vez de "trapacear", mas admitiu estar arrependido das declarações.

"Minhas afirmações foram feitas em um contexto quando não estava falando de política." disse."Não tenho problema em repetir que estou arrependido disso".

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