Milei garante que vai manter universidades públicas e critica opositores
O anúncio foi feito cinco dias depois de uma multitudinária marcha federal universitária, o maior protesto até agora contra as medidas de austeridade de seu governo
O presidente da Argentina, Javier Milei, assegurou, neste domingo (28), que vai manter as universidades públicas e criticou seus opositores, cinco dias depois de uma multitudinária marcha federal universitária, o maior protesto até agora contra as medidas de austeridade de seu governo.
Milei, um economista ultraliberal que assumiu a Presidência em dezembro com a promessa de baixar a inflação de três dígitos e sanear a economia, acusou seus opositores de "pegar uma causa nobre", como a defesa da educação gratuita, e "prostituí-la", e defendeu o rumo de sua administração em duas longas entrevistas.
"Nunca pensamos em fechar as universidades públicas, nunca pensamos em desfinanciá-las", disse Milei ao canal de televisão LN+, reiterando o que havia dito antes à rádio Rivadavia.
"Chama-se falácia do espantalho. Nossos opositores inventaram uma mentira e nos atacam a partir dessa mentira", afirmou.
E reforçou: "visto que os pagadores de impostos estão financiando as universidades públicas, exigimos que haja auditorias. Faz dez anos que não há auditorias. Quem é quem não quer ter o gasto auditado? O ladrão".
Centenas de milhares de pessoas foram às ruas na última terça-feira, em Buenos Aires e nas principais cidades do país atendendo a uma convocação de estudantes, graduados e professores universitários, à qual aderiram sindicatos, partidos da oposição e cidadãos em geral.
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As universidades se declararam em emergência orçamentária depois que o governo prorrogou, este ano, o orçamento de 2023, embora a inflação ao ano tenha beirado os 290% em março.
Diante das queixas, na semana passada Milei concedeu "aumentar em 70% os gastos de funcionamento em março e outros 70% em maio", além de uma quantia extraordinária para hospitais universitários, segundo informou o porta-voz presidencial.
Milei ressaltou, neste domingo, que a passeata foi realizada "apesar do repasse dos fundos".
Foi "a reedição da campanha do medo de (Sergio) Massa", disse o presidente, em alusão a seu adversário nas últimas eleições.
Milei também denunciou a participação de "atores contratados" para dar testemunho contra o governo e considerou "muito minoritária" a presença de pessoas que votaram nele no segundo turno.
A marcha "é politicamente uma grande derrota da oposição, é uma grande vitória da situação", assegurou.
Milei previu que a inflação mensal poderia cair abaixo de 10% em abril, e mostrou-se otimista sobre o futuro da Argentina, enquanto a pobreza assola metade da população e as medidas de ajuste incluem demissões de funcionários públicos, fechamento de dependências do governo, cortes de subsídios, aumento de tarifas públicas e congelamento de orçamentos.
"Depois de cem anos de destruição populista, empreendemos uma mudança de 180 graus (...) Vamos sair [disso] e vamos ficar bem", prometeu.