Milei quer fechar Banco Central, mas é possível um país sem a instituição?
Mesmo países que dolarizaram suas economias possuem BCs. Além de cuidar da política monetária, BCs têm a função de fiscalizar outras instituições financeiras
Uma das principais promessas do presidente eleito da Argentina, Javier Milei, a de acabar com o Banco Central do país, dificilmente deve sair do papel.
As autoridades monetárias desempenham papel importante mesmo nas economias que integram blocos econômicos - casos de países europeus como Europa, França e Portugal - e que tem a condição de sua política monetária definida por um BC comum, como é o caso do Banco Central Europeu (BCE).
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A proposta de acabar com o BC vem em conjunto com outras medidas econômicas polêmicas e de difícil execução, como a dolarização da economia argentina. Além da falta de apoio legislativo para aprovar a proposta, o país sequer teria reservas de dólares suficientes para executar a mudança, como destacam analistas.
Além de uma função monetária, os bancos centrais possuem outras responsabilidades, como a fiscalização das outras instituições financeiras que atuam no país, e do mercado financeiro.
E mesmo países que dolarizaram sua economia, como o Equador e El Salvador, mantém um banco central próprio.
Dessa forma, mesmo que a tentativa de dolarização de Milei tenha êxito, isso não deve representar o fim do BC. Nesse cenário, no entanto, o país ficará com menos ferramentas para lidar com crises externas.
Isso porque, a política monetária passa a ficar mais dependente das decisões do Federal Reserve, Banco Central americano. E o Fed não irá tomar suas decisões pensando na situação econômica dos países latino-americanos.
A rigidez também será sentida nas oscilações naturais dos preços de commodities, fator importante para as economias da América Latina, uma vez que o BC não poderá agir da forma como entender mais conveniente diante um cenário de preços elevados ou muito baixos.