Mileipalooza: presidente argentino canta em lançamento de novo livro sobre economia; vídeo
Evento foi realizado em estádio no centro de Buenos Aires com seguidores, dirigentes políticos e integrantes do gabinete presidencial
Como um verdadeiro rockstar, o presidente da Argentina, Javier Milei, lançou um novo livro nesta quarta-feira intitulado “Capitalismo, socialismo e a armadilha neoclássica” num grande evento literário e musical.
Além de falar sobre economia, seu assunto preferido, o chefe de Estado cantou no estádio Luna Park, no centro de Buenos Aires, para uma plateia formada seguidores, dirigentes políticos e integrantes de seu gabinete. Meios de comunicação locais chamaram o lançamento de Mileipalooza, em referência ao festival Lollapalooza.
Em meio à crise diplomática entre Argentina e Espanha, desencadeada por declarações de Milei sobre a primeira dama espanhola, Begoña Gómez, durante sua recente visita a Madri, o presidente argentino se mostrou alheio ao episódio que levou o governo do presidente Pedro Sánchez a retirar sua embaixadora em Buenos Aires.
Um estádio lotado recebeu Milei aos gritos de “peluca" (peruca, seu apelido entre amigos e seguidores), Argentina, e "Viva la libertad carajo” (viva a liberdade caralho, em tradução livre), grito de guerra do presidente argentino desde a campanha de 2023. A música cantada por Milei, Panic Show, fez parte de sua campanha presidencial e é do grupo La Renga, que sempre negou qualquer tipo de vínculo com o líder da ultradireita argentina.
Milei alquiló el Luna Park para cumplir su sueño y cantar frente a un público que lo quiera. Al final, su único problema con los recitales gratis y su furia con Lali, eran porque él no era el protagonista. Le estamos pagando sus delirios mientras el país se prende fuego. pic.twitter.com/BcKkSISAjC
— Marcelo Puella (@puellaok) May 23, 2024
— Fiz isso [o lançamento do livro com show] porque queria cantar — disse o presidente a um público eufórico.
Na primeira fila estavam os principais ministros de seu gabinete, entre eles Luis Caputo, à frente da pasta de Economia, e a secretária geral da Presidência e irmã do chefe de Estado, Karina Milei. O grande ausente foi o ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019), aliado de Milei, mas que tem se mostrando mais distante do chefe de Estado.
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O presidente cantou junto ao deputado Bertie Benegas Lynch, integrante da bancada do partido governista A Liberdade Avança. Segundo comentaram jornalistas locais que cobrem o dia a dia na Casa Rosada, alguns funcionários do governo não estiveram de acordo com o show montado pelo presidente. A Argentina ainda atravessa uma crise econômica delicada, a taxa de pobreza supera 40%, e o governo ainda não conseguiu aprovar seus projetos de reforma no Parlamento. Com esse pano de fundo, a imagem de um Milei rockstar poderia ser questionada pela oposição e causar mal estar em alguns setores da sociedade, avaliaram fontes mencionadas por jornalistas locais.
— Trata-se de um evento privado financiado com o patrimônio do presidente, como corresponde — explicou na manhã desta quarta o porta-voz presidencial, Manuel Adorni, que participou do lançamento.
Depois de cantar, o presidente iniciou seu discurso de lançamento do novo livro, interrompido várias vezes pelo público, em alguns casos com xingamentos ao presidente espanhol. O evento foi definido pelo chefe de Estado como "festa da liberdade", e depois do show musical continuou com uma ampla explicação de Milei sobre seu novo livro e suas inspirações, entre elas a chamada escola austríaca e as teorias do anarcocapitalismo.
O presidente reiterou sua defesa de um Estado enxuto, criticou o socialismo e os que chamou de "vermelhinhos", e abordou, ainda, temas que provocam polêmica no país, entre eles sua oposição à lei que legalizou o aborto.
Numa conversa com Adorni e com o deputado José Luis Espert, o presidente assegurou que "os países mais livres são sociedades nas quais se vive muito melhor".
— A única saída é a liberdade e nós queremos ser o país com maior liberdade econômica no mundo — disse Milei.
O chefe de Estado pediu publicamente a aprovação dos projetos de reformas enviadas ao Congresso, que enfrentam resistência por parte das bancadas peronistas e kirchneristas.
— Queremos fazer cerca de 4 mil reformas estruturais — comentou Milei.
Perguntado sobre a vigência das ideias de esquerda no mundo, o presidente argentino respondeu que "o socialismo fracassou, mas não em 1989 e sim em 1961, quando tiveram de construir o maldito muro [de Berlim]".
— Depois de 1989 os socialistas se reuniram no Foro de São Paulo, depois no Grupo de Puebla, e voltaram ao poder... Por que insistem com um movimento que matou 150 milhões de pessoas?... O socialismo é a economia dos fracassados — enfatizou Milei.
O presidente argentino defendeu que os liberais participem em política para que "os esquerdistas não nos atropelem".
— Temos de encarar a batalha cultural nas salas de aula e na política. A única forma de defender as ideias da liberdade é participando na política — concluiu Milei.