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MILÍCIA

PMs são presos por formar milícia em Abreu e Lima; grupo cobrava dinheiro a comerciantes e moradores

Milicianos costumavam cobrar entre R$ 40 e R$ 50 por semana. Quem não pagasse sofria retaliações e até saques

Polícias apresentaram detalhes das operações em coletiva de imprensaPolícias apresentaram detalhes das operações em coletiva de imprensa - Foto: Polícia Civil de Pernambuco/Divulgação

Oito policiais militares foram presos em operações da Polícia Civil de Pernambuco por formarem uma milícia privada que atuava em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife (RMR).

As ações para desarticular o grupo foram desencadeadas nesta sexta-feira (12). 

Segundo informações repassadas pela Polícia Civil em coletiva de imprensa, no Recife, o grupo cobrava por semana entre R$ 40 e R$ 50 de moradores e comerciantes da cidade como uma "taxa" para garantir a segurança na área.

Eles atuavam dessa forma há pelo menos 10 anos. 

Os milicianos são suspeitos de extorsão, lesão corporal e homicídio. Um deles, inclusive, é suspeito da prática reiterada de peculato — que é o crime praticado por funcionário público contra a própria administração pública. 

O líder do grupo, acrescenta a Polícia Civil, seria um ex-vereador da cidade, que também era PM da reserva remunerada.

Entre os oito policiais presos, há, ainda, outro PM aposentado e os outros seis eram da ativa da corporação. Nenhum nome foi divulgado. Ao todo, foram realizadas 13 prisões.

De acordo com o delegado Jorge Pinto, subchefe do Grupo de Operações Especiais (GOE), as investigações relacionadas à milícia começaram a partir de um homicídio ocorrido em 2019 em Abreu e Lima. 

"Depois de longo tempo analisando as provas, a gente conseguiu identificar e responsabilizar todos os autores. Em decorrência dessa investigação do homicídio, a gente conseguiu angariar alguns elementos que demonstraram a existência de uma milícia em Abreu e Lima", começou Jorge Pinto.

Operação Derrama: polícia apreendeu armasNa deflagração da operação, polícia apreendeu armas | Foto: Polícia  Civil de Pernambuco/Divulgação

Ainda segundo o delegado, os milicianos atuavam "sob o pretexto de trazer uma segurança e uma paz social" ao cobrar até R$ 50 de moradores e comerciantes.

"Quem não pagasse teria seus estabelecimentos saqueados, invadidos ou mesmo algum tipo de retaliação física em relação a essas pessoas", acrescentou o delegado. 

As operações Derrama e Escudeiros II cumpriram, somadas, 13 mandados de prisão e 12 mandados de busca e apreensão domiciliar — todas as ordens judiciais foram emitidas pela Vara Criminal da Comarca de Abreu e Lima. 

Além de Abreu e Lima, mandados foram cumpridos no Recife; em Paulista, também na Região Metropolitana da capital pernambucana; e em Serra Talhada, no Sertão do Estado. 

A Polícia Civil de Pernambuco contou nas ações com o apoio operacional da Corregedoria Geral da Secretaria Estadual de Defesa Social (SDS-PE), Polícia Científica e Grupamento Tático Aéreo (GTA).

Ex-vereador seria mentor da milícia
Informações iniciais apontaram que um ex-vereador de Abreu e Lima, também policial militar reformado, seria o mentor e líder da milícia. Esse ex-parlamentar constrangia alguns servidores municipais a pagar parte de seus salários como comissionados".

"Para aqueles que se mantivessem na função de confiança deveriam passar mensalmente, quer seja parte dos valores pagos do salário ou mesmo a restituição do imposto de renda", detalhou Jorge Pinto.

PM diz apoiar operação
Na coletiva, o diretor da Diretoria Integrada Metropolitana, coronel Reginaldo Filho, disse que entre os seis presos da ativa da Polícia Militar, havia sargentos e cabos.

Ele também afirmou que a corporação prestou apoio integral no cumprimento dos mandos, nesta sexta-feira.

"Os policiais militares que foram presos pertenciam a unidades da DIM. A PM também informa que estamos instaurando processos administrativos disciplinares enquanto durar a operação da Polícia Civil, estamos à disposição", afirmou. 

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