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Militar das Filipinas fica gravemente ferido após colisão de navio com embarcação da China

Aumento recente dos incidentes na região tem levantado preocupações quanto à escalada para um conflito aberto com participaç

Navio da Guarda Costeira da China (dir.) passa por um barco de pesca filipino no disputado Mar do Sul da China  FotoNavio da Guarda Costeira da China (dir.) passa por um barco de pesca filipino no disputado Mar do Sul da China Foto - Foto: Ted Aljibe/AFP

Um membro da Marinha das Filipinas ficou gravemente ferido depois que a Guarda Costeira da China colidiu com um navio seu durante uma manobra de reabastecimento perto do banco de areia de Ayugin (Second Thomas Shoal, em inglês), disseram as autoridades filipinas nesta terça-feira (18).

Localizada no Mar do Sul da China, a região é alvo de disputas entre os dois países há quase três décadas, mas o aumento recente dos incidentes têm levantado preocupações quanto à escalada para um conflito aberto — que pode ter participação dos Estados Unidos.

"Um membro da Marinha das Filipinas sofreu ferimentos graves depois que a Guarda Costeira da China bateu intencionalmente em alta velocidade durante a missão de rotação e reabastecimento do BRP Sierra Madre (LS57) em 17 de junho", disse um comunicado militar.

O acidente ocorreu no momento em que o barco filipino se dirigia para a região das Ilhas Spratly, onde está localizado o BRP Sierra Madre, um navio de guerra americano transferido para as Filipinas em 1976 e que foi deliberadamente encalhado no local em 1999 depois que a China ocupou o vizinho atol Mischief (ou Panganiban, como é chamado por Pequim), a apenas 30 km de distância, em 1995.

O barco filipino estava navegando para a região do "naufrágio", mas teve sua passagem bloqueada por uma embarcação chinesa de maior porte — uma conhecida manobra do manual de táticas de intimidação marítima da China, segundo levantamentos do SeaLight, um laboratório de transparência marítima ligado à Universidade Stanford nos EUA.

A China frequentemente impede a entrada de navios filipinos na área do Second Thomas Shoal — até algum tempo atrás, a exceção eram pequenos barcos de madeira que transportavam alimentos e tropas de substituição.

Sua estratégia é evitar que o enferrujado posto avançado filipino seja reparado ou substituído até que se desintegre ou se torne inabitável, deixando o banco de areia desocupado.

O acidente ocorreu algumas semanas semanas após o presidente Ferdinand "Bongbong" Marcos Jr. advertir que a morte de qualquer cidadão filipino nas mãos de outro país no Mar do Sul da China seria "muito próxima" de um ato de guerra.

Ele tem buscado estreitar os laços com os EUA, e tem enfatizado repetidamente o "compromisso férreo" de Washington com as Filipinas, com quem possuem um acordo de mútua defesa desde 1951.

Os Estados Unidos, por sua vez, condenaram a China pela colisão — a mais recente de uma série de confrontos cada vez mais tensos no disputado Mar do Sul da China — e reforçaram seu compromisso com Manila.

A embaixadora de Washington em Manila, MaryKay Carlson, disse em uma publicação no X (antigo Twitter), na segunda-feira, que os EUA condenaram as "manobras agressivas e perigosas" da China, que "causaram lesões corporais" e "danificaram embarcações filipinas".

Já o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, afirmou que os "Estados Unidos estão ao lado de seu aliado, as Filipinas, e condenam as ações irresponsáveis e escalonadas" da China.

O vice-secretário de Estado, Kurt Campbell, discutiu a colisão com a subsecretária de Relações Exteriores das Filipinas, Maria Theresa Lazaro, e disse que a China "obstruiu as Filipinas de executar uma operação marítima legal no Mar do Sul da China, interferindo na liberdade de navegação das Filipinas", de acordo com um relatório do Departamento de Estado.

O incidente de segunda-feira marca o primeiro confronto entre os dois países desde que a China baixou uma nova lei no sábado, autorizando sua guarda costeira a apreender navios estrangeiros e deter tripulações suspeitas de invasão por até 60 dias sem julgamento, uma medida fortemente questionada por outros países da região e também pelos EUA.

Pequim alega que 90% de quase todo o Mar do Sul da China, incluindo grupos de ilhas, bancos de areia e águas também reivindicadas por partes vizinhas, são seus — apesar de um tribunal da ONU ter concluído que isto não tem base legal.

O país usa a Linha das Nove Raias para definir suas reivindicações marítimas na região, cujo traçado diz ser baseado em atividades históricas que datam de séculos atrás. Mas Brunei, Malásia, Filipinas, Vietnã e Taiwan contestam a legitimidade dessas fronteiras.

O Mar do Sul da China é hoje o principal ponto de passagem das rotas de comércio marítimo internacional, além de ser muito relevante do ponto de vista militar e dos recursos naturais. Mais da metade da frota mercante mundial e da produção global de gás natural liquefeito, bem como quase um terço do petróleo não refinado do mundo passam pelas águas do Mar do Sul da China.

Seu potencial energético estimado varia de 5,4 trilhões de metros cúbicos e 11 bilhões de barris, de acordo com a Agência de Informação Energética dos EUA, a 14 trilhões de metros cúbicos de gás natural e 125 bilhões de barris de petróleo, segundo a Companhia Nacional de Petróleo Offshore da China.

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