América do Sul

Militar é condenado no Peru por massacre de mais de 60 camponeses há 40 anos

De acordo com a Comissão da Verdade, há mais de 4 mil valas clandestinas no país e cerca de 70 mil vítimas da violência política

Bandeira do PeruBandeira do Peru - Foto: Reprodução/Internet

Um tribunal do Peru condenou nessa segunda-feira (30), a 18 anos de prisão, um ex-chefe militar pelo desaparecimento e assassinato de mais de 60 civis, entre eles um jornalista, ocorridos há 40 anos, no contexto de ações contra a guerrilha maoísta Sendero Luminoso.

A juíza Miluska Cano, da Quarta Sala Penal, decidiu "condenar a 18 anos de pena privativa de liberdade Alberto Rivero Valdeavellano, pelo desaparecimento forçado do jornalista Jaime Ayala Sulca e outros".

Ela também o considerou culpado de ser "autor de homicídio qualificado contra um grupo de pessoas", segundo a sentença lida em audiência pública, transmitida pelo canal de televisão do Poder Judiciário.

O condenado é um capitão de fragata aposentado, que não compareceu à leitura da sentença. Durante o processo, ele alegou ser inocente.

Pelo mesmo caso, outro militar, o tenente aposentado Augusto Gabilondo García del Barco, foi declarado réu contumaz e foi ordenada sua captura internacional, após ser negado seu pedido para se beneficiar de uma recente lei que declarou prescritos os crimes contra a humanidade cometidos antes de 2002, quando entrou em vigor, no Peru, o Estatuto de Roma da Corte Penal Internacional.

Em 2022, ele havia sido detido em Málaga, Espanha, mas foi libertado provisoriamente enquanto aguardava sua extradição.

Ambos foram acusados pelo assassinato de 17 evangélicos, pelo desaparecimento de 50 pessoas encontradas em valas comuns e pela detenção e desaparecimento do jornalista Jaime Ayala.

Todos os crimes ocorreram em 1984, na província de Huanta, na região de Ayacucho, sudeste do Peru, durante os anos mais intensos da guerra contra o Sendero Luminoso.

Segundo a sentença, o Estado peruano deve oferecer desculpas públicas pelo "grave erro de considerar injustamente humildes camponeses como elementos terroristas".

O Ministério Público havia pedido 25 anos de prisão para cada um. O julgamento começou em março de 2022.

Uma das vítimas, Jaime Ayala Sulca, jornalista de rádio e do jornal La República em Huanta, desapareceu em agosto de 1984, quando foi a um posto militar para denunciar maus-tratos sofridos por sua mãe no dia anterior.

A juíza Cano considerou os crimes como de lesa-humanidade.

Ayacucho foi o berço da guerrilha Sendero Luminoso, que em 1980 iniciou uma "guerra popular" de inspiração maoísta para tomar o poder no Peru.

A província ayacuchana de Huanta registra o maior número de detidos e desaparecidos em 1984. Nesse ano, a infantaria da Marinha se instalou no estádio municipal de Huanta para estabelecer seu quartel.

De acordo com a Comissão da Verdade e Reconciliação, há mais de 4 mil valas clandestinas no Peru, resultado da violência política que deixou cerca de 70 mil vítimas entre 1980 e 2000.

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