Guerra

Militar israelense nega crise humanitária em Gaza

No fim de outubro, o secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestou preocupação pela situação "cada vez mais desesperadora" dos habitantes de Gaza

Família palestina em meio a ruínas da casa em que morava na Faixa de Gaza. O prédio foi destruído por um bombardeio israelenseFamília palestina em meio a ruínas da casa em que morava na Faixa de Gaza. O prédio foi destruído por um bombardeio israelense - Foto: SAID KHATIB / AFP

"Não há crise humanitária na Faixa de Gaza", afirmou um militar israelense nesta quinta-feira (9), no mesmo dia em que teve início uma "conferência humanitária" em Paris para arrecadar ajuda para o território palestino, cercado e bombardeado por Israel em sua guerra contra o Hamas.

"Sabemos que a situação civil na Faixa de Gaza não é fácil", afirmou o coronel Moshe Tetro, responsável para Gaza do COGAT, o órgão do Ministério da Defesa israelense que supervisiona as atividades civis nos territórios palestinos.

"Mas posso dizer que não há crise humanitária na Faixa de Gaza", acrescentou, em uma coletiva de imprensa em Nitzana, um posto fronteiriço de Israel com o Egito.

"Estamos em guerra. Uma guerra que não escolhemos. O Hamas decidiu começá-la", declarou Tetro, em referência ao movimento islamista que governa a Faixa de Gaza desde 2007.

No fim de outubro, o secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestou preocupação pela situação "cada vez mais desesperadora" dos habitantes de Gaza e afirmou que o mundo era "testemunha de uma catástrofe humanitária".

O conflito começou em 7 de outubro com a incursão no sul de Israel de combatentes islamistas procedentes de Gaza, que mataram cerca de 1.400 pessoas, a maioria civis, e sequestraram umas 240, segundo o balanço israelense.

No mesmo dia dos ataques do Hamas, Israel lançou uma campanha incessante de bombardeios que mataram mais de 10.800 pessoas, entre elas 4.412 crianças, desde então no território de 362 km² e quase 2,4 milhões de habitantes, de acordo com os balanços do Ministério de Saúde do governo do Hamas.

O coronel Tetro coordenou uma visita de jornalistas ao local de inspeção dos caminhões que poderão entrar em Gaza e afirmou que o Exército israelense está facilitando o envio de "água, comida, material médico e ajuda humanitária para os refúgios".

"Mais de 700 caminhões" com ajuda ingressaram na Faixa de Gaza desde que Israel autorizou, em 21 de outubro, a entrada do primeiro comboio humanitário através da passagem de Rafah, que liga o território palestino ao Egito, segundo o militar.

O Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) confirma esse número, mas ressalta que, "antes do início das hostilidades, 500 caminhões cheios entravam em média diariamente" em Gaza, território do qual Israel se retirou em 2005 depois de 38 anos de ocupação.

"Se constatarmos que o Hamas está usando a ajuda humanitária [enviada a Gaza], deixaremos de enviá-la", advertiu o militar israelense.

Nesta quinta-feira, a conferência de ajuda humanitária para Gaza em Paris conseguiu compromissos de novas contribuições de mais de um bilhão de dólares (cerca de R$ 5 bilhões) para o território palestino.

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