Milton Ribeiro atribui debandada de 37 servidores no Inep a 'questão administrativa'
Parte desses funcionários relataram tentativas de interferência durante a produção da prova
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, negou nesta terça-feira as denúncias de interferência política na elaboração da prova do Enem, que será realizada nos dias 21 e 28 de novembro. E atribuiu a crise interna no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável por aplicar o exame, a uma "questão administrativa, de pagamento ou não de gratificação".
- Quando a gente vê toda essa discussão às vésperas do Enem. Nada com educação, nada com as provas, tudo a ver com a questão administrativa, de pagamento ou não de gratificação - afirmou ele. O ministro se referia ao pedido de demissão entregue por 37 servidores do Inep, no início de novembro, alegando "fragilidade técnica e administração da atual gestão do Inep".
Em reportagem do Fantástico publicada neste domingo, parte desses funcionários relataram tentativas de interferência durante a produção da prova, como o acesso de um agente da Polícia Federal a uma área restrita do Inep e pedidos de mudanças em perguntas que tratavam da "história recente do país".
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Ribeiro reiterou que houve "zero interferência" no Enem e comentou a declaração do presidente Jair Bolsonaro proferida ontem, em Dubai, de que as questões do exame "começavam a ter a cara do seu governo".
- A prova vai ter a cara do governo, sim, de seriedade e honestidade e de fazer as coisas com o máximo de competência possível - disse o ministro, dando um novo sentido à frase do presidente.
Diante da crise interna instalada no MEC, Ribeiro teve uma reunião nesta terça-feira com o ministro da Justiça, Anderson Torres, para discutir os procedimentos de segurança na aplicação do exame. O encontro durou cerca de 30 minutos e também contou com a presença do presidente do Inep, Danilo Dupas.
O ministro voltou a dizer que, apesar de ser "autoridade", não teve acesso às provas. - Nem eu, nem o presidente do Inep, muito menos o presidente da República.
A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados pretende convocar o ministro a dar maiores explicações sobre a debandada dos servidores do Inep.