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VACINA

Ministério adotará critério que permite vacinação contra Covid de pessoas com menos de 59 anos

Iniciativa deve ocorrer em conjunto com o fim da vacinação dos demais grupos prioritários previstos no plano de vacinação

Proposta foi aprovada nesta quinta-feira (27) em reunião com os demais gestores do SUSProposta foi aprovada nesta quinta-feira (27) em reunião com os demais gestores do SUS - Foto: Joseph Prezioso / AFP

O Ministério da Saúde irá adotar novas orientações para organização da vacinação contra a Covid nos estados e municípios. As medidas incluem enviar doses para professores e trabalhadores da educação em todo o país, grupo que é o próximo da lista prioritária e, na sequência, abrir espaço para o início da vacinação em alguns locais também por faixa etária, em pessoas com menos de 59 anos.

A iniciativa deve ocorrer em conjunto com o fim da vacinação dos demais grupos prioritários previstos no plano de vacinação. A proposta foi aprovada nesta quinta-feira (27) em reunião com os demais gestores do SUS, como representantes de secretários estaduais e municipais de saúde. Uma nota técnica que detalha as medidas deve ser divulgada nesta sexta-feira (28).

Segundo a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, Francieli Fontana, a mudança passou a ser planejada após pedido de alguns municípios, que afirmam ter menor demanda na vacinação dos grupos prioritários atuais ou já terem avançado em parte dos seguintes -daí pedirem para iniciar a vacinação também por faixa etária.

"Nesse momento, muitos estados e municípios estão tendo diferenças na vacinação", afirmou ela, segundo quem alguns municípios podem ter tido estimativas superiores à demanda real. "Há muitos municípios que estão com pouca demanda nas unidades de saúde para esses grupos".

Atualmente, a vacinação no país, salvo diferenças regionais, está prevista para pessoas com doenças preexistentes, com deficiência permanente, população em situação de rua, funcionários do sistema prisional e população privada de liberdade.

Com a nova medida, a pasta quer então iniciar o envio de doses para vacinação de professores e trabalhadores de educação, que seriam os próximos da lista nacional, enquanto a vacinação dos grupos atuais é concluída.

Passada essa etapa, que na prática já ocorre em diversos estados, seria aberta a possibilidade também de iniciar, em alguns locais, o início da vacinação por faixa etária, que iria da maior para a menor idade -pessoas de 59 a 55 anos, seguido de 54 a 50 anos e assim por diante.

A medida ocorreria em conjunto com a vacinação dos últimos grupos prioritários, que seguem a ordem do plano de vacinação. Entram na lista trabalhadores do transporte coletivo e metroviário, caminhoneiros, trabalhadores industriais e funcionários da limpeza urbana.

Para que o início da vacinação por faixa etária possa ocorrer, municípios devem pactuar a estratégia em conjunto com os estados em comissões técnicas e reservar uma parte das doses para manter a imunização dos grupos prioritários.
"É destinar parte das doses para seguir com idade e parte para seguir com o plano", completou o secretário-executivo do ministério, Rodrigo Cruz.

Segundo Fontana, dados da situação atual da epidemia têm mostrado a possibilidade de avançar na vacinação por faixa etária. "De 59 a 50 anos, também vem se verificando um aumento da mortalidade. Quanto mais velho, maior o risco de complicação e morte", afirmou.

Na reunião, a pasta não detalhou se haveria critérios mais específicos para definição de quais locais podem iniciar a vacinação por faixa etária nem quais os percentuais de reserva propostos por idade e para os grupos prioritários enquanto isso ocorrer. Questionado pela reportagem sobre a proposta, o ministério disse apenas que mais dados devem constar de nota técnica.

Ao aprovar a proposta, secretários de saúde citaram que alguns municípios têm deixado doses estocadas por terem baixa demanda para alguns grupos -caso da população em situação de rua ou população privada de liberdade, por não terem presídios ou serem cidades menores, por exemplo.

"Fico desesperado quando escuto secretário me ligar e dizer que não tem mais grupo de comorbidade e de pessoas com mais de 60 anos. E que diz que está com vacina estocada enquanto espera abrir outro público", afirmou o secretário de saúde do Maranhão e presidente do Conass (conselho que reúne secretários estaduais de saúde), Carlos Lula.

Para Mauro Junqueira, secretário-executivo do Conasems, conselho que reúne os municípios, a medida não prejudica o plano de vacinação. "Deixamos claro que aqueles que já avançaram nos grupos e tiverem vacinas disponíveis podem iniciar por idade", disse.

Ainda de acordo com a coordenadora, a estimativa é que a vacinação de pessoas com comorbidades e demais grupos atuais seja concluída em até duas semanas. Ela não informou qual a previsão de conclusão todo o público prioritário, o qual soma 78,4 milhões de pessoas.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, tem dito que pretende terminar a vacinação de toda a população adulta -ou seja, além dos grupos prioritários-até o fim deste ano.

O cronograma de doses, no entanto, tem enfrentando impasses junto a alguns fornecedores devido ao atraso na entrega de insumos usados na produção de vacinas.

Nesta quarta (26), novo cronograma divulgado pela Saúde reduziu para 43,8 milhões a previsão de doses de vacinas contra Covid a serem distribuídas em junho. Até então, a estimativa, calculada a partir de dados de fornecedores, era de 52,2 milhões de doses.

Ainda no encontro, gestores manifestaram preocupação com novo aumento de casos da Covid no país e pediram apoio do Ministério da Saúde na organização de ações. "Falam que estamos entrando na terceira onda. Acho que nem saímos da primeira. Nosso alerta é no sentido de estarmos atentos ao recrudescimento da pandemia nesse momento. Para 2021, vamos precisar de muito mais recursos na Saúde do que tivemos em 2020", disse o presidente do Conasems, Willames Freire.

O secretário de vigilância em saúde do ministério, Arnaldo Medeiros, confirmou que os dados apontam um aumento de casos nas últimas cinco semanas, mas evitou definir se a situação se trata de uma terceira onda. "Às vezes também tenho a impressão de que tivemos um recrudescimento de uma única onda", comentou.

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