Ministério da Saúde corrige número de vacinas contra a Covid entregues a SP
O Ministério da Saúde corrigiu na manhã desta sexta-feira (6) o número de vacinas contra Covid-19 que enviou a São Paulo. A mudança ocorreu horas depois de a Folha de S.Paulo mostrar discrepância entre os registros estaduais e os federais.
Na noite noite de quinta (5), o site do Ministério da Saúde informava que o estado de São Paulo havia recebido 48,3 milhões de doses de imunizantes. Só que os registros da Secretaria da Saúde indicavam a entrega de 41,6 milhões de doses, quase 7 milhões a menos.
Nesta manhã, sem nenhuma explicação, o número divulgado pelo governo federal caiu para 41,9 milhões de vacinas para a unidade mais populosa da Federação. Ou seja, cerca de 7 milhões de doses sumiram do sistema.
Procurado pela Folha de S.Paulo nesta sexta-feira, o Ministério da Saúde ainda não comentou a situação.
O episódio ocorre em meio à disputa do governo João Doria (PSDB) com o governo Bolsonaro acerca da entrega de um lote do fármaco da Pfizer/BioNTech.
Nesta semana, chegou a São Paulo uma remessa de 228 mil doses da vacina, metade do combinado segundo o critério de distribuição por população do Programa Nacional de Imunização.
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Pelo esquema, o estado sempre fica com cerca de 20% das vacinas distribuídas, próximo dos 23% de sua representação no total da população.
Como a vacina da Pfizer é a única autorizada para uso em crianças e adolescentes no país e a prioridade tem de ser dada àqueles que receberam a primeira dose dela há três meses, o secretário Jean Gorinchteyn estima que o plano está prejudicado se não houver reforço por
parte do governo.
Os outros imunizantes usados no Brasil (Coronavac, AstraZeneca e Janssen) podem ser aplicados apenas em maiores de 18 anos.
Doria se queixou de "maldade" do presidente Jair Bolsonaro, seu rival político -o tucano quer ser candidato ao Planalto no ano que vem.
O governador afirmou em entrevista coletiva na quarta-feira (4) que a decisão do governo federal sobre o envio de doses era arbitrária e afrontava o pacto federativo.
Representantes do Ministério da Saúde negaram na quarta que tenha havido prejuízo na distribuição e disseram ter havido uma compensação por doses extras recebidas anteriormente, o que o governo paulista nega.
O secretário-executivo do ministério, Rodrigo Cruz, negou que tenha havido prejuízo na distribuição das doses ao estado e disse que a decisão foi tomada em conjunto com representantes de secretários de Saúde. Ele também disse que não há um percentual fixo de distribuição de doses por estado.
Segundo a secretária de enfrentamento à Covid, Rosana Leite de Melo, São Paulo retirou mais doses do que o previsto no Instituto Butantan em distribuições recentes, o que levou a compensações no envio de outros imunizantes.
Em nota divulgada logo após a entrevista coletiva do ministério na quarta, o governo de São Paulo rebateu as declarações e disse que a afirmação de que o estado teria ficado com mais doses da Coronavac é mentirosa.
Nesta quinta, o governo paulista anunciou estar estudando medidas judiciais contra o ministério. Os detalhes da ação judicial e a qual esfera o estado vai recorrer não foram informados.
Em um ofício encaminhado ao Ministério da Saúde na quarta, o governo paulista requereu o envio complementar de doses da vacina Pfizer em até 24 horas. Segundo Gorinchteyn, até o fim da manhã desta quinta não tinham recebido resposta.
São Paulo pretendia iniciar em 18 de agosto a vacinação de adolescentes com comorbidades, deficiências, gestantes e puérperas. O grupo é de risco para a Covid-19, mas não foi incluído na prioridade para receber a vacina.
"A proteção de jovens vulneráveis à doença está em risco. Sem a garantia dessas doses, frustramos a expectativa pais e mães que há tento tempo aguardam para vacinar e proteger seus filhos", disse o secretário.
A partir de 30 de agosto estava prevista a vacinação do público geral de 12 a 17 anos. A vacinação com a primeira dose de adultos em São Paulo deve terminar no próximo dia 16, segundo o governo.