Logo Folha de Pernambuco

Pandemia

Ministério da Saúde orienta 'deixar claro' que não é obrigado a fornecer respiradores a estados

O atraso na entrega de itens aos estados para assistência ao novo coronavírus tem sido alvo de críticas de secretários de saúde nos últimos meses

RespiradoresRespiradores - Foto: Divulgação

Em meio a atrasos na entrega de itens prometidos para o combate ao novo coronavírus, representantes do Ministério da Saúde orientaram em reunião "deixar claro" que a pasta não tinha responsabilidade de fornecer respiradores e equipamentos de proteção individual e frisaram que estados já poderiam organizar compras por conta própria.

A orientação consta em ata de reunião realizada em 17 de junho por um comitê de emergência criado para assessorar a pasta em decisões sobre o novo coronavírus. Não há informações sobre de quem fez a orientação. A ata, no entanto, registra que o encontro reuniu secretários da pasta para discutir critérios para distribuição de medicamentos, insumos, recursos humanos, testes e vacinas.

Ao comentar a oferta de respiradores e EPIs, membros do ministério justificaram que, em um primeiro momento, era preciso ser "reativo" devido a falta no mercado, mas que o cenário havia mudado. A partir daí, há a sugestão de "deixar claro que o Ministério da Saúde não tem a responsabilidade de fornecer respiradores e EPI".

"Isso ocorreu devido a atual conjuntura da emergência de a falta de atendimento no mercado, porém hoje já estamos com um panorama mais estabilizado possibilitando aos estados usarem suas verbas destinadas a esta emergência para aquisição", informa o documento.

Na ata que frisa a orientação, o ministério orienta que eventual apoio seja dado "para estruturar onde ainda não aconteceu levando em consideração capacidade de compra e logística". Aponta ainda verificar com os estados a urgência de cada pedido e fazer um check list da "real necessidade".

O atraso na entrega de itens prometidos pelo ministério aos estados para assistência ao novo coronavírus tem sido alvo de críticas de secretários de saúde nos últimos meses. A pasta tem alegado que houve dificuldade para aquisição devido à alta demanda no mercado. Já estados afirmam que, sem respostas sobre o fornecimento, tiveram que fazer compras por conta própria a preços mais altos.

Em abril, por exemplo, a pasta anunciou uma parceria para obter 14.100 respiradores via produção nacional até julho. Até o momento, 8.449 já foram distribuídos. Em nota, o Conass (conselho que representa secretários estaduais de saúde) diz entender que, em meio a crise, "a obrigação de todos os Entes é ser cooperativo e solidário, discutindo e pactuando claramente as ações de forma a suprir as necessidades da população".

"Vale ressaltar que, no início da pandemia, o Ministério da Saúde chamou para si a responsabilidade centralizada de distribuir respiradores para os estados, que montaram seus leitos de UTI certos de que receberiam aqueles equipamentos, o que não se concretizou plenamente. Com isso, estados e municípios arcaram com esta responsabilidade, o que também ocorreu em relação a aquisição de EPIs", informou.

O conselho também aponta a necessidade de ações coordenadas e efetivas diante um "mercado desregulado com o consumo exagerado em escala mundial". Já o secretário-executivo do ministério, Élcio Franco, voltou a defender em entrevista coletiva nesta sexta que a responsabilidade pela aquisição é dos estados e municípios.

"O ministério em momento algum se furtou a ajudar por meio do seu poder de compra estados e municípios. Mas é sim responsabilidade de estados e municípios adquirirem seus insumos, medicamentos e equipamentos", disse. "É atribuição de estados e municípios, para que não fiquem questionando o ministério."

Ele não comentou atrasos na previsão inicial sobre a oferta de respiradores. Segundo o ministério, já foram distribuídos 208 milhões de equipamentos de proteção individual.

Veja também

Como mulheres podem urinar em pé ou sem se sentar? Veja artefatos que ajudam
BANHEIRO

Como mulheres podem urinar em pé ou sem se sentar? Veja artefatos que ajudam, casos e países onde iniciativa ocorre

Chorar uma vez por semana pode ser bom para à saúde, afirma especialista; entenda
SAÚDE

Chorar uma vez por semana pode ser bom para à saúde, afirma especialista; entenda

Newsletter