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América do Sul

Ministério Público da Colômbia suspende mandado de prisão contra principal líder do ELN

Antonio García é acusado pelo recrutamento forçado de 71 menores

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro O presidente da Colômbia, Gustavo Petro  - Foto: Jim Watson/AFP

O Ministério Público da Colômbia anunciou nesta segunda-feira que suspenderá o mandado de prisão contra Antonio García, comandante do Exército de Libertação Nacional (ELN), a última guerrilha ativa no país, que negocia a paz com o governo desde o final do ano passado.

— Hoje mesmo, ou ontem, recebi uma nova resolução assinada pelo presidente da República solicitando, desta vez, a suspensão do mandado de prisão do senhor Antonio García do ELN. Verificamos o ordenamento jurídico e consideramos que é possível suspender esse mandado de detenção porque existem dois processos de paz em curso — afirmou Francisco Barbosa, chefe do órgão de investigação, durante um encontro público com dirigentes locais.

Gustavo Petro, o primeiro presidente de esquerda da história da Colômbia, negocia desde novembro com este grupo guerrilheiro fundado em 1964 no calor da revolução cubana e em paralelo avança reaproximações com rebeldes que se afastaram do histórico pacto de paz que desarmou a poderosa guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em 2016, sem grandes avanços para desescalar o conflito armado.

— As críticas que têm sido levantadas [contra os processos de paz] e que eu também tenho feito em matéria de segurança [foram consideradas] — garantiu Barbosa, que tem travado frequentes polêmicas com o governo. — A paz não é incompatível com a segurança.

Seu pedido tem efeito imediato.

Sinais de trégua
As negociações com o ELN entraram em crise no final de março, quando os insurgentes lançaram um ataque com armas longas e explosivos que deixou dez soldados mortos perto da fronteira com a Venezuela. No entanto, as partes continuaram sentadas à mesa de diálogo, que encerrará seu terceiro ciclo na quinta-feira em Cuba.

Garcia é um dos membros mais ativos do órgão de decisão da guerrilha conhecido como Comando Central do ELN (Coce). A Justiça o acusa pelo recrutamento forçado de 71 menores e sua participação em um ataque com carro-bomba contra uma academia de polícia que deixou 22 mortos, além do agressor. Essa operação enterrou as negociações com o antecessor de Petro, o conservador Iván Duque (2018-2022).

A esquerda chegou ao poder em agosto do ano passado e, no final daquele mês, o presidente pediu a suspensão dos mandados de prisão contra 16 guerrilheiros para que participassem da nova mesa de diálogo, mas Garcia não foi incluído nessa lista.

O ELN, de inspiração guevarista, recusou-se a participar de uma trégua bilateral declarada pelo presidente Gustavo Petro em 31 de dezembro. Mas emissários do governo em Cuba, uma das sedes das negociações iniciadas em novembro, insistem que é essencial concordar com um cessar-fogo.

Pela manhã, Petro postou em sua conta no Twitter a foto de uma reunião com a "liderança militar" e seus negociadores com a guerrilha. Ao fundo da imagem há um slide sobre um "acordo de cessar-fogo bilateral" que começaria na quinta-feira, mas a imagem foi deletada de sua conta minutos depois e após vários usuários daquela rede social terem notado o texto.

Após a reunião, o negociador-chefe do Executivo, Otty Patiño, disse à imprensa que o governo está avaliando um cessar-fogo "por seis meses", sem especificar quando a trégua começará.

O ELN manteve negociações infrutíferas com cinco governos. A guerrilha tinha pelo menos 5.850 combatentes em 2022, segundo dados do Ministério da Defesa.

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