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RIO DE JANEIRO

Ministra do STM vota para manter penas altas de militares condenados por morte de músico e catador

Maria Elizabeth Teixeira Rocha divergiu do relator, que defendeu diminuição drástica das punições

Evaldo dos Santos Rosa, músico morto durante ação dos militaresEvaldo dos Santos Rosa, músico morto durante ação dos militares - Foto: Facebook/ Reprodução

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O Superior Tribunal Militar (STM) volta a julgar, nesta quarta-feira, recursos de oito militares do Exército que foram condenados pelos homicídios do músico Evaldo Santos e do catador de lixo Luciano Macedo, ocorridos em abril de 2019, em Guadalupe, na Zona Norte do Rio.

De acordo com as investigações, 257 disparos foram efetuados contra o carro de uma das vítimas. O placar está em dois votos a um para reduzir todas as penas.

O julgamento foi retomado com o voto da ministra Maria Elizabeth Teixeira Rocha, que em março tinha pedido vista.

Ela abriu uma divergência com o relator, votando para manter as penas definidas na primeira instância contra dos dois acusados, e com uma redução para os outros seis, mas menor do que a proposta pelo relator. Rocha foi eleita há duas semanas como próxima presidente do STM, e a posse será em março.

Na primeira instância, em julgamento de 2021, o segundo-tenente Ítalo da Silva Nunes, que chefiava a ação, foi condenado a 31 anos e seis meses de prisão. Os demais militares receberam uma pena de 28 anos.

Em fevereiro, quando o julgamento começou no STM, o relator, ministro Carlos Augusto Amaral Oliveira, votou para diminuir drasticamente as penas e foi acompanhado pelo revisor, José Coêlho Ferreira. A pena de Ítalo da Silva Nunes passaria para três anos e sete meses, e a dos demais para três anos.

No voto de Rocha, desta quarta-feira, seriam mantidas a pena de Nunes, de 31 anos, e do terceiro-sargento Fabio Henrique Souza Braz da Silva, de 28, porque eles teriam papel de comando. As penas dos outros seis militares seriam de 23 anos e quatro meses.

O julgamento continua e faltam os votos de 13 ministros.

Relembre o caso
Evaldo Santos estava em um carro com outras quatro pessoas, incluindo a mulher e o filho de 7 anos, a caminho de um chá de bebê, quando foi atacado pelos militares, que teriam confundido o carro dele com o de criminosos.

Segundo a perícia, 62 tiros perfuraram o veículo, tendo oito atingido o músico, que morreu na hora.

Luciano Macedo, que passava pelo local, também foi baleado ao tentar ajudar as vítimas. Ele chegou a ser socorrido a um hospital da região, mas não resistiu.

Ao defender a redução de pena, o ministro Carlos Oliveira votou pela absolvição dos militares pela morte de Santos, por entender que há a possibilidade de que ele tenha morrido antes, durante troca de tiros com criminosos.

No caso de Macedo, o relator votou para mudar a sentença de homicídio doloso para culposo (quando não há intenção de matar).

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