Logo Folha de Pernambuco

ORIENTE MÉDIO

Ministro de Israel defende proposta de Trump para 'limpar' Gaza de palestinos

Bezelal Smotrich é líder da ala mais radical do governo israelense,

Ministro de Israel defende proposta de Trump para 'limpar' Gaza de palestinosMinistro de Israel defende proposta de Trump para 'limpar' Gaza de palestinos - Foto: Bahsar Taleb/AFP

Integrante da ala mais radical do governo liderado por Benjamin Netanyahu, o ministro da Economia de Israel, Bezelal Smotrich, afirmou nesta segunda-feira que está trabalhando para transformar em política a proposta do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre "limpar Gaza" e enviar palestinos para Egito e Jordânia.

A medida, sugerida por Trump no domingo, provocou uma onda internacional de indignação, com países árabes e europeus condenando qualquer hipótese de retirada total da população palestina de seu território.

— Após anos de estadistas tentando impor suas imaginações sobre a realidade, o presidente dos EUA está finalmente entendendo a realidade. Gaza é um foco de terrorismo que cria sofrimento tanto para os residentes do Estado de Israel como para os próprios residentes de Gaza — afirmou Smotrich, em uma declaração a jornalistas, acrescentando também estar trabalhando com o Gabinete de governo para criar um "plano operacional" para por em prática a visão de Trump.

— Não há nenhuma dúvida que no longo prazo, encorajar a emigração é a única solução que vai trazer paz e segurança aos residentes de Israel e também amenizar o sofrimento dos árabes residentes em Gaza.

Trump afirmou no domingo, a bordo do Air Force One, que Gaza era um "local de demolição" após 15 meses de guerra e que era a favor de retirar os civis palestinos do enclave. Quando da declaração, o presidente americano disse que já havia falado com o rei da Jordânia, Abdullah II, e que pretendia conversar com o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, ainda no domingo.

A proposição foi rapidamente condenada por grupos palestinos, países da região e mesmo integrantes da União Europeia. A Liga Árabe denunciou a iniciativa como uma "limpeza étnica", enquanto Egito e Jordânia rejeitaram individualmente a ideia de Trump — com uma fonte egípcia ouvida pela TV saudita al-Hadath afirmando a negativa a um plano dos EUA que envolveria deslocar os palestinos de Gaza por um período de seis meses a um ano para três países árabes e um país na Ásia.

O plano ainda especificaria, de acordo com a mesma fonte, que os moradores de Gaza teriam que deixar os países anfitriões no início de 2026, mas não especifica se os refugiados poderão retornar a Gaza.

Em uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, Christian Wagner, afirmou que Berlim mantém seu compromisso com o consenso internacional sobre a situação de Gaza.

— Há uma posição comum compartilhada pela UE, nossos parceiros árabes e as Nações Unidas, que é muito clara: a população palestina não pode ser expulsa de Gaza, e Gaza não deve ser permanentemente ocupada ou reassentada por Israel — afirmou o porta-voz.

Em meio ao conflito no enclave palestino, iniciado após o atentado terrorista lançado contra Israel pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, a reocupação do território palestino por Israel motivou especulação tanto por parte de radicais israelenses quanto por figuras ligadas ao movimento político de Trump.

Em março do ano passado, o genro de Trump e conselheiro durante o primeiro mandato, Jared Kushner, sugeriu durante um evento na Universidade Harvard que casas construídas de frente para o mar na Faixa de Gaza "poderiam ser valiosas", ao mesmo tempo em que sugeriu que a população civil do território palestino fosse removida para o Deserto do Negev. O próprio Smotrich, também no ano passado, defendeu a ocupação da Faixa de Gaza e a redução da população do enclave pela metade, por meio de uma estratégia de encorajamento de "emigração voluntária".


Em seu contato com a imprensa nesta segunda-feira, Smotrich minimizou a resistência dos países árabes que estariam incluídos no plano de Trump, usando o exemplo da pressão exercida pelo americano sobre a Colômbia, no caso envolvendo a deportação de imigrantes sem documentação, no domingo.

— Não há nada para ficar animado sobre a fraca oposição do Egito e da Jordânia ao plano. Vimos ontem como Trump [impôs sua vontade sobre] a Colômbia para deportar imigrantes apesar de sua oposição. Quando ele quer, acontece — afirmou. (Com AFP)

Veja também

Newsletter