Ministro diz considerar "justificado e moral" deixar que 2 milhões de palestinos "morram de fome"
Bezalel Smotrich é um dos mais radicais integrantes do Gabinete de Benjamin Netanyahu
O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, disse nesta segunda-feira (5), considerar que é “justificado e moral” impedir a entrada de ajuda humanitária em Gaza, e deixar que “dois milhões de palestinos morram de fome”.
Smotrich, um dos mais radicais integrantes do Gabinete do premier, Benjamin Netanyahu, defende que a Faixa de Gaza seja completamente reocupada pelos israelenses, e quer acelerar a expansão dos assentamentos judaicos na Cisjordânia.
— Não podemos, na realidade global atual, administrar uma guerra. Ninguém nos deixará causar a morte de 2 milhões de civis de fome, mesmo que isso possa ser justificado e moral, até que nossos reféns sejam devolvidos. — afirmou Smotrich nesta segunda-feira, durante uma conferência organizada pelo jornal Israel Hayom, citado pelo jornal Times of Israel.
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Para o ministro, o governo israelense está permitindo a entrada de ajuda humanitária em Gaza “porque não há escolha”.
— Vivemos hoje em uma certa realidade, precisamos de legitimidade internacional para esta guerra — disse o ministro.
Frequentemente chamado de “agente do caos” por seus críticos, Bezalel Smotrich é uma das figuras mais questionadas do meio político israelense.
Antes da guerra, ele chegou a se descrever como um “homofóbico orgulhoso”, e ficou conhecido (e foi eleito) por suas posições favoráveis aos colonos na Cisjordânia, defendendo a expansão dos assentamentos, considerados ilegais pela lei internacional, e não raro dando declarações consideradas de "desumanização" dos palestinos.
Em junho, ele comemorou a legalização, por parte do governo de Israel, de cinco postos avançados, considerados o primeiro passo para a criação de um assentamento, e atuou para que fossem impostas sanções a integrantes da Autoridade Nacional Palestina.
Nesta segunda-feira, também na conferência do Israel Hayom, Smotrich disse que “os assentamentos judaicos são o cinturão de segurança do Estado de Israel”, e não esconde seus planos para anexar completamente a Cisjordânia.
Desde o ataque do grupo terrorista Hamas, em 7 de outubro de 2023, o ministro defende uma resposta dura contra a organização, que comanadava a Faixa de Gaza, e contra seus aliados, como o Hezbollah, no Líbano.
Em maio, chegou a dizer que a milícia libanesa deveria receber um ultimato para que suspenda os disparos contra o lado israelense, e se não aceitasse, Israel deveria lançar uma “incursão terrestre e uma tomada militar” no Sul do país vizinho.
Sobre Gaza, defende a reocupação do território palestino, com a instalação de postos militares “no norte, centro e sul” do enclave, “para evitar uma situação em que o Hamas reconstrua sua infraestrutura militar e [reafirme] o controle civil".
— Não sei se o primeiro-ministro não quer ou não está conseguindo convencê-los — disse Smotrich nesta segunda-feira, se referindo aos ministros do Gabinete de Netanyahu, como o titular da pasta da Defesa, Yoav Gallant, que se opõem à reocupação de Gaza. Ele ainda afirmou que o principal fator para a continuidade da guerra são os saques dos caminhões com ajuda humanitária, supostamente realizados pelo Hamas;