Mirabilandia volta às atividades após mais de 40 dias de interdição por acidente com professora
Empresa garante que está seguindo recomendações do CREA-PE
O parque de diversões Mirabilandia voltou às atividades, nesta quinta-feira (2), em Salgadinho, Olinda, 42 dias após a professora de inglês Dávine Muniz, de 34 anos, sofrer um grave acidente, tendo sido arremessada ao ar por um brinquedo, o Wave Swinger. O local foi aberto por volta das 14h10, sem muita movimentação. Possivelmente, a baixa se dá pelo feriado de Finados.
A estrutura do brinquedo foi desmontada, no último dia 6 de outubro, após perícia do Instituto de Criminalística, que autorizou a desativação. O Wave Swinger foi levado ao setor de manutenção do parque, desmontado, em várias partes. Por hora, não há previsão para reinstalação. Ele funciona com balanços presos em correntes, numa estrutura que gira no próprio eixo, fazendo com que os balanços cheguem a uma altura de 12 metros. Agora, no lugar da antiga atração, está instalado um trampolim.
Para a volta, o parque assegura que adotou as recomendações feitas pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (CREA-PE), que estabeleceu pelo menos dez regras que o estabelecimento comercial terá que seguir (todas as orientações estão ao final do texto).
Segundo o diretor-geral do parque, Bruno Peixoto, o local passou por inspeções feitas por engenheiros mecânicos que avaliaram as condições de funcionamento dos equipamentos.
O laudo conclusivo em relação à segurança do parque está integrado a um QR code que foi instalado nas placas de identificação dos brinquedos e qualquer pessoa pode acessar, basta apontar a câmera do celular e conferir as informações.
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"Agora, o público vai ter acesso à identificação dos responsáveis técnicos nas áreas de elétrica e mecânica, e o laudo vai ser atualizado periodicamente para que o público tenha conhecimento dos profissionais e da segurança dos brinquedos", explicou.
O trabalho da equipe que mantém o espaço de diversão de pé, ainda segundo Bruno, é para reconquistar a confiança do público que prestigia o parque há décadas.
"Ao longo de 21 anos de história, milhões de pessoas passaram por aqui e esse é o único registro de acidente que nós temos. Digo isso sem desmerecer o acidente com a professora [Dávine Muniz]", acrescentou.
O diretor ressaltou, durante a entrevista, que a empresa está assistindo a vítima do acidente e a família dela cobrindo as despesas necessárias e dando os suportes durante o tratamento. Antes, Dávine estava internada no Hospital da Restauração, no Derby, mas foi transferida para o Hospital São Marcos, no Paissandu.
"Quando ela estava no Hospital da Restauração, que é referência para o politraumatismo que ela sofreu, nós oferecemos apoios psicológicos para a família, reembolso, custeio de alimentação e transporte. Atualmente, nós estamos arcando com os custos do tratamento no hospital. Em momento algum eles ficaram desamparados pelo parque", acrescentou.
Por meio de nota enviada à imprensa, o Mirabilandia diz que conta com profissionais habilitados responsáveis por manutenções, revisões, montagens e desmontagens, de acordo com orientação do fabricante, e que diariamente são feitos testes de funcionamento seguindo as normas específicas de cada brinquedo.
"O parque realiza treinamentos e capacitações com os seus funcionários para diversos cenários, contando com equipe própria de bombeiros civis e brigadistas, que são separados para primeiros socorros e diversos tipos de intercorrências", continua o comunicado.
Um estudante de 15 anos aproveitou a volta do parque para se divertir nos brinquedos. Ele disse à reportagem que confia na segurança dos equipamentos e se diverte no espaço desde mais novo. Ele brincou, sozinho, no Overloop, brinquedo que gira em 360º graus sob o eixo.
"Eu tenho confiança no parque porque eu venho aqui tem mais de 11 anos. Quando passa setembro, eu venho com mais frequência aqui. Eu conheço bem o Mirabilândia. Eu reconheço a gravidade do acidente que aconteceu com a professora, mas deve ter sido algo pontual. Daqui a pouco eu vou no Move It. Para quem gosta, ele é muito bom e serve para quem gosta de adrenalina", explicou.
Mirabilandia vai para outro espaço daqui a dois anos
A assessoria do parque informou que, em 2025, a estrutura do Mirabilandia vai sair do endereço atual, em Salgadinho, Olinda, e irá para um terreno próprio, que fica na BR-101 Norte, em Paulista. Atualmente, o terreno onde funcionam as instalações é alugado, pertence ao Governo de Pernambuco, e faz parte do terreno do Centro de Convenções.
Veja as normas que o Mirabilandia terá que seguir:
1. Apresentação de documentos de todos os brinquedos
2. Enviar documentações complementares aos já enviados antes
3. Especificar e detalhar documentos sobre manutenção preventiva
4. Identificar profissionais técnicos
5. Cumprir recomendações do Crea
5.1. Planejamento de Manutenção e Controle (PCM) de cada equipamento de diversão.
5.2. Que seja contratado profissional (ais) Engenheiro Mecânico com registro no CREA de acordo com a resolução
1.121/2019 do Confea, para compor de forma permanente o quadro técnico da empresa
5.3. Seja realizado Laudo Técnico dos equipamentos de diversão, relativo às condições de operacionalidade e de qualidade técnica de montagem e instalação, nos termos previstos na Decisão Normativa n° 52, de 25 de agosto de 1994, exarada pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CONFEA
5.4. A falta ou a não renovação do laudo ensejará interdição
5.5. Sempre que ocorrer uma mudança no projeto das instalações de suporte ou nos
brinquedos, que modifique especificações originais apresentadas no comissionamento do parque, deverá ser elaborado um projeto técnico com detalhes e especificações da mudança com respectiva ART do Responsável Técnico;
5.6. Que seja adotado o Livro de Ocorrências para o registro de acordo com o que segue:
6.6.1. as irregularidades constatadas pelos usuários no funcionamento dos equipamentos;
5.6.11. as condições anormais detectadas pelo profissional, bem como a indicação das providências tomadas ou necessárias à liberação e permanência em atividades;
6.6.111. o Livro de Ocorrência será de guarda e posse do contratante e de livre acesso ao profissional e aos usuários;
5.6.IV. as inspeções individualizadas por equipamento deverão ser acompanhadas e assinadas pelo Responsável Técnico;
5.6.V. devem ser registradas as manutenções, indicando as ações realizadas, incluindo a substituição de peças se for o caso;
5.6.VI. as peças substituídas devem apresentar as mesmas características técnicas das peças originárias do equipamento devendo atender as orientações do fabricante.
5.7. Os profissionais habilitados para assumirem a Responsabilidade Técnica pelas atividades da modalidade mecânica são os Engenheiros Mecânicos, Metalurgistas, de Armamento, de Automóveis, Aeronáuticos, Navais, bem como os Engenheiros Industriais, de Produção, de Operação e os Tecnólogos, todos da mesma modalidade.
5.8. Nos parques de diversões, onde houver subestação de energia elétrica, deverá haver um Responsável Técnico pela manutenção habilitado e registrado no CREA. O registro da ART de manutenção será renovado anualmente. Os profissionais habilitados para responsabilizar-se pelos serviços citados serão os Engenheiros Eletricistas, Eletrônicos, Eletrotécnicos, de Comunicação ou Telecomunicações, Eletricistas, modalidade Eletrotécnica e Eletrônica, bem como os Engenheiros Industriais, de Produção, de Operação e os Tecnólogos, todos da modalidade elétrica.
5.9. Que todos os profissionais que realizem atividade técnicas de manutenções sejam identificados;
5.10. Ao lado dos equipamentos de diversão deverão ser afixados cartazes, em locais visíveis, indicando suas especificações e limitações para uso, conforme instrução do fabricante e nos termos da Norma Técnica vigente expedida pela Associação Brasileira