Logo Folha de Pernambuco

Conflito

Missão da OEA alerta para violência armada na Colômbia e pede paz com ELN

Relatório identifica "impactos graves" sobre a população civil em muitas áreas do país

Texto da OEA menciona homicídios de ativistas e líderes comunitários na ColômbiaTexto da OEA menciona homicídios de ativistas e líderes comunitários na Colômbia - Foto: Prensa Pacto Historico / AFP

A violência armada persiste na Colômbia, apesar dos avanços na implementação do acordo de paz selado há cinco anos, alerta um relatório da Organização dos Estados Americanos (OEA) divulgado nesta quarta-feira (15).

O relatório mais recente da Missão da OEA em Apoio ao Processo de Paz na Colômbia (MAPP/OEA) identifica “impactos graves” sobre a população civil em muitas áreas do país, várias delas localizadas na fronteira com Venezuela e Equador.

O texto menciona homicídios de ativistas e líderes comunitários, deslocamentos forçados, confinamentos, extorsões, poluição com minas terrestres e recrutamento de menores, especialmente indígenas e migrantes.

Embora o Estado colombiano tenha acordado em 2016 o fim do conflito com as hoje extintas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), grupos armados ilegais, como o Exército de Libertação Nacional (ELN), dissidentes das Farc e grupos de narcotraficantes seguem disputando o controle territorial.

O ELN e os grupos residuais das Farc "são os de maior atividade bélica", indica a MAPP/OEA. Além do fato de que seu objetivo parece ser maximizar seus lucros com economias legais e ilegais, em grande parte “eles tentam sustentar uma plataforma político-ideológica com a qual buscam legitimar sua existência e suas ações”, acrescenta o relatório, que também destaca uma "grande atividade armada" de grupos do narcotráfico, como o Clã do Golfo, embora cite a prisão de seu chefe, Dairo Antonio Úsuga, conhecido como "Otoniel", extraditado para os Estados Unidos em maio.

O relatório, que analisa o segundo semestre de 2021, destaca a "preocupação" com o que considera ser uma "justiça de fato" exercida por esses grupos armados ilegais, que "entorpecem" o trabalho da justiça formal.

Embora aplauda a implementação pelo governo de Iván Duque do Estatuto Temporário de Proteção para Migrantes Venezuelanos, a MAPP/OEA observa dificuldades nesse processo, com “casos de fraude” e “gestão frágil” de entidades territoriais. Além disso, ressalta que a população migrante “continua sendo vítima de agressões físicas, homicídios, desaparecimentos e expulsões” por parte dos grupos armados ilegais.

- 'Paz completa' -

A quatro dias do segundo turno presidencial na Colômbia, no qual se enfrentarão o ex-guerrilheiro do M19 Gustavo Petro e o excêntrico milionário Rodolfo Hernández, a MAPP/OEA pede que se continue avançando em direção à "paz completa", após seis décadas de conflito armado.

"É necessário que a guerrilha do ELN dê sinais claros e concretos de suas intenções de paz", enfatiza o relatório, que pede a libertação de todos os sequestrados e o fim dos sequestros, os efeitos sobre a população civil e os atentados contra a infra-estrutura, que produzem grandes impactos ambientais.

Além disso, o relatório pede que se mantenham abertos os canais de diálogo que permitam, eventualmente, “retomar as negociações de paz” com a guerrilha guevarista, que pegou em armas em 1964.

“O povo colombiano merece uma paz completa”, disse Roberto Menéndez, chefe da MAPP/OEA, durante a apresentação do relatório ao Conselho Permanente da OEA.

Duque, que deixará a presidência em agosto, após quatro anos no poder, rompeu o diálogo com o ELN em 2019, após um atentado a uma academia de polícia que deixou 22 cadetes mortos, além do autor.

A MAPP/OEA elogiou, por outro lado, o que descreveu como "conquistas institucionais" na implementação de programas de desenvolvimento territorial e substituição de cultivos ilícitos (PNIS), desminagem humanitária e prevenção do recrutamento. Também exaltou o trabalho da Comissão da Verdade para o acesso das vítimas do conflito armado à Justiça, reparação integral e garantias de não repetição.

O mandato da MAPP/OEA, criada em 2004 para monitorar e acompanhar a implementação da paz na Colômbia, foi renovado em outubro passado por Duque até 2025.

Veja também

Homem de 25 anos acorda momentos antes de ser cremado na Índia
ERRO

Homem de 25 anos acorda momentos antes de ser cremado na Índia

Chefe da Otan tem reunião com Donald Trump nos EUA
EUA

Chefe da Otan tem reunião com Donald Trump nos EUA

Newsletter