Logo Folha de Pernambuco

inundações

Moradores atordoados e socorristas sobrecarregados pelas enchentes na Espanha

Várias centenas de trabalhadores tiveram que permanecer nas suas empresas porque não podiam voltar para casa

Moradores ficam em frente a carros empilhados após enchentes mortais no bairro de Alfafar, ao sul de Valência, leste da Espanha.Moradores ficam em frente a carros empilhados após enchentes mortais no bairro de Alfafar, ao sul de Valência, leste da Espanha. - Foto: Manaure Quintero / AFP

Com as ruas transformadas em rios de lama, os moradores da região espanhola de Valência ficaram "presos" nas inundações mortais que causaram estragos na noite de terça-feira (29) e deixaram os serviços de emergência sobrecarregados.

"Estamos isolados. Não podemos acessar parte da cidade. As estradas estão todas fechadas, as pontes estão cortadas, podem ter desaparecido", disse nesta quarta-feira (30) à AFPTV José Manuel Rellán, morador da cidade de Ribarroja del Turia, perto da cidade de Valência, relembrando o pesadelo que viveu na noite anterior.

"Está chovendo sem parar há 10 horas (...). E o resultado é o que você vê", diz este homem de 49 anos, apontando para água misturada com a lama ainda visível nas ruas de seu bairro.
 

Nesta cidade de 22 mil habitantes, as chuvas que caíram durante a noite fizeram o rio Turia transbordar e deixaram muitos moradores presos em seus veículos ou em suas casas.

Várias centenas de trabalhadores tiveram que permanecer nas suas empresas porque não podiam voltar para casa.

"Tenho muitos amigos que perderam tudo. Perderam a casa, perderam o carro, perderam tudo. Minha fábrica está destruída, onde trabalho. É difícil porque você não sabe o que vai acontecer agora", confessa Rellán, entristecido.

Esther Gómez, vereadora socialista da Câmara de Ribarroja del Turia, afirma que a noite foi caótica, com os serviços de emergência postos à prova.

"Em poucos minutos" passamos de "estar em um lugar onde nada acontece, para um transbordamento tão grande", conta a mulher, de óculos quadrados e cabelos longos e soltos.

"Estamos com medo. As pessoas fizeram o que podiam. Os serviços de atendimento e segurança também ficaram sobrecarregados, porque o número de locais afetados era tão grande que não conseguiam chegar a todos", destaca.

"Tudo desfeito" 
Ao menos 95 pessoas morreram após as inundações, que destruíram inúmeras infraestruturas, cortaram estradas e provocaram a suspensão de trens. Quase 155 mil pessoas permanecem sem energia nesta quarta-feira, segundo as autoridades.

Em La Alcudia, localidade de 13 mil habitantes a cerca de 40 quilômetros da cidade de Valência, caíram 150 mm de água por metro quadrado em poucas horas, provocando o transbordamento do rio Magro e arrastando dezenas de carros.

"A cidade está toda destruída", diz uma moradora, Eva Sanz, à televisão pública TVE, que confessou que os vizinhos estavam "com muito medo".

"O rio (transbordou) em três ou quatro minutos. Em muito pouco tempo todo o panorama mudou completamente", afirma.

Segundo o governo, que declarou três dias de luto nacional, mais de mil soldados foram destacados para a região, juntamente com cerca de 1.500 policiais, com a missão prioritária de encontrar as pessoas ainda desaparecidas.

A "situação climatológica fez com que as unidades de emergência e resgate não tenham conseguido chegar fisicamente a toda a zona afetada, tanto pela intensidade das chuvas como pelos desabamentos" nas estradas, admitiu o chefe dos bombeiros de Valência, José Miguel Basset, que estimou que cerca de 200 pessoas foram resgatadas durante a madrugada de terça para quarta-feira.

Veja também

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos
Ucrânia

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível
Gaza

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível

Newsletter